Lembra
De todas as enchentes em que naufraguei,
é da força contrária à correnteza que me lembro.
De todas as pedras que me fizeram tropeçar,
é da harmonia retomada pelos passos que me lembro.
De todos os pecados que cometi,
é da jangada da graça que me lembro.
De todas as frustrações que senti,
é do gosto agridoce do amor que me lembro.
De todos os equívocos que causei,
é do novelo sendo desenrolado que me lembro.
De todas as traições que pratiquei,
é do suor na reconstrução que me lembro.
De todos os sonhos que não vivi,
é do arco-íris repentino que me lembro.
De todos as manhãs nubladas que me fizeram desacreditar,
é da ensolarada alvorada seguinte que lembro.
Não sou a queda no abismo.
Sou as mãos que me seguram.
Ivny
Bonito!