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Brasil: Um retrato em preto e branco ou em branco e preto?
Por Marcos Bontempo
Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim tem um nome menor do que o seu tamanho para a música e para a cultura brasileira. É dele a música – composição feita em 1965 – para o que viria a ser “Retrato em Branco e Preto”, de 1968, com letra de Chico Buarque.
Naqueles dias, quando ainda não havia TV a cores no Brasil, o encontro da música com a letra teria feito Tom Jobim argumentar com o parceiro: “Ninguém fala branco e preto”, mas sim “retrato em preto e branco”. Chico, em resposta um tanto debochada, reagiu: “Tudo bem, vamos trocar ‘Vou colecionar mais um SONETO / Outro retrato em BRANCO e PRETO’, por ‘Vou colecionar mais um TAMANCO / Outro retrato em PRETO e BRANCO’”... Tom recuou e desde então temos, segundo alguns críticos, uma das mais belas construções da música popular brasileira.
Quando, no entanto, o retrato mostra a desigualdade, não há racionalizações ou meias palavras que deem conta de justificar o fato de o Brasil não ser um só, para negros e brancos. É preciso falar, de novo, sobre racismo. Com ou sem hashtag, vidas negras importam.
> INFOGRÁFICO publicado na edição 366 da revista Ultimato. Baixe aqui.
Do diagrama do navio negreiro Brookes, produzido por Thomas Clarkson, em 1788 – peça essencial da luta abolicionista na Inglaterra –, ao Atlas da Violência, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2017. E, especialmente nesses dias que lamentamos e acompanhamos a repetição da história, com as mortes brutais do menino brasileiro João Pedro, de 14 anos, e do norte-americano George Floyd, de 46 anos.
Podemos perguntar, como fazia o colunista Paul Freston, nos anos 80 e 90: “Para onde vai a bandeira da ética agora? Ela não vai sumir, ficará nas mãos de alguém. Uma alternativa é o cinismo total”. Porque não concordamos com alguns portadores da bandeira que, eventualmente, a instrumentalizam, não podemos deixar de apontar a gravidade do momento.
Ultimato quer lançar luz em uma realidade pungente, mas distante da reflexão e prática da igreja, bem como despertar empatia. Publicamos acima mais uma vez o infográfico “Brasil – um retrato em preto e branco”, que acompanhou a edição 366 da revista impressa. Dezenove edições depois voltamos ao assunto, com a matéria de capa Racismo – A Bíblia, a igreja e uma conversa que nasce da dor. Não é possível ficar indiferente às disparidades tão gritantes. E destacar as desigualdades não tem a finalidade de “dividir” o país. Ao contrário, fazemos nossas as palavras de John Stott:
Confira abaixo o que publicamos sobre o tema:
» O que os cristãos precisam ler sobre discriminação racial
» Brasil – um retrato em preto e branco
» Um abismo chama outro abismo
» Precisamos falar sobre racismo
» Por uma infância sem racismo
» Racismo só é velado para aqueles que não o sofrem
» “Racismo e igreja evangélica no Brasil” na série Diálogos de Esperança (live)
» Minando o racismo: quando a igreja tenta ser politicamente correta, ela se torna patética
[Post atualizado em 19/11/2020]
Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim tem um nome menor do que o seu tamanho para a música e para a cultura brasileira. É dele a música – composição feita em 1965 – para o que viria a ser “Retrato em Branco e Preto”, de 1968, com letra de Chico Buarque.
Naqueles dias, quando ainda não havia TV a cores no Brasil, o encontro da música com a letra teria feito Tom Jobim argumentar com o parceiro: “Ninguém fala branco e preto”, mas sim “retrato em preto e branco”. Chico, em resposta um tanto debochada, reagiu: “Tudo bem, vamos trocar ‘Vou colecionar mais um SONETO / Outro retrato em BRANCO e PRETO’, por ‘Vou colecionar mais um TAMANCO / Outro retrato em PRETO e BRANCO’”... Tom recuou e desde então temos, segundo alguns críticos, uma das mais belas construções da música popular brasileira.
Quando, no entanto, o retrato mostra a desigualdade, não há racionalizações ou meias palavras que deem conta de justificar o fato de o Brasil não ser um só, para negros e brancos. É preciso falar, de novo, sobre racismo. Com ou sem hashtag, vidas negras importam.
> INFOGRÁFICO publicado na edição 366 da revista Ultimato. Baixe aqui.
Do diagrama do navio negreiro Brookes, produzido por Thomas Clarkson, em 1788 – peça essencial da luta abolicionista na Inglaterra –, ao Atlas da Violência, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2017. E, especialmente nesses dias que lamentamos e acompanhamos a repetição da história, com as mortes brutais do menino brasileiro João Pedro, de 14 anos, e do norte-americano George Floyd, de 46 anos.
Podemos perguntar, como fazia o colunista Paul Freston, nos anos 80 e 90: “Para onde vai a bandeira da ética agora? Ela não vai sumir, ficará nas mãos de alguém. Uma alternativa é o cinismo total”. Porque não concordamos com alguns portadores da bandeira que, eventualmente, a instrumentalizam, não podemos deixar de apontar a gravidade do momento.
Ultimato quer lançar luz em uma realidade pungente, mas distante da reflexão e prática da igreja, bem como despertar empatia. Publicamos acima mais uma vez o infográfico “Brasil – um retrato em preto e branco”, que acompanhou a edição 366 da revista impressa. Dezenove edições depois voltamos ao assunto, com a matéria de capa Racismo – A Bíblia, a igreja e uma conversa que nasce da dor. Não é possível ficar indiferente às disparidades tão gritantes. E destacar as desigualdades não tem a finalidade de “dividir” o país. Ao contrário, fazemos nossas as palavras de John Stott:
"Porque ele é o Deus da criação, nós afirmamos a unidade da raça humana. Porque ele é o Deus da história, nós afirmamos a diversidade de culturas étnicas [...] Por causa da unidade da raça humana, nós exigimos diretos iguais e respeito igual para minorias étnicas [...] Por causa da glória da igreja, devemos procurar nos livrar de qualquer racismo persistente e nos esforçar para fazer dela um modelo de harmonia, no qual o sonho multiétnico se torne realidade".
— Trecho do capítulo “Celebrando a diversidade étnica”, do livro Os Cristãos e os Desafios Contemporâneos, de John Stott (Ultimato, 2014).
Confira abaixo o que publicamos sobre o tema:
» O que os cristãos precisam ler sobre discriminação racial
» Brasil – um retrato em preto e branco
» Um abismo chama outro abismo
» Precisamos falar sobre racismo
» Por uma infância sem racismo
» Racismo só é velado para aqueles que não o sofrem
» “Racismo e igreja evangélica no Brasil” na série Diálogos de Esperança (live)
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» "Eu não consigo respirar": tempos de violência, descaso e pandemia
» Diversidade racial na linguagem do evangelho
» Racismo como profanação da imagem de Deus
» Há um lugar reservado para o branco na igreja? Há um lugar para o negro?
» O sonho de Martin Luther King e de todos os cristãos
» Importa a cor?
Lives da série "Diálogos de Esperança":
» Diversidade racial na linguagem do evangelho
» Racismo como profanação da imagem de Deus
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Lives da série "Diálogos de Esperança":
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