Por Daniel Theodoro

O marido chega à mesa do café da manhã. Um corpo que apresenta os primeiros sinais de uma tímida velhice.

A esposa mexe a colher no bule para espalhar o açúcar. O ponto de doçura é atingido sem necessidade de experimentação. Trinta anos de casamento revelam o conhecimento exato das vontades da companhia.

Amor que nasceu ainda inseguro, maturidade que chegou. Hoje, dois filhos criados e o sonho de morar no interior.

Ela inicia o diálogo para afugentar o sono que persiste. Ele concorda enquanto leva a xícara de café à boca, em seguida: – Lembra do Edson? Se aposentou. Saiu de lá, está todo mundo parando.

Ela murmura um som de concordância: – Só você ainda não parou, diz.

– É. Não parei, segue ele, com um sorriso.

A breve recordação se inicia. O início da vida de casados, a chegada do primogênito, as horas extras na empresa, as horas na sala de aula, o retorno aos estudos, o segundo filho, as dívidas, a conclusão da faculdade, o carro velho, mais dívidas, a pós-graduação.

Hoje tudo parece menos amargo. São boas recordações.

– Os desafios nos fizeram grande, escapa uma frase da boca dele.

– Fizeram sim, responde ela.

Nunca me esquecerei desse café da manhã na companhia de meus pais.

  • Daniel Theodoro, 33 anos. Cristão “em reforma” e membro nascido na Igreja Presbiteriana Maranata de Santo André (SP). Casado com a Fernanda. Formado em Jornalismo e Letras.
  1. Daniel, que belo texto. Tão singelo e tão profundo. Fiquei emocionado. O nosso Deus está trabalhando em nós, para formar uma linda obra de arte de Sua graça. Aleluia!

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