Diálogo imaginário nº 1
Seus pensamentos modificavam-se hora após hora. A viagem incomodava. Dava para perceber. Nos olhos, uma sensação límpida de que não sabia a resposta da minha pergunta. Ele era apenas um jovem estudante. Por que teria que responder? Eu, mais velho, queria testá-lo, mas não imaginava o que viria. Quando veio, quase que me arrependi de ter subestimado sua inteligência.
– Você acredita em Deus?, perguntei.
Não me acanhei em questionar. Isso porque para mim a pergunta era uma maneira de revelar minha superioridade.
Ele, quase gaguejando, soprou uma palavra como se fosse “coração”. Dois segundos depois, meu cérebro conseguiu me comunicar que, na verdade, o jovem garoto havia respondido:
– Em você, não.
Ricardo Wesley M. Borges
Muito boa!!Eu também não acredito… em você. AhahaBeleza, Abraço!
Tábata Mori
Chefinho… Sorry!Eu também não acredito em você!Eu não posso acreditar em alguém que erra a data de voltar de férias e chega dois dias antes!!
Comentador
Muito bom, claríssimo. Nossa como vc consegue ser tão claro assim. Realmente tal clareza o coloca no lugar mais alto dos bons textos. Vc me faz lembrar uma expressão de Paulo Francis quando ele diz que tem autores que só no nascer já despontam para o anonimato. E veja que vc não é um caso raro. Ao contrário. É o lugar comum puro da “inteligência” brasileira.