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- 22 de fevereiro de 2019
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Eu não sei como poderia estar mais feliz por ser um artista
Hyatt Moore | Entrevista
Há mais de 20 anos, depois de receber o livro In The Imagem of God – Faces and souls that reflect their Creator, da Wycliffe, o pastor Elben César, fundador da Ultimato, encantado com a beleza das pinturas, pediu ao amigo James Wilson autorização para usar as imagens para ilustrar artigos da revista (o que aconteceu inúmeras vezes!).
Há mais de 20 anos, depois de receber o livro In The Imagem of God – Faces and souls that reflect their Creator, da Wycliffe, o pastor Elben César, fundador da Ultimato, encantado com a beleza das pinturas, pediu ao amigo James Wilson autorização para usar as imagens para ilustrar artigos da revista (o que aconteceu inúmeras vezes!).
Apenas muito mais tarde, Ultimato veio a se relacionar com Hyatt Moore, o organizador daquele livro. Em 2010 conhecemos seu trabalho pessoalmente durante o 3º Congresso Lausanne de Evangelização Mundial, em Cape Town, África do Sul. Nosso relacionamento estreitou-se e – graças à generosidade de Hyatt– continuamos a ilustrar outras matérias, como a edição À mesa com Jesus. É dele também o relato emocionante sobre Vernon Adams, o desenvolvedor de fontes para o Google, seu genro, que publicamos na edição de setembro de 2018 de Ultimato.
Porque notamos que muitas de suas pinturas retratavam mulheres, pedimos autorização para usar algumas delas para ilustrar a matéria de capa da Ultimato de março/abril. E ele nos surpreendeu: ao invés de ceder imagens, a partir da leitura dos textos ele produziu pinturas inéditas de Maria, Abigail, Rute, a mãe de Lemuel e a mulher pecadora.
Hyatt foi diretor de criação durante muitos anos; serviu à Wycliffe Bible Translators durante 32 anos. Ele e a esposa, também artista, têm o privilégio de duas vezes por ano, em local distante - um estúdio alugado ou uma cabana emprestada - se dedicarem à arte “o dia todo todos os dias”. Ele tem sido chamado a criar imagens para muitas organizações cristãs.
Hyatt e Anne, sua esposa, moram em Dana Pointe, Califórnia, Estados Unidos. No site que mantêm juntos eles declaram: "Estamos comprometidos com a noção de que não há arte suficiente no mundo, e essa é a nossa contribuição".
Valéria Lamim, também artista, e prestadora de serviço para a Ultimato, traduziu gentilmente a entrevista com Hyatt.
Quando e por que você começou a pintar?
A pintura chegou quando eu estava na meia-idade, depois de várias outras carreiras. Enquanto esperava o sinal verde de um semáforo, olhei para a vitrine de uma galeria e, de repente, pensei: “Eu poderia fazer isso”, e depois: “Eu vou fazer isso; vou me tornar um pintor!” Foi assim que começou. Depois disso foram anos de dedicação até que, finalmente, deixei de lado minhas outras ocupações e comecei a pintar em tempo integral.
Sua esposa é artista também. Como é o relacionamento de vocês em casa?
Anne é gravurista, e faz trabalhos originais em uma prensa manual. Apoiamos muito um ao outro. Dividimos um estúdio em casa. Também saímos duas vezes por ano e fixamos residência em algum local distante – um estúdio alugado, uma cabana que tomamos emprestada – e nos dedicamos à arte o dia todo, todos os dias. É um tempo maravilhoso
Quando o trabalho é “encomendado”, é mais difícil ter inspiração?
Retratos podem ser um desafio – não pela “ideia”, mas por questão de “execução”. Ou, às vezes, as pessoas propõem desafios criativos que eu jamais teria considerado. A princípio, resisto, mas depois as ideias começam a vir e acabo com algo novo.1
As pessoas dizem que o artista tem mais propensão à melancolia. É verdade?
Não é a minha experiência, nem sei disso entre meus amigos artistas. Acredito que seja um mito. Sou extremamente feliz por ser um artista. Eu não sei como eu poderia ser mais feliz.
Por que você pinta pessoas de todas as partes do mundo: acontece de acordo com o convite ou você busca por isso?
Minha esposa e eu trabalhamos por 32 anos com a Wycliffe Bible Translators. (Essa foi minha segunda carreira.) Entre os cargos que tive, fui editor de publicações e designer, e muitas vezes trabalhava com imagens de povos étnicos. Quando comecei a pintar, parecia natural pintar essas pessoas. Tenho ampliado meu leque para pintar uma grande variedade de temas, mas ainda gosto de dignificar essas pessoas com minhas pinturas.
Você pinta mais mulheres do que homens?
Normalmente acho a figura feminina mais atraente, mas pinto homens também.
Quem são suas grandes influências como pintor?
Historicamente, são os impressionistas e pós-impressionistas; eles me atraem. Pintores antes ou a partir dessa época não causam tanto impacto em mim, embora haja muitos pintores atuais cujo trabalho admiro muito.
Há algumas pinturas suas pelas quais você tem um carinho especial?
Eu amo todos os meus “filhos”. Pinturas de que não gosto, não mostro e, por fim, pinto outra coisa por cima. Uma vez que estou no ramo de fazer arte para viver, estou disposto a vender qualquer uma delas. Também doo pinturas para boas causas.
O que inspira você a pintar?
Não há dia sem inspiração. A alegria de fazê-lo, o desafio de fazer melhor, o desejo de experimentar coisas novas, tudo isso inspira. Então, a ideia de que alguém pode precisar de uma pintura só vem para somar. Normalmente tenho alguma finalidade em mente quando faço uma pintura. Pinto várias pinturas trabalhos por semana, grandes e pequenos. (A questão do armazenamento pode ser um desafio.)
Você disse que o pintor deve ser capaz de pintar tudo? Também acredito nisto, mas há algum tipo de pintura com o qual você se sente mais à vontade (p. ex., figuras humanas, animais, paisagens)?
Se estou pintando puramente por prazer pessoal, no geral pinto uma pessoa, seja de corpo inteiro ou só rosto. Às vezes exploro paisagens, naturezas-mortas e pinturas abstratas. Não sou ilustrador. Trabalho melhor quando a ideia é minha, ou se o cliente me permite fazer minha própria interpretação.
Como você decidiu combinar seu amor pela arte e sua fé?
No começo eu não queria ser um “pintor cristão”. Não queria ser conhecido apenas como tal. Eu só queria ser um bom pintor. À medida que o tempo foi passando, eu me vi fazendo um número cada vez maior de trabalhos cristãos. No entanto, raramente é algo “tradicional”. Gosto de uma abordagem criativa.
O exemplo mais recente são as cinco mulheres da Bíblia para a Ultimato. Eu as pintei como figuras contemporâneas, não icônicas. Maria é jovem e reflexiva. Rute é linda, atraente para Boaz, seu resgatador e futuro marido. O mesmo acontece com Abigail, que arrumou o cabelo para se apresentar a Davi. A outra Maria, que lavou os pés do Senhor com perfume e secou-os com o próprio cabelo, foi pintada com uma abundância de cabelos soltos. E a mãe de Lemuel é retratada como uma mulher mais velha, linda, sábia e forte.
Em quais projetos você está trabalhando no momento?
Estou trabalhando em uma série de pinturas grandes e pequenas de mulheres jovens para a Uncaged, uma organização que confronta o tráfico sexual. Acabei de pintar para minha igreja duas paisagens de 2,75 metros de altura de nossa cidade. Terei em breve uma série de grandes eventos de pintura pública para a tradução da Bíblia. Estive pintando trabalhos para contribuir com organizações missionárias. No momento, são todos trabalhos cristãos que estou realizando. Mas também preciso manter minhas galerias abastecidas com novos trabalhos.
Sinto que com a pintura tenho um trabalho significativo para me manter ocupado, interessado e crescendo pelo resto da vida. Por isso me sinto abençoado e muito grato.
Nota
1. Vários exemplos destes trabalhos podem ser encontrados em:
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