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- 08 de julho de 2020
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Arte, adoração e capacitação na igreja brasileira
Entrevista com Renato Marinoni
Por Lucas Meloni
Por Lucas Meloni
Ao longo das últimas décadas, a igreja brasileira viu surgir uma série de mudanças que impactaram a adoração, o louvor e a cultura de seus membros, além de ter influenciado também na forma como a mensagem do Evangelho é dita. Nesta entrevista, Renato Marinoni, fundador do Instituto de Adoração, Cultura e Arte (IACA), apresentador do #adoração, projeto em parceria com a Rádio Trans Mundial, e pastor da Igreja Batista Metrópole (IBMetro), fala um pouco sobre a importância da cultura, a valorização da capacitação técnica dentro da igreja e a necessidade de fortificar ministérios.
A pandemia da Covid-19 pode ser considerada um “divisor de águas” para o trabalho com arte, cultura e adoração por parte da igreja brasileira? Por quê?
Acho que a igreja não fez nada inovador que outras partes da cultura e da sociedade não tenham feito. Contudo, a pandemia também mexeu com todo esse setor. Tivemos desde pessoas que produziram canções, textos e outras formas de arte a partir do isolamento e outras que adaptaram a forma de veiculação do conteúdo que produzem neste momento de isolamento. Nesse sentido, acho que os artistas cristãos se mobilizaram bem e demonstraram estar antenados ao momento da sociedade.
Você tem feito workshops e orientado igrejas em relação a adoração e louvor. Quais são as principais dúvidas ou necessidades dos ministros e músicos?
Temos feito isso há 15 anos em todo o Brasil. Vejo que a principal necessidade teológica e ministerial e que motiva todas as outras é a falta de visão global e uma teologia de adoração consistente e coerente. Tudo é, no geral, muito fragmentado e superficial. Esse conhecimento superficial é, inclusive, que gera uma falta de capacitação técnica. As pessoas não entendem a seriedade e o padrão que a própria Bíblia estabelece para a adoração. Alguns acham que é uma questão de gosto. Que podem fazer do jeito que quiser porque bastam fazer com o coração e não entendem os princípios de adoração no Antigo Testamento com Moisés, no tabernáculo, nem a excelência estabelecida por Davi, nem com os levitas, em Crônicas. É importante citar também o que Jesus fez no Novo Testamento e o que é adorar em Espírito e em verdade.
Qual a importância de os cristãos estarem envolvidos com a arte?
Vivemos em uma sociedade que valoriza demais as artes. Os cristãos têm que se engajar de forma séria e consistente nas artes para dialogar com a sociedade e comunicar a visão cristã nos mais diversos aspectos. Os cristãos precisam ter uma formação respeitável na área em que querem trabalhar. O problema é que, às vezes, a igreja acaba desenvolvendo algum trabalho superficial. Fazem apenas para colocar uma mensagem evangelística de qualquer jeito.
Como ter um ministério forte que incentive a cultura?
A igreja local precisa ensinar e incentivar que os cristãos tenham ferramentas sobre valores e visão cristã que os prepare para que se engajem no debate cultural de forma sabia e transformadora. Falta, a meu ver, líderes preparados nesse campo para capacitar outros. Inclusive, essa foi a necessidade que o IACA, do qual sou fundador, veio suprir.
Como separar o que é ‘estrelismo’ de um ato sincero de devoção?
Hoje vivemos em tempos de exposição: nas redes sociais e nas plataformas. Então, muito difícil separar só pelas “aparências” porque é mais uma questão de coração e de cada um. Mas sempre penso que ao olharmos os frutos e impacto da vida de alguém conseguimos diferenciar. E temos sempre que lembrar que o que interessa para Deus é a coerência e devoção pessoais e não o que mostramos para os outros.
Como as igrejas podem e devem trabalhar com a cultura?
As igrejas devem trabalhar com um diálogo honesto e engajado com a sociedade, e expressando através da sua arte, de qualidade e com conteúdo, os valores do Reino. A igreja deve ser incentivada a produzir arte fora dos muros do gospel e procurar influenciar de forma positiva a sociedade. As artes são ótimas ferramentas para comunicar a mensagem do Reino de Deus, que quer redimir todas as áreas da nossa vida.
Qual é a proposta do podcast #adoração?
O #Adoracão é um podcast produzido em parceria pela RTM e pelo IACA, buscando agregar no diálogo sobre adoração, liturgia, cultura e arte. Eu sempre recebo convidados especiais e que são especialistas nos diversos assuntos. O programa tem tido um alcance muito legal e ultrapassamos a marca dos 20 episódios. Ou seja, seis meses de programas semanais ininterruptos. Já tratamos sobre cultura pop, análise de letras de músicas, sobre Salmos na devoção cristã, sobre o “mundo gospel”, e a importância da capacitação técnica, recebendo gente como João Alexandre, Gerson Borges, Andressa Marinoni, Alexandre Magnani, Filipe Fontes, Rachel Novaes, entre tantos outros convidados especiais.
• Lucas Meloni é jornalista e colaborador da RTM.
Foto: Divulgação Renato Marinoni / IACA
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