“Pois me lançaste no profundo,

No coração dos mares,

E a corrente das águas me cercou;” (Jonas 1.17-2.3)

 

Quem tem medo de mergulhar na profundidade da vida? O profeta Jonas tinha, mas, no final das contas, acabou mergulhando assim mesmo. Engolido por um “grande peixe”, ele orou ao Senhor. Na angústia do confinamento, Jonas sentiu a dor da profundidade.

Sim, há dor na profundidade. Somos desafiados a abandonar as máscaras sociais, tirar as roupas que escondem nossos sentimentos e escolher a verdade. Nos vemos nus e vulneráveis. Como disse Ernest Hemingway, em “O Velho e o Mar”, mesmo as aves que voam e caçam, são “demasiado frágeis para o mar”.

Ao contrário do que podemos supor, no entanto, quando fazemos isso diante do trono da graça de Deus, o resultado não será frustração, cinismo ou revolta, mas a pura e simples oração. Como disse Eugene Peterson, “o caminho para nos transformarmos nas pessoas que fomos chamados para ser é a oração. E começamos a orar quando estamos no ventre do peixe”.

Creio que há uma grande tentação no contexto religioso atual. Nos engajamos com uma “cultura de espiritualidade”, sem aprendermos a orar. Porque orar é o ponto de partida para toda a espiritualidade. É na vulnerabilidade da oração que baixamos as armas e trilhamos um caminho humilde diante da grandiosidade do Criador. É orando que paramos de defender teorias e teologias para tão somente vivermos a Palavra, como uma criança vive uma aventura.

Porque orar é o ponto de partida para toda a espiritualidade.

Por vezes, penso que queremos uma religião simplesmente para obtermos outras armas de controle. Mas o Cristianismo é tudo, menos isso. Ao contrário, é despojar-se completamente de qualquer herança de poder para então deixar-se capacitar pelo poder que vem do Alto a fim de servi-lo. É confiar no poder da Graça, que age em tudo e em todos eternamente.

“Deus, minhas orações fluem do que não sou, supondo que Tuas respostas fazem de mim o que sou.” (George MacDonald)


Imagem: Pixabay

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *