Semente e revelação
Joga a semente. Cai. O encontro com a terra promove um leve afundamento. Mas o trabalho apenas começou. Ainda há uma longa tentativa de transformar-se em árvore. Curioso imaginar que a coisa é a mesma, mas sua maturidade muda os símbolos. A semente evoca um determinado ícone; já a árvore move nosso imaginário para outro significado ou metáfora.
Mas, no final das contas, semente e árvore são da mesma natureza. A diferença está no tempo, no cultivo, na maturidade. Essência e amadurecimento se completam na principal tarefa da existência: criar raízes.
Quão inteligente foi Cristo ao captar a imagem do semeador e suas diversas situações de plantio (Lc 4.8-15). Para ser mais exato, quatro porções de sementes em quatro tipos diferentes de solo. Três tentativas fracassas e uma bem-sucedida.
A história da vida é o quanto a Revelação de Deus enraizou-se em nós. A vida não é tentativa e erro; é revelação e acolhimento. Não é toma lá, dá cá; é relacionamento, intimidade, cumplicidade.
Se religião é apenas seguir regras, que imaturidade! Se religião é solo para a semeadura que começa com a mão do semeador jogando o grão, que fascinante ela é!
Se o coração é morada, a Palavra se torna cada vez mais audível e faz do chão lugar para nascimento e frutificação. Se é simplesmente muro que separa, o Verbo não passa de eco incompreensível na melancólica confusão humana.
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