Não subestime a maldade
Fomos surpreendidos na quinta-feira (7/04) com a tragédia na escola Tasso da Silveira, em Realengo (RJ). Um jovem de 23 anos entrou no colégio, atirou insanamente e matou mais de 10 adolescentes (entre 12 e 15 anos). Juntamos nossas lágrimas às dos familiares das vítimas e, em silêncio, oramos por eles.
No fundo, porém, nos perguntamos: o que mais nos choca: a morte de inocentes ou a capacidade humana de cometer tamanha maldade? John Stott já disse que o ser humano é “um paradoxo entre glória e vergonha”. Somos capazes de grandes feitos, mas também das ações mais desprezíveis.
Nossos primeiros e justos sentimentos são de compaixão pelos que sofrem, mas, com o tempo, não devemos esquecer: o ser humano é capaz sim de fazer isso. A maldade não é uma metáfora; ela é real, e não deve ser subestimada. Ela estava não somente no coração daquele rapaz, mas também está na ganância dos empresários das armas de fogo (somos o 3º maior exportador delas), na desonestidade da polícia corrupta, na inércia do Governo e na indiferença da sociedade (inclusive, infelizmente, de muitas igrejas cristãs).
A Bíblia não se constrange em afirmar que a maldade existe. Em sua longa narrativa da história da humanidade, o sofrimento, a perversidade e a injustiça fazem parte do enredo. No entanto, a presença teimosa de um Deus santo em meio a tudo isso, é intrigante. Ele que houve o clamor do que sofre, que pune a perversidade e que promete limpar toda a injustiça no Dia do Juízo. A maior prova da ação divina é a vinda de Cristo, que enfrentou e venceu na cruz esta mesma força perversa. A libertação total da presença da maldade, porém, ainda está em curso, e Deus nos chama para combatê-la com as armas certas (Ef 6.10-19). A luta é necessária, e temos o consolo da companhia firme e poderosa do Santo Deus conosco: “não rogo que os tires do mundo, mas que os proteja do Maligno” (Jo 17.15).
Daniela Xavier
A gente realmente subestima essa maligna capacidade para o mal que temos em uma natureza pecaminosa. O rapaz é uma caricatura da nossa condição sem Cristo. Mas, o que me assusta nessa história toda, além da tragédia em si (claro), é que nossa geração ainda brinca com o Bullying. Parece que é “apenas” uma brincadeira de mal gosto. Toleramos ainda coisas assim, toleramos abusos sociais e as escolas são um campo de guerra emocional para muitos rapazes, moças e crianças no geral. Tá aí o resultado! Nem todas as vítimas saem descarregando revolveres, mas precisamos ser mais atentos a essa questão! Nossa estrutura emocional é frágil e necessita não somente da Graça do Pai, mas do respeito dos ‘irmãos’.
Lissânder Dias
Tem razão, Daniela. Uma expressão da maldade presente nas escolas e entre crianças e adolescentes, que consolida o estado de violência e opressão. Precisamos descobrir como a Igreja deve intervir significativamente neste contexto.
Obrigado pelo comentário.