Opinião
- 14 de dezembro de 2022
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Natal – A história do Evangelho de Cristo
Por Erní Walter Seibert
A história do nascimento de Jesus é relatada na Bíblia, com mais detalhes, por dois evangelistas: Mateus e Lucas. Os evangelhos segundo Marcos e João fazem a narrativa da vida de Jesus sem dar informações sobre o evento do Natal. Lucas é quem traz mais informações.
Um dos aspectos que chama a atenção no texto de Lucas é a sua preocupação em apresentar dados que contextualizam a história do nascimento de Jesus na história e na geografia. Em Lucas, capítulo 1, o evangelista menciona que quando Herodes era o rei da terra de Israel, foi anunciada a vinda de João Batista. No capítulo 2, é mencionado que, quando Jesus nasceu, o imperador romano era César Augusto e o governador da Síria era Quirino. O texto também fala de um decreto que impôs um recenseamento. Por conta disso, José e Maria foram para Belém, e lá nasceu Jesus. O texto faz mais uma alusão a autoridades, informando que José era descendente do rei Davi.
Tanta informação geográfica e histórica pode dar a impressão de que o centro da história estava nas autoridades políticas. Imagine alguém contar uma história que ocorreu no Brasil e mencionar as autoridades do país que estavam no governo, tudo para contar o nascimento de alguém. A surpresa do Evangelho é que nem a boa notícia (sentido de “evangelho” em grego), nem o enredo têm a ver diretamente com essas autoridades. A história do nascimento de Jesus se dá nesse contexto, mas tem a ver com a soberania de Deus e o seu amor pela humanidade.
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Jesus Cristo nasceu nesse preciso tempo e lugar porque Deus considerou que esse era o tempo certo para ele nascer, a plenitude do tempo. Na Carta aos Gálatas, o apóstolo Paulo diz: “Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl 4.4-5, NAA). A Nova Tradução na Linguagem de Hoje traduz a expressão “plenitude do tempo” por “o tempo certo”. A plenitude do tempo é o tempo certo, o tempo escolhido por Deus para isso acontecer.
O Natal é um acontecimento memorável, ocorrido no tempo e lugar certo, quando estavam no poder pessoas importantes, em lugares importantes. Mas, apesar de tudo isso, o Natal não é primordialmente um acontecimento político. Embora em todos os acontecimentos da história da humanidade possa haver consequências políticas, não é a política que determina e dá sentido a tudo. A história sempre está sob o domínio de Deus, sob o seu senhorio.
Este é um dos aspectos muito relevantes do Natal. Com o cenário que os evangelistas pintaram ao colocarem em evidência o tempo, os lugares e os personagens que o compõem, eles não deixam de mostrar que o centro de tudo é o nascimento de Jesus Cristo, o Filho de Deus que assumiu a forma humana e que veio para salvar a humanidade de seus pecados. O Salvador é Jesus, e não o imperador, o governador ou o rei. Em todos os momentos, a confiança dos cristãos pode e deve estar em Deus, porque não são as pessoas que salvam, por mais importantes que elas sejam. Nesse tempo de polarizações que o mundo está vivendo, nesse tempo em que as pessoas se enchem de esperança ou de desespero porque um ou outro lado assume o poder político, olhar a história do Natal é altamente consolador. Se a esperança dos cristãos dependesse dos imperadores romanos que estavam no poder, certamente todos estariam perdidos. E nem mesmo a ocupação do trono romano, séculos depois, por Constantino, considerado cristão, foi capaz de trazer tempos de paz para o mundo e para os cristãos. Jesus Cristo continuou sendo o único e suficiente Salvador.
O evangelista Lucas, ao contar a história do nascimento de Jesus, acrescenta uma mensagem que os anjos deram aos pastores: “Não tenham medo! Estou aqui a fim de trazer uma boa notícia para vocês” (Lc 2.10, NTLH). A mensagem não tem a ver com palácios, nem com autoridades importantes e famosas. Pelo contrário, ela é despojada de todo luxo. Numa manjedoura está o Salvador. A mensagem dos anjos certamente continua enchendo de alegria todos aqueles que encontram no menino Jesus o Salvador da humanidade.
- Erní Walter Seibert é diretor-executivo da Sociedade Bíblica do Brasil, doutor em ciências da religião e diretor do Museu da Bíblia.
JESUS – SINGULAR, SUPERIOR, SUFICIENTE | REVISTA ULTIMATO
Jesus – tal como revelado nas Escrituras – está sendo deixado de lado em muitas igrejas. É necessário um esforço para chamar atenção sobre isso. A fé e a vida cristã autênticas têm como base a centralidade de Jesus Cristo. Não existe cristianismo sem Cristo. Na intenção louvável de ser relevante, podemos cair na tentação de fazer concessões desfigurando o evangelho, por exemplo. Somos também tentados a diminuir as exigências éticas e morais do evangelho, desobrigando-nos das decorrências naturais da mensagem e da obra de Cristo.
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