Por Escrito
- 11 de fevereiro de 2019
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Deus me fez entender meu papel como cientista
Entrevista
A propósito do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência – 11 de fevereiro – Ultimato convidou a cientista Evlyn Márcia L. M. Novo para contar a respeito de sua formação e como percebe a atuação de Deus no trabalho que realiza. Confira.
A propósito do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência – 11 de fevereiro – Ultimato convidou a cientista Evlyn Márcia L. M. Novo para contar a respeito de sua formação e como percebe a atuação de Deus no trabalho que realiza. Confira.
Qual é a sua formação?
Eu fiz graduação em Geografia, na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro e me formei em 1973. Depois fui para o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para fazer a pós-graduação em Sensoriamento Remoto. Defendi o mestrado em 1976 e por lá fiquei como auxiliar de pesquisa do Projeto SERE, um projeto de colaboração entre o INPE e a NASA (National Aeronautics and Space Administration) cujo objetivo era avaliar o potencial de imagens obtidas por um satélite experimental americano (ERTS - Earth Resources Technological Satellite) para o levantamento de recursos terrestres (florestais, hídricos, minerais, oceanográficos, agrícolas).
A partir de 1978 fui liberada por 16 horas por semanais para fazer o doutorado e finalmente em 1984 obtive meu título de doutora em Geografia Física pela Universidade de São Paulo. Em 1986 eu fui para Inglaterra para desenvolver minha pesquisa de pós-doutorado com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) quando, então, comecei a trabalhar no campo de interesse mais específico em que passei a atuar: sensoriamento remoto de sistemas aquáticos continentais.
O que você faz (sua especialidade explicada para leigos)?
Desde 1974, ainda como aluna de mestrado, eu trabalho no INPE. O que sempre fiz foi pesquisar formas de extrair informações de imagens obtidas por satélites de recursos naturais que pudessem ampliar o conhecimento sobre o Brasil. Nos últimos trinta anos, o meu campo de atuação é o sensoriamento remoto de sistemas aquático, ou seja, eu pesquiso formas de extrair informações de imagens que possam ser úteis para quantificar propriedades dos corpos d’água. Como o desenvolvimento tecnológico é contínuo, há sempre novos sensores e novas aplicações viáveis. A expressão “sensoriamento remoto” inclui um amplo campo de conhecimento que se organizou para aproveitar os benefícios da tecnologia e da ciência espacial visando a ampliação do conhecimento sobre o planeta Terra. O objetivo do sensoriamento remoto é usar sensores, cada vez mais potentes, que colocados em plataformas, possam obter informações de locais remotos, com alta frequência de aquisição de dados.
Alguma vez você sentiu que Deus ‘orientou’, ‘iluminou’ sua pesquisa/trabalho para que algum avanço fosse feito?
Essa é uma pergunta difícil de ser respondida, porque eu não sou uma grande pesquisadora cuja contribuição tenha abalado a estrutura do conhecimento no meu campo. Mas Deus está presente o tempo todo, porque até eu ter vindo para o INPE não foi meu plano A, como se diz hoje em dia. Eu estava noiva e planejava fazer meu mestrado na Universidade de São Paulo (USP). Porque não consegui uma bolsa de estudos na USP, e o INPE me ofereceu uma, eu vim para cá com muito medo de não dar conta, mas com a certeza de que esse era o plano de Deus para a minha vida. E hoje eu sou muito grata por isso, porque eu não poderia ter vindo para um lugar melhor do que São José dos Campos. Tenho dois filhos joseenses. Sou membro da Igreja Presbiteriana do Jardim Augusta há quase 45 anos, e olha que a igreja faz 49 anos esse ano.
Então, não posso dizer que Deus me orientou de uma forma específica para uma grande descoberta ou avanço, porque o meu trabalho sempre foi o de formiguinha, colocando uma poeirinha aqui, outra ali, na construção do conhecimento. Mas sei que Deus está presente no meu cotidiano, e eu não teria vivido o que eu vivi, sem Sua presença, sem nossas discussões, sem nossas reconciliações. Então, acho que confiar em Deus me ajudou a aceitar a minha condição de formiga e me sentir feliz em me colocar a serviço para que meus alunos desenvolvessem ao máximo seu potencial criativo para serem no futuro o que eu não seria.
De que forma o que você realiza é útil para outros?
Acho que a atividade de pesquisa no meu campo proporciona informações sobre o estado dos ambientes aquáticos, sobre os fatores que impactam sua biodiversidade e qualidade, dando suporte científico para que sejam adotadas políticas públicas para reduzir sua degradação. O homem tem a ilusão de que a água é um recurso inesgotável. Quando eu penso que a Mesopotâmia dos tempos bíblicos era o crescente fértil e que hoje ela enfrenta terríveis problemas de escassez da água, não consigo entender essa crença absurda de que os recursos da Terra são inesgotáveis. Acho que o sensoriamento remoto tem sido usado para alertar sobre o fato de que, gostemos ou não, vivemos num planeta, e que as suas funções de dar suporte à vida estão em risco, porque não temos cuidado dele de forma adequada.
• Evlyn Márcia L. M. Novo trabalha no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e é pesquisadora e docente na área de sensoriamento remoto. Casada, tem dois filhos, Rafael e Daniel, e três netos, Ana Clara, Laís e Dante. É membro da Igreja Presbiteriana do Jardim Augusta, em São José dos Campos, SP.
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