São tantas emoções, mas…
Ela chora. E, por isso, parece verdadeira. Seria cruel pensar o contrário.
Ele sorri, e logo deduzimos: “é um cara legal”. Como não?
Na ansiedade de vivermos experiências verdadeiras, nos rendemos ao padrão noveleiro das emoções extremas. A vida seria bem sem graça sem choro, sem sorrisos, sem reações impulsivas. Sim, caro guru, mas não confunda efeitos com a dose do remédio. Seria exagero dizer que nos escondemos na aura das emoções (que deveriam ser a expressão da verdade que há em nós)?
Sou brasileiro, falo muito e alto, sorrio. Gosto de abraçar e tocar nas pessoas, enquanto converso. Isso faz parte de minha cultura e de meu perfil pessoal. Mas não sou o que sinto. Seria supervalorizar os sentimentos e emoções. Dentro de mim, há “noites escuras da alma” que dificilmente serão percebidas. Há frustração, mesmo quando conto uma piada. Há raiva quando insisto em permanecer em silêncio. É meu jeito de não permitir que os erros extravasem por meio do que sinto. Não, não sou menos verdadeiro por causa disso. Ao contrário, sei quem sou e que mecanismos uso para fugir dos outros.
A propósito, as igrejas não estariam caindo neste mesmo erro? Não estariam supervalorizando as emoções, e dando a elas um status de evidência que não explica a realidade?
Não defendo rabugentos nem mal-educados. Mas também não quero endeusar sorrisos superficiais e lágrimas de crocodilo.
“A boca fala do que está cheio o coração” (Lc 6.45)