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Opinião

O que muda no trabalho entre os surdos com o novo governo?

As diretrizes já anunciadas pelo novo governo permite antever algumas tendências e implicações para a igreja e para o movimento missionário brasileiro a partir de 2019.

Ultimatoonline publica uma série de perguntas feitas a líderes brasileiros em missão sobre temas e campos específicos de atuação. A matéria completa foi publicada pela revista Ultimato, na sua primeira edição de 2019.

Quais são os possíveis efeitos para o trabalho entre os surdos brasileiros?

Elizângela Castelo Branco - Acompanhando as diretrizes apresentadas pelo novo governo em relação às pessoas surdas, um feixe de esperança brilha. Há um marco histórico a considerar. Pela primeira vez os surdos tiveram o direito de acesso à propaganda política e aos debates tão assegurado, bem como puderam participar de todo o pleito eleitoral, em equiparação de oportunidade com os ouvintes.

A acessibilidade linguística e comunicativa foi uma conquista sem precedentes, já que ofereceu informações suficientes para que as pessoas surdas pudessem, por si mesmas, decidir, avaliar e refletir sobre suas escolhas eleitorais, sem a intervenção de familiares, profissionais, amigos ouvintes. O processo de interpretação para Libras foi respeitado, inclusive, no primeiro pronunciamento do presidente eleito.

Entretanto, o ápice de todo esse movimento aconteceu quando foram firmados compromissos entre representantes surdos de várias áreas da sociedade e o presidente eleito – que se comprometeu com vários termos que dizem respeito tanto às conquistas anteriores quanto à inclusão de Libras como disciplina obrigatória no currículo da educação básica e nos cursos da área da saúde, como também a criação de uma política linguística bilíngue Libras/Português.

Sobre os efeitos dessas mudanças para o trabalho das igrejas com os surdos no Brasil, é preciso considerar que o contexto sociopolítico precisa ser revisitado pelas igrejas para repensar práticas linguísticas mais acolhedoras nos ambientes eclesiásticos e, então, demonstrar a multiforme graça de Deus e levar o amor de Cristo aos surdos. Nesse novo tempo, temos de nos empenhar para apresentar um serviço de qualidade e consistência. Caso contrário, corremos o risco de ver o contingente de 1% de surdos cristãos diminuindo a ponto de não serem mais alcançáveis. Essa é uma grande oportunidade para demonstrar o amor de Cristo pelas pessoas surdas, tornando nossas igrejas lugares em que elas se sintam bem-vindas e respeitadas, com programações e ministérios como oportunidades de livre acesso – não apenas de ministérios com surdos.

• Elizângela Castelo Branco
é professora e pesquisadora de Libras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Ministério Incluir, da Igreja Batista Atitude Central da Barra, no Rio de Janeiro.

> Confira a matéria completa, Tendências dos caminhos da missão em 2019, na edição 375 da revista Ultimato.

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» Breve trajetória de missões com surdos: a plantação igrejas em Libras 

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