O som dos mosquitos parece uma orquestra de baixos. Eu olho de dentro do mosquiteiro, e sorrio por saber que eles estão do outro lado. Estou em Igarapé-Açu (PA), na casa de meus pais, e lembro que já havia esquecido o tanto de mosquitos (aqui conhecidos como carapanã) que rodeiam nossas orelhas.
Estou no terceiro dia de estadia aqui. Me sinto como estes mosquitos: andando em círculos, sem direção certa. Tento lembrar que estou de férias, mas ainda tenho a sensação de dever sobre alguma coisa. Talvez seja isso mesmo: nunca tiramos férias completamente quando vivemos num mundo tão cheio de complexidades. Sempre temos uma missão, um objetivo, um olhar sobre os problemas.
Enquanto assisto TV, lembro que esta pode ser uma boa oportunidade para eu olhar de novo minha história, e, quem sabe, compreender melhor meus desafios de hoje. Família, fé, respeito, dificuldades sociais, pobreza… tudo isso tem a ver não somente com convicções teológicas e sociais, mas também com minha própria história pessoal. Não é possível lutar contra a pobreza se você não sentiu alguma vez a dor de ser pobre. (não quero dizer que você precisa necessariamente ter sido pobre, mas que você deve ter sentido os efeitos da pobreza).
Os mosquitos me incomodam, confesso. Mas tristeza mesmo vem quando percebo o quanto impotente me sinto diante da realidade. A começar pelas relações humanas e familiares. Preciso aprofundar minhas convicções a ponto de lutar por elas. E sei que somente o Espírito Santo pode fazer esta revolução em mim.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *