As batalhas da vida
Domingo fui testemunha de um marco histórico em Caeté (MG): seu Raimundo e dona Dulce completaram 50 anos de casamento. Eu os havia conhecido no dia anterior. Sorrindo, ele não descartou as dificuldades da convivência a dois. Fico imaginando quantas lutas este casal não enfrentou durante 5 décadas para sustentar a família e manter o relacionamento conjugal!
Neste natal, reunimos integrantes de nossas famílias (a minha e a da minha esposa). Foi um tempo abençoado, de alegria. Mas não pude deixar de perceber o esforço geral para não sucumbirmos aos pontos de tensão existentes. Foi preciso muita oração e paciência para mantermos a comunhão.
Nestes últimos dias, tem chovido constantemente em Minas. As manchetes de jornal contam o drama de quem mora em áreas de risco e sofre com o prejuízo dos alagamentos. Enquanto isso, vemos a luta dos ambientalistas para salvar o planeta.
Na segunda-feira, visitei uma igreja batista em Sabará (MG). Pude ver o esforço do pastor local para mobilizar igrejas e governantes, desenvolver projetos de responsabilidade social, e pregar o Evangelho de Cristo.
Estes são alguns exemplos (entre milhões) de que a vida é realmente uma batalha. Todos os dias. Talvez seja por isso que precisamos de uma linha imaginária do início e do fim de um tempo que nos ajude a respirar um pouco, a descansarmos da caminhada. Findamos 2009, começamos 2010, com o sentimento de que algo novo está por vir.
Enquanto leio o livro Surpreendido pela Esperança (N. T. Wright), me dou conta de que o futuro que nos espera será fundamentalmente uma redenção de todo o esforço gasto nas batalhas da vida presente. De todas elas, das menores às maiores, das cotidianas às cósmicas. Segundo o autor, seremos uma nova criação, já antecipada pela ressurreição de Cristo:
“A ressurreição não é um evento absurdo, mas o símbolo e o ponto de partida para o novo mundo. A proposta oferecida pelo cristianismo possui essa magnitude: Jesus de Nazaré não é simplesmente uma nova religião, ou uma nova ética, ou um novo caminho de salvação. Trata-se de uma nova criação”. (p. 82, 83)
Sinceramente, acredito muito nisso. Não espero o céu como escapismo (apesar de saber que, segundo Jesus, ainda teremos muitas dores), mas aguardo confiantemente o próximo evento decisivo de Cristo: sua segunda vinda para tornar novas todas as coisas. E esta renovação santa e definitiva dará o sentido pleno a tudo que fazemos hoje em favor do reino de Deus. Cada ato, cada sentimento, cada convicção, cada atitude de entrega, cada batalha. Tudo isso será visto em sua plenitude, sem a presença do pecado.
Minha oração para 2010 é que a esperança cristã, de fato, nos surpreenda e lance luz às batalhas da vida hoje.
Tábata Mori
Começou o ano inspirado Lili… inperado pela esperança!Muito bom!
Wilde
Prezado irmão e amigo Lissander,Desculpe, mas vou ser um pouco mais longo no comentário. Talvez não fosse aqui o local mais apropriado, mas vai.Me lembrei hoje de outra mensagem que guardei, entre tantos clichês ou sinceros desejos de boas festas trocados no mês passado. Em uma frase de toda a mensagem, especificamente, o autor dizia que "doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação, e tudo começa outra vez". Trata-se de uma mensagem de Drummond que, em todo o conteúdo transmitido a mim, dizia: "Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão pra qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante, vai ser diferente."Talvez você já a conheça. Se não, pode ser proveitosa a reflexão.Me lembrei disso enquanto você falava na igreja, e fazia uma analogia interessante, vinda de Caeté, entre uma imagem da crucificação de Cristo e um por do sol (que prediz o seu renascimento doze horas depois… E há, ainda, analogia entre essas doze horas e doze meses de um ano). Transcrevo , também, a continuação de um trecho lido de 1 Cor. 15, no vs 19 que diz: "Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens."O Cristo que morreu, ressuscitou. E ao acreditarmos nisso, recebemos a esperança de renovação de todo o desgaste desta vida, que já nasceu desgastada. Morreremos e ressuscitaremos para nova vida. Assim como o sol se põe e logo nasce em outro dia novinho! Assim como a terra gira em torno do sol, refaz frio e calor na natureza, e forma anos novinhos de renovação. A cada novo dia e novo ano, Deus anuncia a sua obra para a humanidade.