Opinião
- 25 de novembro de 2021
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Advento em casa de Marta e Maria de Betânia
Por Maria Luiza Rückert
As mulheres tiveram um papel essencial no ministério de Jesus de Nazaré (Lc 8.1-3). Elas têm, portanto, uma história e uma tradição que não podem ser ignoradas.
Os textos dos Evangelhos nos mostram que as mulheres que estiveram em contato com Jesus preenchem os critérios formulados por Lucas (At 1.21) e por Paulo (1Co 9.4; Rm 16.7) para serem discípulas: estiveram com Jesus desde a gênese de seu ministério na Galileia e foram testemunhas da sua ressurreição (Mt 28.8; Jo 20.11-18).
As mulheres que tiveram um encontro com Jesus vivenciaram uma experiência transformadora por meio de seu relacionamento com o Mestre. Aquelas que tiveram a oportunidade de se relacionar com o Senhor tornaram-se “novas criaturas”. Restauradas, dignificadas, descobriram o seu potencial e colocaram-no a serviço do reino de Deus com alegria, esperança, paixão.
Os rejeitados, os doentes, as crianças, os pecadores, as mulheres – todos aqueles e aquelas que parecem não ter futuro – são os prediletos de Jesus. Os textos bíblicos nos apresentam mulheres que seguem a Jesus e o servem. Nesta experiência elas descobrem quem é Jesus e captam a sua identidade. A samaritana descobre-o como profeta, como Messias, como Cristo. Marta, na ressurreição de Lázaro, encontra Jesus como sendo o Cristo, o Filho de Deus, o Senhor da Vida, que tem poder sobre a morte. Maria de Betânia proclama-o Senhor, ungindo-o (Jo 12.1-8). Enquanto Marta é autora do primeiro enunciado de fé cristológica da comunidade (Jo 11.27), Maria, sua irmã, ungindo os pés de Jesus (Jo 12.3), ilustra a práxis da verdadeira discípula.
No relato de Lucas 10.38-42, as duas irmãs de Betânia vivenciam o advento: Jesus vem!
Jesus vem, e Maria de Betânia senta-se aos pés do Mestre, como discípula, escutando os seus ensinamentos. Essa era a atitude própria dos discípulos dos rabis – Paulo costumava sentar-se aos pés de Gamaliel (At 22.3).
Lucas nos conta que Jesus não apenas aceita a atitude de Maria, mas também a elogia, dizendo: “Marta, Marta, você se inquieta e agita por muitas coisas. Uma só é necessária: Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada” (10.42). Essa parte, que é a melhor, é escutar a Palavra e colocá-la em prática; é participar na vida de Jesus, naquilo que é o definitivo e que ninguém pode tirar. A atitude de Maria está ligada àqueles que consagram seu tempo e suas forças ao estudo da Palavra de Deus. Esta Palavra, que Maria escuta, é comprometedora! Ela exige que Maria saia de si e se coloque a serviço dos outros.
Esta Palavra leva-a a ungir os pés do Senhor (Jo 12.3), gesto que expressa, de forma radical, o seu amor por Jesus e a sua humildade; gesto que ilustra a práxis do “agape”, que deve ser a prática de todo verdadeiro discípulo.
Marta e Maria vivenciaram o advento quando Jesus as visitou em sua casa. Celebremos o primeiro Advento, que anuncia a vinda de Cristo, o Verbo que se fez carne e veio habitar entre nós (Jo 1.14).
Em meio à correria que costuma preceder o nosso Natal, Jesus, que vem nos visitar, fala conosco assim como falou à Marta: “[...] você se inquieta e se agita por muitas coisas. Uma só é necessária”.
Advento
O Calendário Eclesiástico principia no primeiro domingo de Advento. A palavra latina adventus significa “chegada”. Os quatro domingos de Advento antecedem o Natal e cada um deles tem o seu significado:
Primeiro domingo – Cristo vem.
Segundo domingo – Cristo vem de novo, para juízo.
Terceiro domingo – Preparai o caminho do Senhor.
Quarto domingo – Perto está o Senhor.
Somente a partir do ano 500 é que se começou a festejar o período de Advento, na Gália francesa. Os primeiros cristãos também caracterizaram os domingos festivos com cores. Cor litúrgica do Advento: violeta.
• Maria Luiza Rückert, autora de Capelania Hospitalar e Ética do Cuidado, cursou teologia na Escola Superior de Teologia (EST), em São Leopoldo, RS, e aprofundou seus estudos em clínica pastoral no hospital da Universidade de Minnesota, Estados Unidos. Pós-graduada em ética, subjetividade e cidadania, atuou como capelã no Hospital Evangélico de Vila Velha, ES, durante vinte anos. Maria Luiza também preparou mais de uma centena de voluntários para o ministério de visitação em hospitais e capacitou agentes da Pastoral da Saúde.
As mulheres tiveram um papel essencial no ministério de Jesus de Nazaré (Lc 8.1-3). Elas têm, portanto, uma história e uma tradição que não podem ser ignoradas.
Os textos dos Evangelhos nos mostram que as mulheres que estiveram em contato com Jesus preenchem os critérios formulados por Lucas (At 1.21) e por Paulo (1Co 9.4; Rm 16.7) para serem discípulas: estiveram com Jesus desde a gênese de seu ministério na Galileia e foram testemunhas da sua ressurreição (Mt 28.8; Jo 20.11-18).
As mulheres que tiveram um encontro com Jesus vivenciaram uma experiência transformadora por meio de seu relacionamento com o Mestre. Aquelas que tiveram a oportunidade de se relacionar com o Senhor tornaram-se “novas criaturas”. Restauradas, dignificadas, descobriram o seu potencial e colocaram-no a serviço do reino de Deus com alegria, esperança, paixão.
Os rejeitados, os doentes, as crianças, os pecadores, as mulheres – todos aqueles e aquelas que parecem não ter futuro – são os prediletos de Jesus. Os textos bíblicos nos apresentam mulheres que seguem a Jesus e o servem. Nesta experiência elas descobrem quem é Jesus e captam a sua identidade. A samaritana descobre-o como profeta, como Messias, como Cristo. Marta, na ressurreição de Lázaro, encontra Jesus como sendo o Cristo, o Filho de Deus, o Senhor da Vida, que tem poder sobre a morte. Maria de Betânia proclama-o Senhor, ungindo-o (Jo 12.1-8). Enquanto Marta é autora do primeiro enunciado de fé cristológica da comunidade (Jo 11.27), Maria, sua irmã, ungindo os pés de Jesus (Jo 12.3), ilustra a práxis da verdadeira discípula.
No relato de Lucas 10.38-42, as duas irmãs de Betânia vivenciam o advento: Jesus vem!
Jesus vem, e Maria de Betânia senta-se aos pés do Mestre, como discípula, escutando os seus ensinamentos. Essa era a atitude própria dos discípulos dos rabis – Paulo costumava sentar-se aos pés de Gamaliel (At 22.3).
Lucas nos conta que Jesus não apenas aceita a atitude de Maria, mas também a elogia, dizendo: “Marta, Marta, você se inquieta e agita por muitas coisas. Uma só é necessária: Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada” (10.42). Essa parte, que é a melhor, é escutar a Palavra e colocá-la em prática; é participar na vida de Jesus, naquilo que é o definitivo e que ninguém pode tirar. A atitude de Maria está ligada àqueles que consagram seu tempo e suas forças ao estudo da Palavra de Deus. Esta Palavra, que Maria escuta, é comprometedora! Ela exige que Maria saia de si e se coloque a serviço dos outros.
Esta Palavra leva-a a ungir os pés do Senhor (Jo 12.3), gesto que expressa, de forma radical, o seu amor por Jesus e a sua humildade; gesto que ilustra a práxis do “agape”, que deve ser a prática de todo verdadeiro discípulo.
Marta e Maria vivenciaram o advento quando Jesus as visitou em sua casa. Celebremos o primeiro Advento, que anuncia a vinda de Cristo, o Verbo que se fez carne e veio habitar entre nós (Jo 1.14).
Em meio à correria que costuma preceder o nosso Natal, Jesus, que vem nos visitar, fala conosco assim como falou à Marta: “[...] você se inquieta e se agita por muitas coisas. Uma só é necessária”.
Advento
O Calendário Eclesiástico principia no primeiro domingo de Advento. A palavra latina adventus significa “chegada”. Os quatro domingos de Advento antecedem o Natal e cada um deles tem o seu significado:
Primeiro domingo – Cristo vem.
Segundo domingo – Cristo vem de novo, para juízo.
Terceiro domingo – Preparai o caminho do Senhor.
Quarto domingo – Perto está o Senhor.
Somente a partir do ano 500 é que se começou a festejar o período de Advento, na Gália francesa. Os primeiros cristãos também caracterizaram os domingos festivos com cores. Cor litúrgica do Advento: violeta.
• Maria Luiza Rückert, autora de Capelania Hospitalar e Ética do Cuidado, cursou teologia na Escola Superior de Teologia (EST), em São Leopoldo, RS, e aprofundou seus estudos em clínica pastoral no hospital da Universidade de Minnesota, Estados Unidos. Pós-graduada em ética, subjetividade e cidadania, atuou como capelã no Hospital Evangélico de Vila Velha, ES, durante vinte anos. Maria Luiza também preparou mais de uma centena de voluntários para o ministério de visitação em hospitais e capacitou agentes da Pastoral da Saúde.
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