Dialogar é relacionar-se
A afirmação parece óbvia, mas a redundância é necessária. É impossível desenvolver um diálogo com o vazio. Mesmo os diálogos imaginários só existem porque imaginamos um “outro” com quem conversar. A existência da outridade, portanto, é fundamental.
A proposta de dialogar é mais do que apresentar ideias. É também abrir-se para o relacionamento. Cada palavra dita ou escrita é como um pingo d’água caindo no mar. No momento em que toca a superfície líquida promove pequenas ondas que se espalham cada vez mais. Assim deveria ser: nossas palavras como oportunidades para que haja movimentos, e mais diálogos e mais relacionamentos; não relações utilitaristas e superficiais, mas sim compartilhamentos, descobertas, aprendizados e (por que não?) confissões. Onde isso vai parar? Não dá para saber. A caminhada cristã é feita de convicções, mas também de mistérios. E é a fé de que o Senhor nos conduz que nos dá a liberdade para caminhar.
Os diálogos mais construtivos são forjados na complexidade das relações, onde nem sempre há linearidade, e nem tudo é óbvio. As surpresas fazem parte do ato de dialogar. E quando aceitamos isso, nos humanizamos, porque nos reconhecemos no outro.
Dialogar também nos estimula a pensar melhor – uma maneira interessante de buscar a verdade. De certa forma, somos completados em nossa singularidade pela singularidade do outro. Abrimos as comportas da alma para o fluxo da comunhão e somos banhados por experiências comunitárias que enriquecem nossa maneira de viver – o que não seria possível de outra forma.
Dialogar é relacionar-se. E relacionar-se é ouvir, falar, estar, ser, fazer… e muito mais. No momento em que decidimos dialogar, decidimos viver mais. E tudo isso é dom de Deus.
silva
deve ser esse