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Cultura, adoração e arte: 15 anos de “Sons do Coração”, da RTM
Por Lucas Meloni
Especial para Ultimato
Agosto é mês de comemoração. Em 2020, o programa “Sons do Coração”, uma referência em conteúdo de qualidade sobre cultura, adoração e arte no universo cristão brasileiro, completa 15 anos de transmissão pela Rádio Trans Mundial (transmitido às quintas, às 15h, com reprises em diferentes dias na programação. Para ouvir, basta acessar www.transmundial.org.br). Como parte das comemorações, o criador e apresentador da produção, o músico e compositor Nelson Bomilcar, ministro de louvor e adoração da Comunidade Batista em Moema, em São Paulo (SP), fala sobre os desafios da igreja pós-pandemia, cenário musical na atualidade e contribuição do “Sons do Coração” à arte. Confira, a seguir, os melhores trechos.
Como surgiu a ideia de fazer um programa que tratasse sobre adoração, cultura e arte?
O Programa Sons do Coração começou em 1998 quando eu estudava em Vancouver, Canadá, na Multicultural Radio. Era um programa semanal produzido por mim e o pastor Nelson Monteiro (pastor na Broadway Church), feito para comunidades de língua portuguesa. Era um programa de música brasileira com 8 músicas de nossa cultura, 2 músicas cristãs e uma reflexão. Tinha um viés evangelístico e missionário, divulgando nossa cultura. Quando voltei ao Brasil tive um contato com a direção da RTM na época e propus continuarmos o programa aqui no Brasil falando sobre adoração, arte, entrevistas, reflexões, mentoria, e divulgação da história da música cristã brasileira. Hoje o programa é um único acervo no Brasil que conta esta história, com mais de 700 programas de 29 minutos, registrados em podcasts. Mais de 450 autores, compositores, bandas e ministérios relevantes de adoração no Brasil nas últimas 5 décadas foram divulgados.
Como é o retorno do público em relação aos programas? Tem ouvintes de diversas partes do mundo? Se possível, fale um pouco sobre relatos e testemunhos que compartilham com você...
Gente de todas as partes do Brasil e do mundo todo. Suíça, Portugal, Alemanha, EUA, Canadá, Moçambique, Angola, Argentina, Chile, Paraguai, Colômbia, França, Guiné-Bissau, Filipinas etc. manda testemunho. Um dos que mais me marcou foi de um brasileiro, médico que se tornou cidadão americano e se tornou oficial, que servia no Afeganistão na guerra, e que ouvia nosso programa de lá. Encorajou-me a continuar, por ser o Sons do Coração um bálsamo e encorajamento para sua fé naquele contexto de guerra. O alcance da rádio é tremendo.
Na sua opinião, qual a principal contribuição do programa ao contexto cristão brasileiro?
Creio ser muito grande para os que seguem o programa por 15 anos. Ter um programa feito por alguém experiente, que faz parte desta história por 45 anos, conhecendo os bastidores, os personagens, a igreja brasileira (sou um missionário pastor e músico itinerante), e quem tem uma visão ministerial da adoração e da música. Trazer reflexões e mentoria para a igreja, pastores, ministros de adoração e músicos em entrevistas, é sempre necessário. Além disso, eu visito igrejas pelo Brasil o ano todo tocando com a Confraria das Artes, pregando e divulgando a RTM e o Sons do Coração. É uma contribuição pastoral e um registro histórico de nossa história da música cristã e da igreja em nosso país.
O que mais mudou no cenário da música e adoração cristã nos últimos 15 anos?
Sem dúvida foi constatar que a igreja de maneira geral, perdeu muito de seu foco bíblico da adoração e arte a serviço da edificação da igreja, divulgação do evangelho, implantação do reino de Deus, e da arte feita para manifestar a glória de Deus como Criador de tudo. A igreja foi sucumbindo e se moldando ao mercado que se instalou nela. O Deus do mercado é Mamon. Adoração é um estilo de vida semelhante a Jesus Cristo. É vida de entrega, consagração e serviço. Muita gente cantando barbaridades, ignorando a mensagem das Escrituras Sagradas e as possibilidades de arte. Por outro lado, muitos ministérios surgiram também positivamente para resgatar o que se perdeu, tentando dar direção e mentoria para esta nova geração de adoradores, artistas, líderes e pastores da igreja no Brasil.
Quais os desafios da igreja brasileira, pós-pandemia, na área da adoração e arte?
Primeiro, fortalecer aquilo que temos feito corretamente nesta área. Adoração individual precede a adoração comunitária. Não fazemos música e arte para o público primeiramente. Fazemos para o Senhor inicialmente. Claro, desejamos também que as pessoas apreciem também o que fazemos. Mas a enxurrada de novos cantores (as) e grupos não garantem qualidade no conteúdo, na estética sonora e no foco da adoração e missão. Segundo é voltar ao primeiro amor e ao conteúdo da Palavra de Deus. Líderes precisam discipular e mentorear músicos e artistas e lembrar que todos os seres humanos e da igreja devem ser adoradores fazendo isto com integridade e excelência.
Compositor, músico, escritor, pastor, missionário, apresentador e professor. Como é conciliar tantas atividades?
Tenho este ministério multifacetado nestes últimos 18 anos pelo Brasil e fora dele. Não faço nada sozinho. Na força e na graça do Senhor. Sempre com parceria de minha esposa, minha família, várias igrejas e ministérios em regiões do Brasil onde viajo, atuo e sirvo. O querido e saudoso Dr. Russell Shedd, mentor pastoral, disse que seria assim depois de meu último pastorado local por 12 anos. Ele tinha razão, sigo este conselho: compartilhar minha vida e experiência em tantos lugares, com humildade, discernimento e espírito de serviço.
• Lucas Meloni é jornalista e integra o Departamento de Comunicação da Rádio Trans Mundial (RTM).
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