Sobre pássaros. Sobre nós mesmos
Pássaro no ar. Voo altaneiro, asas em movimento. Incrivelmente sincronizado, belo.
Outros pássaros se juntam e fazem do céu uma grande jornada.
Pessoas caminham e não se olham. Ou são apenas olhares de lascívia para corpos bonitos. Ou são olhares miseráveis para si mesmos, enquanto enxergam superficialmente a multidão.
O que nos fez tão sozinhos? Quem nos cortou as asas?
Somos filhos da multidão e tentamos descobrir quem somos.
Tentamos:
Dialogamos e namoramos pela internet. Sorrimos nas festas. Compartilhamos loucuras. Visitamos a família nas férias ou no feriado. Mas não voamos. Nossos pés não saem do chão, e nos angustiamos com uma vida alegre, mas miserável.
Pássaros que voam são belas metáforas para a vida em comunidade. Voam com o cheiro da liberdade, mas nunca sem duas asas. Em viagens longas, contam com imprescindíveis companheiros, que lhe ajudam a enfrentar os ventos e a definir o norte.
Não há festa sem perdão. Não há saudade sem amor. Não há fé sem comunhão. Não há esperança sem gente com quem sonhar. Não há liberdade sem o encontro com quem nos liberta do egoísmo. Não enxergamos a realidade sem o olhar do outro sobre nós mesmos.
Não há criatura sem o Criador. Do contrário, somos apenas seres idiotas, sozinhos e sem sentido que nasceram por acaso e que vão morrer por acaso. E nunca aprenderemos a viver.
Aprendamos a voar.
Marília
Que texto legal! Eu consigo me enxergar nas suas palavras. Também estava pensando esses dias sobre os olhares das pessoas. Às vezes precisa-se tanto de um olhar que nos indique ou afirme algo. E na maioria das vezes os olhares são maliciosos ou egoístas, como você falou.
Eu sempre fico agoniada quando vou pra São Paulo porque as pessoas não se olham. E na minha cidade não é assim. Apesar de quase nunca encontrarmos um olhar que nos indique ou afirme algo.
lala Bittencourt
Pura verdade. gostei mt..