Opinião
- 21 de março de 2022
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A humildade não é natural
Por Erní Walter Seibert
Humildade é um tema que aparece muitas vezes na Bíblia. Mas ele não é um conceito fácil de ser entendido. Dependendo do contexto, o conceito tem a ver com virtude ou com castigo. Mas, por trás desse conceito há uma lição preciosa que transforma vidas e modifica a existência humana para melhor. Vamos ver isso.
Em Mateus 23.12, Jesus ensina: “Quem se exaltar será humilhado; e quem se humilhar será exaltado”. Aí vemos a dificuldade do ensino bíblico. O conceito de ser humilhado é ligado a um castigo. O conceito de ser humilde é ligado a uma virtude. Para entender isso melhor, precisamos ver o contexto no qual Jesus estava falando.
O evangelista Mateus, no capítulo 21, relata a entrada de Jesus em Jerusalém. A partir dali começa o que é convencionado ser chamado de Semana Santa. Os fatos culminantes dessa Semana são a paixão e morte de Jesus e, no domingo da Páscoa, a ressurreição. A entrada de Jesus em Jerusalém parece mais ser um acontecimento de exaltação do que de humilhação. Mas os inimigos de Jesus, aqueles que o queriam matar, procuram provas para condená-lo. Eles fazem uma série de perguntas mal-intencionadas. Diríamos hoje que eram pegadinhas para prender Jesus. Eles queriam humilhar Jesus. Vamos examinar alguns desses episódios.
Em Mateus 21, a partir do versículo 23, Jesus entrou no templo. A liderança do povo e os principais sacerdotes do templo se aproximam de Jesus e perguntam: “Com que autoridade vocês fazem estas coisas?”. A intenção era induzir Jesus a declarar que era o Filho de Deus. Com essa declaração eles o prenderiam. Mas Jesus não responde diretamente. Ele lhes fala por meio de parábolas. As autoridades entendem a mensagem, mas ficam com medo de prendê-lo. Nos versículos 45 e 46 o evangelista resume a situação dizendo: “Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas parábolas, entenderam que Jesus falava a respeito deles; e, embora quisessem prendê-lo, tinham medo das multidões, porque estas o consideravam como profeta”.
A estratégia dos inimigos de Jesus, de tentar fazer com que Jesus se exaltasse, não termina aí. Ela está presente em todos os acontecimentos da Semana Santa. Mas Jesus permanece firme na sua convicção de que “quem se exaltar, será humilhado; e que se humilhar será exaltado”. Jesus segue sua missão com humildade.
O tema da humilhação e da exaltação aparece também de forma muito clara na Carta do apóstolo Paulo aos Filipenses. Esta carta foi escrita da prisão. Ser prisioneiro não é uma situação fácil de ser enfrentada. Mas esta carta de Paulo é especial. Ela é conhecida como a carta da alegria. A igreja de Filipos tinha um lugar especial no coração do apóstolo. Foi a primeira igreja que ele fundou na Europa. Além disso, quando ele estava em necessidade, essa igreja o amparou enviando uma oferta levada até ele por mãos de um membro da igreja, Epafrodito.
Paulo começa sua epístola escrevendo uma oração pelos filipenses. Em seguida fala um pouco da sua situação pessoal e apresenta sua preocupação pelo progresso do evangelho. E, bem no final do primeiro capítulo, Paulo fala de uma preocupação que tinha com a igreja em Filipos. Eles corriam o risco de se dividirem. Isso leva ele a escrever um dos mais belos hinos sobre a humilhação e a exaltação de Jesus. Paulo diz: “Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus” (Fp 2.5). E, nos versículos 7 e 8, Paulo usa duas palavras para expressar a humilhação de Jesus: “ele (Jesus) se esvaziou, assumindo a forma de servo” e “ele se humilhou”. Humilhar-se é esvaziar-se. Humilhar-se é não se ornamentar com vaidade. Humilhar-se é seguir o exemplo de Jesus na vida. A humildade evita a divisão da igreja.
Quem é humilde não faz nada por interesse pessoal ou vaidade, mas por humildade considera os outros superiores a si mesmo. O humilde não tem em vista os seus próprios interesses, mas os dos outros (Ef 2.3-4). Foi assim que fez Jesus. Esse é o caráter de Deus.
A humildade é algo a ser buscado em Cristo. Não é algo natural. A divisão da igreja em nossos dias é fruto da falta de humildade. As guerras, os desentendimentos, as disputas humanas seriam muito menores se houvesse mais humildade. O conselho encontrado na Primeira Carta do apóstolo Pedro, capítulo 5, versículos 6 e 7 é muito atual: “Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, os exalte. Lancem sobre ele todas as suas ansiedades, porque ele cuida de vocês”.
• Erní Walter Seibert é doutor em ciências da religião, mestre em teologia e tem MBA em marketing de serviços. É autor de cinco livros e tem trabalhos sobre teologia e ciências da religião publicadas em várias revistas especializadas, tanto no Brasil como no exterior. Atualmente, ocupa o cargo de diretor-executivo da Sociedade Bíblica do Brasil.
Leia mais:
» O edifício das virtudes não se sustenta sem o alicerce da humildade
Humildade é um tema que aparece muitas vezes na Bíblia. Mas ele não é um conceito fácil de ser entendido. Dependendo do contexto, o conceito tem a ver com virtude ou com castigo. Mas, por trás desse conceito há uma lição preciosa que transforma vidas e modifica a existência humana para melhor. Vamos ver isso.
Em Mateus 23.12, Jesus ensina: “Quem se exaltar será humilhado; e quem se humilhar será exaltado”. Aí vemos a dificuldade do ensino bíblico. O conceito de ser humilhado é ligado a um castigo. O conceito de ser humilde é ligado a uma virtude. Para entender isso melhor, precisamos ver o contexto no qual Jesus estava falando.
O evangelista Mateus, no capítulo 21, relata a entrada de Jesus em Jerusalém. A partir dali começa o que é convencionado ser chamado de Semana Santa. Os fatos culminantes dessa Semana são a paixão e morte de Jesus e, no domingo da Páscoa, a ressurreição. A entrada de Jesus em Jerusalém parece mais ser um acontecimento de exaltação do que de humilhação. Mas os inimigos de Jesus, aqueles que o queriam matar, procuram provas para condená-lo. Eles fazem uma série de perguntas mal-intencionadas. Diríamos hoje que eram pegadinhas para prender Jesus. Eles queriam humilhar Jesus. Vamos examinar alguns desses episódios.
Em Mateus 21, a partir do versículo 23, Jesus entrou no templo. A liderança do povo e os principais sacerdotes do templo se aproximam de Jesus e perguntam: “Com que autoridade vocês fazem estas coisas?”. A intenção era induzir Jesus a declarar que era o Filho de Deus. Com essa declaração eles o prenderiam. Mas Jesus não responde diretamente. Ele lhes fala por meio de parábolas. As autoridades entendem a mensagem, mas ficam com medo de prendê-lo. Nos versículos 45 e 46 o evangelista resume a situação dizendo: “Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas parábolas, entenderam que Jesus falava a respeito deles; e, embora quisessem prendê-lo, tinham medo das multidões, porque estas o consideravam como profeta”.
A estratégia dos inimigos de Jesus, de tentar fazer com que Jesus se exaltasse, não termina aí. Ela está presente em todos os acontecimentos da Semana Santa. Mas Jesus permanece firme na sua convicção de que “quem se exaltar, será humilhado; e que se humilhar será exaltado”. Jesus segue sua missão com humildade.
O tema da humilhação e da exaltação aparece também de forma muito clara na Carta do apóstolo Paulo aos Filipenses. Esta carta foi escrita da prisão. Ser prisioneiro não é uma situação fácil de ser enfrentada. Mas esta carta de Paulo é especial. Ela é conhecida como a carta da alegria. A igreja de Filipos tinha um lugar especial no coração do apóstolo. Foi a primeira igreja que ele fundou na Europa. Além disso, quando ele estava em necessidade, essa igreja o amparou enviando uma oferta levada até ele por mãos de um membro da igreja, Epafrodito.
Paulo começa sua epístola escrevendo uma oração pelos filipenses. Em seguida fala um pouco da sua situação pessoal e apresenta sua preocupação pelo progresso do evangelho. E, bem no final do primeiro capítulo, Paulo fala de uma preocupação que tinha com a igreja em Filipos. Eles corriam o risco de se dividirem. Isso leva ele a escrever um dos mais belos hinos sobre a humilhação e a exaltação de Jesus. Paulo diz: “Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus” (Fp 2.5). E, nos versículos 7 e 8, Paulo usa duas palavras para expressar a humilhação de Jesus: “ele (Jesus) se esvaziou, assumindo a forma de servo” e “ele se humilhou”. Humilhar-se é esvaziar-se. Humilhar-se é não se ornamentar com vaidade. Humilhar-se é seguir o exemplo de Jesus na vida. A humildade evita a divisão da igreja.
Quem é humilde não faz nada por interesse pessoal ou vaidade, mas por humildade considera os outros superiores a si mesmo. O humilde não tem em vista os seus próprios interesses, mas os dos outros (Ef 2.3-4). Foi assim que fez Jesus. Esse é o caráter de Deus.
A humildade é algo a ser buscado em Cristo. Não é algo natural. A divisão da igreja em nossos dias é fruto da falta de humildade. As guerras, os desentendimentos, as disputas humanas seriam muito menores se houvesse mais humildade. O conselho encontrado na Primeira Carta do apóstolo Pedro, capítulo 5, versículos 6 e 7 é muito atual: “Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, os exalte. Lancem sobre ele todas as suas ansiedades, porque ele cuida de vocês”.
• Erní Walter Seibert é doutor em ciências da religião, mestre em teologia e tem MBA em marketing de serviços. É autor de cinco livros e tem trabalhos sobre teologia e ciências da religião publicadas em várias revistas especializadas, tanto no Brasil como no exterior. Atualmente, ocupa o cargo de diretor-executivo da Sociedade Bíblica do Brasil.
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