Lá no início, Deus olhou para o futuro. Viu sofrimento, dor, vergonha, maldade. Consequências do nosso desvio. Nesse futuro, um conflito entre o Inimigo e uma mulher, uma mãe. Uma inimizade eterna e absoluta.

O contraste é gritante: de um lado, a força insuportável do Mal; de outro, a fragilidade aparente da Delicadeza. Duas personalidades, dois seres tão distantes um do outro quanto qualquer coisa, mas que irão encontrar-se para uma batalha (ou para inúmeras ao longo da história). Sob os limitantes olhos humanos, quem venceria?

O Natal não começa na visita do anjo à Maria. Tem início na mente de Deus, na Sua profecia de uma luta entre personificações, entre seres que representam o oposto de cada um.

Tal profecia diz muito sobre Deus.

Evidencia o quanto Ele é diferente do Mal e como e quem Ele escolhe para cumprir seus planos. Sua escolha não é baseada na força do mundo, mas sim no caráter de quem se dispõe a segui-lo.

A profecia mostra as intenções de Deus: de que o Mal é real e que ele precisa ser vencido, mesmo que haja sequelas na luta. Tal como Jacó ferido na coxa. Tal qual Jesus Cristo morto na cruz. Tal como milhões de cristãos martirizados por causa de sua fé, pessoas “de quem o mundo não é digno”.

Antes da alegria do Natal, há uma expectativa de luta, de dor, de feridas. Antes da surpresa do menino-Deus, há séculos de derrotas e vitórias, de perseverança e resiliência. Antes do sol nascer, há infindáveis noites à procura da estrela.

O Natal é mais do que o nascimento de Cristo. Ele é o cumprimento da profecia divina: “e o descendente ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar” (Gn 3.15).

O Natal é o nascimento que precede a morte. É o canto de alegria que antecipa as lágrimas de um sacrifício santo.

Por trás da Grande História do Natal, houve um pensamento majestoso, gestado nos recônditos da Trindade: a grandiosa jornada de salvação começa na guerra contra o Inimigo e contra nossa própria natureza.

Aos que decidem trilhar tal jornada, nada menos que coragem e esperança. Coragem para lutar. Esperança para crer que, no final, a morte será definitivamente derrotada (1 Co 15.55).

 

“Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar”. (Gênesis 3:15)

 

Nota:

Inicio hoje uma série de crônicas inspiradas nos relatos e histórias bíblicas do Natal. Acompanhe no blog!

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