Prateleira
16 de setembro de 2019
- Visualizações: 3807
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
A Cruz: a grande tentação de Cristo
A propósito do “Dia da Cruz”, comemorado no dia 14 de setembro, publicamos o capítulo 14 do livro Não Perca Jesus de Vista, do pastor Elben César, para quem “a cruz não pode ser banida em hipótese alguma e em tempo algum”.
Por intermédio da cruz
“Desde aquele momento Jesus começou a explicar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém e sofresse muitas coisas às mãos dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei, e fosse morto e ressuscitasse ao terceiro dia” (Mt 16.21, NVI)

Não é a primeira vez nem será a última que homens e demônios tentam afastar Jesus da cruz, seja por brincadeira, como a de Mario Puzzo, ou por um motivo aparentemente sério, como o de Pedro. A cruz não pode ser banida em hipótese alguma e em tempo algum. Pois foi “por intermédio da cruz” que Jesus destruiu a inimizade que havia entre judeus e gentios e anunciou paz aos que estavam longe (aos gentios) e paz aos que estavam perto (os judeus), reconciliando uns e outros com Deus (Ef 2.11-22).
Pedro cometeu acertos e desacertos quando era discípulo de Jesus. O maior acerto de todos foi a sua confissão de fé: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Jesus o cumprimentou por isto: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus” (Mt 16.16-17). O maior desacerto de todos aconteceu logo em seguida. Foi quando Pedro teve a ousadia de chamar Jesus à parte para reprová-lo por sua firme disposição de seguir para Jerusalém, onde sofreria muitas coisas e seria finalmente morto e ressuscitado. Embora Jesus tenha sido complacente com Pedro em outros desacertos, inclusive quando o apóstolo o negou três vezes seguidas, desta vez o Senhor é enérgico com Pedro e lhe diz francamente: “Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e, sim, das dos homens” (Mt 16.21-23).
A grande tentação de Jesus, da qual ele sempre se guardava, era desviar-se da cruz. Logo após o batismo e imediatamente antes do início de seu ministério, o diabo o tentou a este respeito no deserto (Lc 4.5-8). No Jardim do Getsêmani, Jesus luta desesperadamente em oração, “com forte clamor e lágrimas” (Hb 5.7), para não deixar de beber o cálice da morte (Mt 26.36-46). Até durante a crucificação, Jesus foi tentado a descer da cruz por todo o mundo: pelos chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e anciãos (Mt 27.41-43), pelos soldados (Lc 23.36-37), por um dos ladrões com ele crucificado (Lc 23.39) e pelos transeuntes (Mt 27.39-40). Todos lhe diziam: “Salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus! E desce da cruz!”. O ladrão empedernido acrescentava: “Salva-te a ti mesmo e a nós também” (Lc 23.39). Ironicamente as autoridades religiosas gritavam: “Salvou os outros; a si mesmo se salve, se de fato é o Cristo de Deus, o escolhido” (Lc 23.35). E ainda prometiam zombeteiramente crer nele se Jesus descesse da cruz (Mt 27.42). Mas, em vez de salvar-se a si mesmo, Jesus fez exatamente o contrário: “A si mesmo se entregou por nós como oferta e sacrifício a Deus em aroma suave” (Ef 5.2) e “A si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.7-8).
O que muita gente não sabe, ou se esquece, é que Jesus poderia por si só livrar-se da morte e da cruz. Ele mesmo explicou a Pedro, quando este sacou da espada e golpeou o servo do sumo sacerdote em defesa de Jesus: “Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26.53). Mas até estes setenta e dois mil anjos como guarda-costas seriam desnecessários, graças ao poder que Jesus sempre manifestou e usou por seu próprio arbítrio (Lc 7.21-22).
Várias vezes antes da prisão de Jesus no Getsêmani, autoridades civis e religiosas tentaram prender ou matar o autodenominado Filho do homem. A primeira tentativa foi de Herodes, o Grande, logo após o nascimento de Jesus, em Belém da Judeia, só porque os magos referiram-se ao Senhor como o recém-nascido Rei dos judeus. A fúria de Herodes era sem igual, pois ele mandou assassinar todos os meninos de Belém e arredores, de dois anos para baixo, na certeza de que um dos mortos seria o filho de Maria (Mt 2.16-18). Mas, a esta altura, Jesus já estava no Egito, onde permaneceu até à morte de Herodes, no ano 4 da era cristã.
Quando o Senhor disse que ele era anterior a Abraão, “os judeus pegaram em pedras para atirarem nele, mas Jesus se ocultou e saiu do templo” (Jo 8.58-59). Houve outras tentativas inúteis e fracassadas para prender e para apedrejar Jesus (Jo 7.30, 32, 44; 8.20; 10.31, 39; 11.47-57). Foram inúteis porque “ainda não era chegada a sua hora”, como João explica (Jo 7.30; 8.20).
É muito instrutivo observar a mudança do tempo do verbo entregar quando ele se refere à entrega de Jesus nas mãos dos homens para ser morto. Quando o Senhor prediz a sua morte ainda na Galileia, ele garante: “O Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens e estes o matarão” (Mt 17.22-23). Quando o Senhor acaba de orar no Getsêmani e Judas e a coorte se aproximam, Jesus explica: “O Filho está sendo entregue nas mãos de pecadores” (Mt 26.45). E quando Paulo trata da expiação operada por Jesus, escreve: “O qual foi entregue por causa das nossas transgressões” (Rm 4.25).
Quando Pilatos superestimou o seu poder lembrando a Jesus que ele tinha autoridade para soltá-lo e autoridade para crucificá-lo, o Senhor o corrigiu de pronto: “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada” (Jo 19.11).

Quem está imbuído da Palavra de Deus há de se lembrar da profecia de Isaías de que Jesus daria a sua alma como oferta pelo pecado (Is 53.10). E também desta mais do que solene declaração: “Nessa vontade (a vontade férrea de Jesus de fazer o que sangue de touros e de bodes não podia fazer) é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo uma vez por todas” (Hb 10.10).
O propósito das celebrações da Ceia do Senhor é tornar o sacrifício de Jesus continuamente lembrado: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim” (1Co 11.24).
Nota: Texto publicado originalmente em Não Perca Jesus de Vista (Editora Ultimato).
Leia mais
» O que significa dizer que "Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre"?
» A cruz vazada anuncia o mais puro evangelho
» O que significa dizer que "Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre"?
» A cruz vazada anuncia o mais puro evangelho
16 de setembro de 2019
- Visualizações: 3807
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.

Leia mais em Prateleira

Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- O fator indispensável: a incansável contemplação do belo
- Inteligência Artificial e o futuro das missões
- O espanto da fé
- Vem aí o 1º Encontro Regional do Movimento Cristão 60+ “Tempo de desfrutar e de semear”
- Reconciliar-se com Deus e consigo mesmo
- ARTE para todo o lado!
- Junte-se a outros cristãos em oração por um abençoado Ramadã
- Como falar sobre perseguição religiosa com as crianças
- Construindo pontes: teologia, comunidade e missão no Quênia
- A explosão das bets e a implosão do cuidado