Por Samara Monteiro de Andrade

O nascimento de Jesus era o cumprimento de promessas tão antigas quanto a própria humanidade. Ainda no jardim do Éden, Adão e Eva ouviram sobre a vinda do descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente. Depois deles, Abraão, Davi e todo o povo de Israel confiavam e aguardavam a chegada do Messias prometido. Por isso, fico surpresa quando vejo que, depois de todo esse tempo e expectativa, na noite em que Maria deu à luz havia muita coisa que parecia estar fora de lugar!

As contrações começaram enquanto a cidade de Belém ainda estava superlotada (será que dava para esperar mais uns dias?). A estrela surgiu antes que os magos descobrissem para qual cidade deveriam ir (será que eles deveriam ter estudado as profecias antes de iniciar a jornada?). Os anjos apareceram bem no meio do expediente dos pastores (será que não havia sacerdotes disponíveis para ouvi-los?).

A verdade é que nunca poderíamos nos preparar o suficiente para receber o próprio Deus entrando na História. Se não fosse a manjedoura, haveria algum berço digno de acolher o Verbo encarnado? Se não fosse a estrela, quando a sabedoria humana descobriria o caminho até Ele? Se não fossem os pastores, quem não temeria ao receber a visita dos anjos?

>> O Menino e o Reino <<

Neste natal, não me importo com as tantas coisas que ainda estão fora do lugar na minha vida. Quando Deus vem ao nosso encontro, nada pode ser mais importante que corresponder a essa dádiva com gratidão. Assim, mesmo tendo poucos recursos, quero entregá-los em adoração com a mesma liberalidade que os magos tiveram; mesmo sem entender por completo as grandes verdades teológicas, quero testemunhar com o mesmo júbilo dos pastores; mesmo tendo uma fé tão pequena, quero dizer como Maria: eis aqui a serva do Senhor, cumpra-se em mim a sua vontade.

• Samara Monteiro de Andrade, 31 anos, farmacêutica e servidora pública. Casada com Davi e mãe do Moisés e da Irene.

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