Em tão breve viagem de metrô
Eu, sentado na poltrona de um metrô de São Paulo. 10h00. Manhã de hoje. Absorvo os rostos e jeitos dos passageiros. As rugas e as varizes da senhora me chamam a atenção. Como era seu rosto há 20 anos? Ela tem uma beleza perdida. Será que ainda lembra do tempo de jovem menina? O quanto das marcas do sofrimento lhe diminuiram a esperança?
Do outro lado, um rapaz mexendo repetidamente os dedos. Só então percebo o quanto os sons e os movimentos desta viagem são irritantemente repetitivos. A ânsia por algo novo me incomoda.
A moça que fala ao telefone parece sentir-se única em meio a tanta gente. Sua vida está contida no diálogo com uma pessoa invisível do outro lado da linha.
Pergunto-me em pensamento: este sou eu ou é o outro de mim? Este outro seria o verdadeiro, ainda que em transformação pela graça? Ou seria ele o falso, que teima em impedir a renovação genuína?
Que conflito! Que complexidade! E em tão breve viagem de metrô…
nayara Karoline Almeida
Amei esta crônica. Muito interessante.
Ellen
Lindas as suas crônicas. Estou tentando fazer uma, mas não tenho nenhuma criatividade.
Marília
Sempre fiquei preocupada com as pessoas no metrô de São Paulo. Acho tudo tão mecânico e sem reflexão.
É bom saber que tem alguém ou alguns que aproveitam a agitação e correria dessa cidade pra refletir.