Opinião
- 03 de junho de 2020
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A pandemia e o meio ambiente. Quem se importa?
Por Timóteo Carriker
Que oportunidade inédita para nós cristãos apoiarmos e promovermos a Semana do Meio Ambiente. Porque isto é importante? E por que o momento atual da pandemia da Covid-19 é oportuna? E como podemos apoiar e promover o evento?
Por que é importante?
É importante porque a tarefa de cuidar da criação de Deus é dada para todos os seres humanos (Gn 1.26-28; 2.15). Aliás, segundo as Escrituras, este cuidado, de fato, define o que quer dizer ser “humano”: ser criado à imagem de Deus. Nosso vínculo com a criação e o seu cuidado não é apenas o vínculo físico que diz respeito aos nossos corpos e cuja negligência nos prejudica individual e coletivamente. Mas também é vínculo espiritual, digo Espiritual, porque reflete a principal característica de Deus encontrada nas Escrituras...Deus Criador... e nós, novamente somos criados à sua imagem e sua semelhança.
Entretanto, duas objeções comumente levantam no meio cristão diante das afirmações acima. “O pecado não mudou tudo isto?”; e, “Mas, se isto é incumbência de todo ser humano, é também incumbência dos discípulos de Jesus?".
Primeiro, o pecado...
Sim, claro que o pecado mudou a situação. Mas, o que era exatamente a natureza do pecado e qual a sua abrangência? Para a maioria de nós, a resposta vem rápido: a natureza do pecado é a desobediência a Deus. Afinal o ser humano desobedeceu a Deus ao comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.17; 3.6). E isto está certíssimo. Mas também incompleto. Pois o ser humano desobedeceu a Deus porque ele se sujeitou à criatura - à serpente, questionou a autoridade de Deus e, em consequência disto, desobedeceu a Deus. Ou seja, primeiro, o ser humano renegou ao mandato dado por Deus de sujeitar/cuidar da criação, invertendo a ordem e se sujeitando-se à criatura, à serpente e, em consequência desta inversão e negação ao seu mandato criacional, desobedeceu a Deus. Isto nos ajuda a entender porque o pecado, além de danificar o relacionamento do ser humano consigo mesmo, também atingiu ou tingiu a criação toda. E a redenção vem justamente ao encontro disto.
Mas, então, por causa do pecado, o mandato para cuidar da criação não se aplica mais? Sim, se aplica. Prova disto é que a ordem é repetida depois do pecado e da sua piora cada vez mais (Gn 4-7) na história do dilúvio (Gn 8-9) quando Deus estabeleceu a sua aliança (a primeira ocorrida da palavra das Escrituras) com Noé, os seus filhos e com toda a criação. Logo, mesmo depois do pecado, ainda cabe a todo o ser humano cuidar do meio ambiente que na linguagem bíblica é a criação.
E quanto à segunda pergunta: O mandato criacional também é incumbência dos discípulos de Jesus?
Bem, é claro que a incumbência é para os discípulos de Jesus, que são seres humanos também. Mas além do óbvio, o próprio Novo Testamento diz isto de várias maneiras. Menciono apenas duas aqui. Primeiro, Paulo gasta dois, se não três longos capítulos (Rm5-6 e talvez 7) detalhando que a obra de Jesus é uma reversão da obra de Adão. Alguns chegam até a dizer que Jesus se coloca como uma espécie de “Segundo Adão”. O primeiro Adão trouxe morte, o “segundo”, vida. Morte como? Morte pelo pecado. E qual a natureza do pecado? Já elaboramos acima. Então, a redenção em Cristo restaura a nossa incumbência original. É por isso que Paulo também se refere aos redimidos como “novas criaturas/criações” (2Co 5.17) ou “novos homens” e claro “novas mulheres”, mas a ideia de novos “homens” certamente remete a Adão, cujo nome significa “homem” ou “humanidade”.
E isto sem falar de Romanos 8.18-25 onde lemos que a criação – a atual criação, pois não se fala aqui de “nova” criação – de alguma forma está de olho nos crentes (“filhos de Deus”) no aguardo da sua própria redenção. Ou seja, ser discípulo de Jesus restaura-nos à condição original como guardiões da criação, o que dá esperança à própria criação. Será que estamos dando esperança para a criação? Você e eu, pessoalmente, como discípulos de Cristo, e nós como povo de Deus? Estamos testemunhando da glória de Deus no nosso cuidado daquilo – a criação – que presta glória a Deus (Salmo 19)?
Porque a nossa atenção para a Semana do Meio Ambiente é oportuna?
Biblicamente é oportuna porque, conforme o Salmo 19, a maior “missionária” de Deus é a criação. Lógico, nós precisamos explicar, anunciando as Boas Novas, mas se não há evidência da própria criação, e sem dúvida das nossas vidas transformadas, que adianta falar?
Além disto, estamos passando por uma terrível epidemia. E os cientistas estão cansados de nos dizer que a degradação do meio ambiente pelo uso excessivo de agrotóxicos, pela poluição especialmente em centros urbanos, pelo aquecimento global e até mesmo pelo desmatamento da Amazônia e do cerrado, são fatores que contribuem, no mínimo, e, em alguns casos, até causam a proliferação de doenças, febres e epidemias. A pandemia da Covid-19, portanto, poderá ser uma espécie de toque de retirada de alguns costumes que estão causando cada vez mais danos.
É hora de prestar mais atenção às advertências quase consensuais da comunidade científica. É lógico que a ciência não fala em nome de Deus. Aliás, muitos falam até contra Deus. Mas não devemos nos iludir, a comunidade científica é composta de crentes, descrentes e adeptos de outras religiões. Mas onde há consenso, o nosso bom senso nos dita que prestemos atenção. Afinal, a ciência não nasceu do berço do diabo. Nasceu da própria ordem de Deus quando ele ordenou ao ser humano dar nome às criaturas (Gn 2.19-20). Assim nasceu a taxonomia, o primeiro passo da ciência. Mais tarde, o movimento de sabedoria que encontramos especialmente nos Provérbios e Jó, mas também disperso pela Bíblia, inclusive nas parábolas de Jesus, também promove a catalogação e conhecimento do mundo orgânico e inorgânico. Por isso, como crentes, não precisamos ter medo da ciência, apenas ter discernimento, como em tudo.
Como podemos apoiar e promover?
Não vou me deter aqui pois outras pessoas vão escrever mais a respeito disto. Apenas dou algumas dicas:
Não vou me deter aqui pois outras pessoas vão escrever mais a respeito disto. Apenas dou algumas dicas:
Veja os recursos da sua própria denominação. Batistas Independentes, Metodistas, Anglicanos, Luteranos, Presbiterianos Independentes e Católicos e outras denominações têm os seus recursos, vários focados nesta Semana do Meio Ambiente.
Também a Campanha Renovar Nosso Mundo indica recursos na sua página do Facebook e do Instagram, além de lives que está promovendo durante a semana toda.
Ore e peça a Deus uma ação bem concreta e executável que você possa adotar pessoalmente na sua casa ou fora.
Procure informar-se. Há diversos livros cristãos a respeito do assunto. Universidades promovem eventos sobre o assunto e há reportagens constantes. Procure recursos confiáveis como aqueles que se encontram no site do Movimento Lausanne e da Tearfund entre os evangélicos ou até seculares como das Nações Unidas, o Banco Mundial ou a Organização Mundial de Saúde.
Enfim, este assunto também é nosso, e tem tudo a ver com o êxito do testemunho cristão para o mundo.
• Timóteo Carriker é teólogo, missionário da Igreja Presbiteriana Independente, capelão d’A Rocha Brasil e surfista nas horas vagas. Pela Editora Ultimato, é autor de A Visão Missionária na Bíblia e Trabalho, Descanso e Dinheiro. É blogueiro do portal Ultimato.
• Timóteo Carriker é teólogo, missionário da Igreja Presbiteriana Independente, capelão d’A Rocha Brasil e surfista nas horas vagas. Pela Editora Ultimato, é autor de A Visão Missionária na Bíblia e Trabalho, Descanso e Dinheiro. É blogueiro do portal Ultimato.
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teólogo, missionário da Igreja Presbiteriana Independente, capelão d’A Rocha Brasil e surfista nas horas vagas. Pela Editora Ultimato, é autor de O Propósito de Deus e a Nossa Vocação, A Visão Missionária na Bíblia e Trabalho, Descanso e Dinheiro. É blogueiro da Ultimato.
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