Opinião
- 20 de julho de 2018
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Pornografia no bolso – 24 horas por dia, 7 dias por semana
Por Elsie Gilbert
Pais estão perdendo o sono, preocupados com as facilidades de exposição de seus filhos à pornografia. Recentemente um garoto de 10 anos, de família comprometida com o Evangelho abriu-se com os pais chorando porque se sentia excluído da turma de amigos, pois ele e mais um colega eram os únicos que não acessavam sites pornográficos. De que forma os pais podem ajudar seus filhos a se protegerem da pornografia? É privilégio e também responsabilidade dos pais darem os primeiros esclarecimentos nesta área aos seus filhos.
Depois de traçar paralelos entre ontem e hoje, Elsie Cunha Gilbert fala sobre o papel dos pais e dá alguns conselhos. Confira:
Naquele tempo… O consumidor de pornografia nos anos 80 e 90 tinha de buscar intencionalmente o acesso aos conteúdos eróticos. Procurava em revistas ou vídeos cassete que mais tarde se transformaram em DVDs. Por estes métodos, para acessar e consumir tais conteúdos era necessário ter um aparelho de vídeo, um ambiente específico (sala ou quarto) e um tempo específico (preferencialmente sozinho). A comercialização destes materiais era vedada a crianças e, portanto, crianças e adolescentes chegavam a conteúdos pornográficos ou porque algum adulto os supria ou pelo compartilhamento entre pares. Com o advento da TV a cabo e internet, a oferta foi se diversificando. Os computadores instalados nos domicílios e ambientes de trabalho se tornaram novas portas de entrada. A forma de minimizar a oferta era por meio da instalação de programas bloqueadores de sites com conteúdo indesejado.
Hoje… Toda criança, adolescente, jovem ou adulto que carrega consigo um celular conectado à internet tem à sua disposição a porta de entrada para um universo dinâmico, incrivelmente diversificado e agressivo de conteúdos pornográficos. Não é só a quantidade que impressiona. A variedade também faz parte integral deste submundo. Toda e qualquer imagem passível de excitar um ser humano é explorada comercialmente pelos operadores do comercio sexual: tudo o que é esquisito e fora da caixa passa a ser válido porque é novidade. Imperceptivelmente, a pessoa se vê consumindo imagens de sexo com animais, sexo com crianças, sexo com violência, sexo em grupo, como se tudo fosse muito normal. Os programas anti-pornografia existem, mas ainda são de difícil instalação e manuseio, especialmente para celulares.
Naquele tempo… Os efeitos da pornografia sempre se deram numa via de mão dupla. Isto acontece até hoje. De um lado estão os produtores e as condições sub-humanas a que são submetidas pessoas para este fim. A exploração sexual para fins comerciais sempre foi uma realidade perversa e repugnante nas nossas sociedades. Do outro lado estão os consumidores. Há três décadas, estes consumidores, movidos pelas normas morais e de demanda, se viam obrigados a ter um consumo limitado. A pornografia levou jovens a se masturbar de maneira compulsiva, maridos a desrespeitar suas esposas de forma rude e aviltante, e feriu crianças com conteúdo violento para suas mentes em desenvolvimento. Mas, considerando os números atuais, o vício da pornografia — compulsão capaz de modificar o funcionamento do cérebro e causar transtornos existenciais profundos — era algo raro.
Hoje… O que nós, pais, demoramos a perceber é que os efeitos do consumo de pornografia hoje são muito mais graves do que o que ocorria há duas décadas. Isto se dá por duas razões: quantidade associada à variedade. Experimentos em laboratório comprovam que existe entre nós, mamíferos, um efeito conhecido como efeito coolage. Um macho copulará com uma única fêmea e esfriará a sua excitabilidade voltando à normalidade mesmo na presença daquela fêmea. Haverá um período de descanso e mais tarde o macho novamente se interessará, reiniciando a atividade sexual. Mas, se esta fêmea for trocada por outra, e depois outra, e outra, o macho poderá copular até chegar à completa exaustão em um curto espaço de tempo. O que gera este efeito é a novidade. Estímulo novo, nova reação neurológica que se esvai quando aquele estímulo passa a ser esperado. Com o advento do streaming no qual um vídeo se segue a outro automaticamente, a variedade se tornou a norma. E a possibilidade de desidratação e exaustão biológica por abuso dos mecanismos de excitação e liberação de tensões sexuais se tornou uma realidade. Estamos hoje diante de mais uma “substância química” capaz de causar dependência em nossos filhos: os hormônios sexuais.
Outro efeito grave, associado ao uso da pornografia: o sexo entre um homem e uma mulher, pode literalmente perder a graça. Gary Wilson1, autor do livro Your Brain on Porn, fez uma pesquisa online buscando pessoas que, diante dos efeitos negativos do uso da pornografia, procuravam ajuda. Em quatro fóruns, ele contabilizou 166.000 membros cujo intuito era parar de usar pornografia. Apenas 7% destes buscavam ajuda por motivos religiosos. A maioria queria parar por terem desenvolvido disfunção erétil e, não poucos, total falta de interesse por relações sexuais não virtuais. O mesmo autor descobriu na China um fórum com 800.000 membros. Veja como um jovem descreveu seu estado:
- Comecei a me afastar dos amigos para ficar no meu quarto sozinho.
- Minha família me amava incondicionalmente, mas não tinha a minha presença.
- Era difícil para mim me concentrar no trabalho e também nas minhas aulas na faculdade.
- Não tinha namorada.
- Ansiedade enorme com qualquer interação com outras pessoas.
- Malhava furiosamente, mas não conseguia ganhar massa muscular.
- Todos diziam que eu não estava presente.
- Nenhuma energia. Podia dormir o quanto quisesse, estava sempre cansado, pálido, desidratado.
- Muito deprimido.
- Disfunção erétil induzida pelo autoconsumo de pornografia.
- Vivia estressado, ansioso, confuso e perdido.
E um terceiro efeito, também ligado à associação entre quantidade e variedade, é que as preferências de gêneros pornográficos passam a criar uma dissonância entre o que uma pessoa consome e a sua “identidade sexual”. Se eu consumo pornografia com crianças, eu sou um pedófilo? E se ver cenas de sexo e violência me excita, eu sou um pervertido? Se eu vejo pornografia gay, isto faz de mim um homossexual? E assim por diante. É fácil perceber como estes são obstáculos totalmente desnecessários na formação de uma sexualidade sadia de nossos filhos.
Ser pai, ser mãe naquele tempo… Algumas regras orientavam a maioria dos pais dos anos 80. Os pais monitoravam as amizades de seus filhos, fiscalizavam suas saídas e locais que frequentavam, vigiavam o que os filhos traziam para dentro de casa e, nos ambientes mais conservadores, controlavam o uso da televisão e vídeos. Sendo assim, a regra para proteger o seu filho era: não deixar o ladrão entrar. Esta estratégia exigia vigilância por parte do pai ou mãe e a obediência dos filhos aos limites estabelecidos pelos pais.
Ser pai, ser mãe hoje... A estratégia descrita acima não funciona mais! Isto por uma razão muito simples: o ladrão já está dentro. Há hoje no Brasil 220 milhões de smartphones ativos.2 A maioria absoluta das crianças da classe média brasileira possui um celular devidamente conectado à internet. Segundo o pesquisador Simon Lajeunesse, da Université de Montreal, a maioria dos meninos passa a se interessar por pornografia a partir dos 10 anos e muitos deles a procuram e compartilham. O mundo produtor de pornografia deseja fazer do pré-adolescente um consumidor rentável no futuro e está disposto a investir no presente. A pornografia chegará ao celular por vários canais, sendo que o mais pernicioso destes são os grupos de WhatsApp. E, para complicar ainda mais a situação, a maioria de nós não sabe como bloquear conteúdos indesejados em cada um dos aplicativos instalados nos nossos aparelhos. Algumas ideias de pessoas que se debruçaram sobre o tema3:
1. Postergar, o máximo possível, a entrega de um smartphone nas mãos de uma criança. Estudos recentes sobre o tema não nos dão uma idade certa, mas apontam vários problemas relativos ao uso de celulares por crianças. Jesse Weinberger, no seu livro The Boogeyman Exists: And He’s in Your Child’s Back Pocket, relata seus achados após entrevistar 70.000 crianças por 18 meses. Ela descobriu que, em média, sexting (mensagens de texto com conteúdo sensualizado ou erótico) começa no sexto ano, consumo de pornografia começa quando as crianças completam oito anos de idade e o vício da pornografia aos 11. Isto, nos Estados Unidos. Seguir o exemplo de Bill Gates que só deu um smartphone para seu filho quando este completou 14 anos, talvez não seja uma má ideia. Uma das regras sugeridas: esperar até que o adolescente entre no ensino médio e depois que já tenha aprendido a exercer autocontrole e o valor da comunicação face a face.
2. Conscientizar a criança sobre o uso da tecnologia e seus perigos. A psiquiatra Alícia Casas, criadora do Claves, uma metodologia de prevenção à violência sexual contra crianças, acredita que vivemos num tempo em que proibições são pouco eficazes. Os limites precisam ser estabelecidos com a criança e o adolescente. Conscientizar de que aquele limite representa cuidado pessoal é de suma importância, tão importante quanto ensinar ao invés de proibir a travessia na faixa de pedestre em uma avenida movimentada.
Notas:
1. Sobre as fontes para este artigo: as informações contidas aqui foram extraídas do livro Your Brain on Porn: Internet Pornography and the Emerging Science of Addiction escrito por Gary Wilson, especialista na neurobiologia da adição. A sua palestra sobre os aspectos neurobiológicos do vício da pornografia no TED’s Talk foi visto até hoje por quase 10 milhões de pessoas.
2. Informações sobre números de usuários de celulares no Brasil: reportagem publicada no Estadão em abril de 2018. “Brasil já tem mais de um smartphone ativo por habitantes, diz estudo da FGV”.
3. Informações sobre o que os especialistas sugerem: artigo publicado no New York Times. “What’s the right age to give a child a smartphone”.
• Elsie Gilbert é jornalista e editora do blog da Rede Mãos Dadas.
Leia mais
» Pornografia – a oferta que não cumpre o que promete
Pais estão perdendo o sono, preocupados com as facilidades de exposição de seus filhos à pornografia. Recentemente um garoto de 10 anos, de família comprometida com o Evangelho abriu-se com os pais chorando porque se sentia excluído da turma de amigos, pois ele e mais um colega eram os únicos que não acessavam sites pornográficos. De que forma os pais podem ajudar seus filhos a se protegerem da pornografia? É privilégio e também responsabilidade dos pais darem os primeiros esclarecimentos nesta área aos seus filhos.
Depois de traçar paralelos entre ontem e hoje, Elsie Cunha Gilbert fala sobre o papel dos pais e dá alguns conselhos. Confira:
Naquele tempo… O consumidor de pornografia nos anos 80 e 90 tinha de buscar intencionalmente o acesso aos conteúdos eróticos. Procurava em revistas ou vídeos cassete que mais tarde se transformaram em DVDs. Por estes métodos, para acessar e consumir tais conteúdos era necessário ter um aparelho de vídeo, um ambiente específico (sala ou quarto) e um tempo específico (preferencialmente sozinho). A comercialização destes materiais era vedada a crianças e, portanto, crianças e adolescentes chegavam a conteúdos pornográficos ou porque algum adulto os supria ou pelo compartilhamento entre pares. Com o advento da TV a cabo e internet, a oferta foi se diversificando. Os computadores instalados nos domicílios e ambientes de trabalho se tornaram novas portas de entrada. A forma de minimizar a oferta era por meio da instalação de programas bloqueadores de sites com conteúdo indesejado.
Hoje… Toda criança, adolescente, jovem ou adulto que carrega consigo um celular conectado à internet tem à sua disposição a porta de entrada para um universo dinâmico, incrivelmente diversificado e agressivo de conteúdos pornográficos. Não é só a quantidade que impressiona. A variedade também faz parte integral deste submundo. Toda e qualquer imagem passível de excitar um ser humano é explorada comercialmente pelos operadores do comercio sexual: tudo o que é esquisito e fora da caixa passa a ser válido porque é novidade. Imperceptivelmente, a pessoa se vê consumindo imagens de sexo com animais, sexo com crianças, sexo com violência, sexo em grupo, como se tudo fosse muito normal. Os programas anti-pornografia existem, mas ainda são de difícil instalação e manuseio, especialmente para celulares.
Naquele tempo… Os efeitos da pornografia sempre se deram numa via de mão dupla. Isto acontece até hoje. De um lado estão os produtores e as condições sub-humanas a que são submetidas pessoas para este fim. A exploração sexual para fins comerciais sempre foi uma realidade perversa e repugnante nas nossas sociedades. Do outro lado estão os consumidores. Há três décadas, estes consumidores, movidos pelas normas morais e de demanda, se viam obrigados a ter um consumo limitado. A pornografia levou jovens a se masturbar de maneira compulsiva, maridos a desrespeitar suas esposas de forma rude e aviltante, e feriu crianças com conteúdo violento para suas mentes em desenvolvimento. Mas, considerando os números atuais, o vício da pornografia — compulsão capaz de modificar o funcionamento do cérebro e causar transtornos existenciais profundos — era algo raro.
Hoje… O que nós, pais, demoramos a perceber é que os efeitos do consumo de pornografia hoje são muito mais graves do que o que ocorria há duas décadas. Isto se dá por duas razões: quantidade associada à variedade. Experimentos em laboratório comprovam que existe entre nós, mamíferos, um efeito conhecido como efeito coolage. Um macho copulará com uma única fêmea e esfriará a sua excitabilidade voltando à normalidade mesmo na presença daquela fêmea. Haverá um período de descanso e mais tarde o macho novamente se interessará, reiniciando a atividade sexual. Mas, se esta fêmea for trocada por outra, e depois outra, e outra, o macho poderá copular até chegar à completa exaustão em um curto espaço de tempo. O que gera este efeito é a novidade. Estímulo novo, nova reação neurológica que se esvai quando aquele estímulo passa a ser esperado. Com o advento do streaming no qual um vídeo se segue a outro automaticamente, a variedade se tornou a norma. E a possibilidade de desidratação e exaustão biológica por abuso dos mecanismos de excitação e liberação de tensões sexuais se tornou uma realidade. Estamos hoje diante de mais uma “substância química” capaz de causar dependência em nossos filhos: os hormônios sexuais.
Outro efeito grave, associado ao uso da pornografia: o sexo entre um homem e uma mulher, pode literalmente perder a graça. Gary Wilson1, autor do livro Your Brain on Porn, fez uma pesquisa online buscando pessoas que, diante dos efeitos negativos do uso da pornografia, procuravam ajuda. Em quatro fóruns, ele contabilizou 166.000 membros cujo intuito era parar de usar pornografia. Apenas 7% destes buscavam ajuda por motivos religiosos. A maioria queria parar por terem desenvolvido disfunção erétil e, não poucos, total falta de interesse por relações sexuais não virtuais. O mesmo autor descobriu na China um fórum com 800.000 membros. Veja como um jovem descreveu seu estado:
- Comecei a me afastar dos amigos para ficar no meu quarto sozinho.
- Minha família me amava incondicionalmente, mas não tinha a minha presença.
- Era difícil para mim me concentrar no trabalho e também nas minhas aulas na faculdade.
- Não tinha namorada.
- Ansiedade enorme com qualquer interação com outras pessoas.
- Malhava furiosamente, mas não conseguia ganhar massa muscular.
- Todos diziam que eu não estava presente.
- Nenhuma energia. Podia dormir o quanto quisesse, estava sempre cansado, pálido, desidratado.
- Muito deprimido.
- Disfunção erétil induzida pelo autoconsumo de pornografia.
- Vivia estressado, ansioso, confuso e perdido.
E um terceiro efeito, também ligado à associação entre quantidade e variedade, é que as preferências de gêneros pornográficos passam a criar uma dissonância entre o que uma pessoa consome e a sua “identidade sexual”. Se eu consumo pornografia com crianças, eu sou um pedófilo? E se ver cenas de sexo e violência me excita, eu sou um pervertido? Se eu vejo pornografia gay, isto faz de mim um homossexual? E assim por diante. É fácil perceber como estes são obstáculos totalmente desnecessários na formação de uma sexualidade sadia de nossos filhos.
Ser pai, ser mãe naquele tempo… Algumas regras orientavam a maioria dos pais dos anos 80. Os pais monitoravam as amizades de seus filhos, fiscalizavam suas saídas e locais que frequentavam, vigiavam o que os filhos traziam para dentro de casa e, nos ambientes mais conservadores, controlavam o uso da televisão e vídeos. Sendo assim, a regra para proteger o seu filho era: não deixar o ladrão entrar. Esta estratégia exigia vigilância por parte do pai ou mãe e a obediência dos filhos aos limites estabelecidos pelos pais.
Ser pai, ser mãe hoje... A estratégia descrita acima não funciona mais! Isto por uma razão muito simples: o ladrão já está dentro. Há hoje no Brasil 220 milhões de smartphones ativos.2 A maioria absoluta das crianças da classe média brasileira possui um celular devidamente conectado à internet. Segundo o pesquisador Simon Lajeunesse, da Université de Montreal, a maioria dos meninos passa a se interessar por pornografia a partir dos 10 anos e muitos deles a procuram e compartilham. O mundo produtor de pornografia deseja fazer do pré-adolescente um consumidor rentável no futuro e está disposto a investir no presente. A pornografia chegará ao celular por vários canais, sendo que o mais pernicioso destes são os grupos de WhatsApp. E, para complicar ainda mais a situação, a maioria de nós não sabe como bloquear conteúdos indesejados em cada um dos aplicativos instalados nos nossos aparelhos. Algumas ideias de pessoas que se debruçaram sobre o tema3:
1. Postergar, o máximo possível, a entrega de um smartphone nas mãos de uma criança. Estudos recentes sobre o tema não nos dão uma idade certa, mas apontam vários problemas relativos ao uso de celulares por crianças. Jesse Weinberger, no seu livro The Boogeyman Exists: And He’s in Your Child’s Back Pocket, relata seus achados após entrevistar 70.000 crianças por 18 meses. Ela descobriu que, em média, sexting (mensagens de texto com conteúdo sensualizado ou erótico) começa no sexto ano, consumo de pornografia começa quando as crianças completam oito anos de idade e o vício da pornografia aos 11. Isto, nos Estados Unidos. Seguir o exemplo de Bill Gates que só deu um smartphone para seu filho quando este completou 14 anos, talvez não seja uma má ideia. Uma das regras sugeridas: esperar até que o adolescente entre no ensino médio e depois que já tenha aprendido a exercer autocontrole e o valor da comunicação face a face.
2. Conscientizar a criança sobre o uso da tecnologia e seus perigos. A psiquiatra Alícia Casas, criadora do Claves, uma metodologia de prevenção à violência sexual contra crianças, acredita que vivemos num tempo em que proibições são pouco eficazes. Os limites precisam ser estabelecidos com a criança e o adolescente. Conscientizar de que aquele limite representa cuidado pessoal é de suma importância, tão importante quanto ensinar ao invés de proibir a travessia na faixa de pedestre em uma avenida movimentada.
Notas:
1. Sobre as fontes para este artigo: as informações contidas aqui foram extraídas do livro Your Brain on Porn: Internet Pornography and the Emerging Science of Addiction escrito por Gary Wilson, especialista na neurobiologia da adição. A sua palestra sobre os aspectos neurobiológicos do vício da pornografia no TED’s Talk foi visto até hoje por quase 10 milhões de pessoas.
2. Informações sobre números de usuários de celulares no Brasil: reportagem publicada no Estadão em abril de 2018. “Brasil já tem mais de um smartphone ativo por habitantes, diz estudo da FGV”.
3. Informações sobre o que os especialistas sugerem: artigo publicado no New York Times. “What’s the right age to give a child a smartphone”.
• Elsie Gilbert é jornalista e editora do blog da Rede Mãos Dadas.
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Ricardo Barbosa