Débora Blair Marucci

Estas duas palavras sempre me chamaram a atenção: resiliência e integridade. Em minha infância e adolescência, quando eu as escutava, não entendia muito bem seus significados, mas de alguma forma eu sabia que eram fundamentos poderosos da vida.

Com o passar do tempo e a chegada da vida adulta, observando as dinâmicas das relações interpessoais, dos espaços comunitários, as responsabilidades, as batalhas do dia-a-dia, as diversas dimensões da existência… Acho que comecei a aprender um pouco sobre estes dois conceitos.

Segundo o dicionário Ferreira, resiliência é:

Característica dos corpos que, após sofrerem alguma deformação ou choque, voltam à sua forma original; elasticidade. Capacidade natural para se recuperar de uma situação adversa, problemática; superação.

Na prática, é muito comum acabarmos reduzindo esta palavra simplesmente a “capacidade de superação”. Ou seja, como se nós fôssemos apenas “sacos de pancadas” vivendo neste mundo infeliz cheio de sofrimento. Sim, é verdade que vivemos rodeados de dores e dissabores, e que levamos pancadas o tempo todo. Mas o que nós fazemos frente a todas as adversidades da vida? E, uma pergunta melhor ainda: quem nos tornamos frente a elas? Será que elas nos transformam para melhor ou para pior?

É neste ponto que trago uma reflexão sobre a segunda palavra: integridade. O teólogo, professor e escritor norte-americano Walter C. Wright diz que:

Nossos valores verdadeiros são refletidos em comportamentos e ações. O que nós realmente acreditamos sempre aparece em nossas ações. E é claro que integridade é sobre isso. Nós temos integridade quando nossos comportamentos estão alinhados com nossos valores. Tudo começa com caráter – quem nós somos – porque quem nós somos modela tudo que fazemos e todos que nós tocamos.

Diante do que foi dito até aqui, será que podemos relacionar os conceitos de “resiliência” e “integridade”? Acredito que sim, e explico o porquê. Conforme nos envolvemos nos “corres” do dia-a-dia, nós paralisamos, por vezes ficamos traumatizados, abatidos e até nos sentimos esmagados. Mas a resiliência, uma característica criada por Deus que é inerente ao ser humano, nos permite voltar à “forma original” que tínhamos antes da pancada.

Contudo, o fato da resiliência nos permitir “sacudir a poeira” e seguir em frente não significa que aquela experiência de sofrimento não nos causou nenhuma transformação. Pelo contrário, o sofrimento nos modifica muito. À medida que passamos pelas batalhas, elas nos ferem, tiram partes de nós e nos deixam outras partes como “herança” que antes não estavam lá.

A Resiliência nos permite continuar em frente mesmo com todas as modificações causadas pelas batalhas, e aqui entra a Integridade: ela garante que nossos valores e princípios não mudem. Enquanto a Resiliência cumpre seu papel em nos manter “elásticos”, a Integridade é responsável por nos manter com os pés firmados em chão seguro – pois não importa o quanto sejamos “esticados” pelo sofrimento da vida, sempre teremos nossos princípios e valores para nos puxar de volta para nossa essência.

É isso que Wright quis dizer na citação que mencionei: você será uma pessoa íntegra, ou seja, de caráter sólido, quando seu comportamento e ações andarem de acordo com seus princípios. Não importa o quanto o elástico da vida o impulsione em direções diferentes, você sempre voltará.

Jovens, a hora de construir nossa Integridade é agora. Analisemos nossas ações, reações, comportamentos e atitudes, e pensemos: qual é a Essência que tudo isso tem refletido? Quem é você no seu interior?

  • Débora Blair Marucci, 31 anos, mora em São Paulo e faz parte das equipes pastoral e de ensino da Igreja Metodista Livre da Saúde. Tem experiência profissional em turismo, ensino de línguas e terceiro setor (inclusão social de refugiados) e trabalha no Pacto Global da ONU Brasil. Cursou estudos orientais com foco no Islã no Seminário Teológico Servo de Cristo e estuda Resposta da Igreja à Crise Migratória no Fuller Theological Seminary.

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