Opinião
- 05 de janeiro de 2018
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A caminhada missionária de Jesus
Por Bebeto Araújo
Lendo os evangelhos percebemos com relativa facilidade que toda a espiritualidade de Jesus era voltada para a missão que o Pai havia lhe dado. Esta missão tinha um caráter reconciliador e uma abrangência universal (2Co 5.18, 19; Cl 1.20).
Podemos dizer que espiritualidade é a maneira como a nossa fé se expressa no cotidiano. Na condição de discípulos e discípulas de Jesus nós somos desafiados, constantemente, a voltarmos nossos olhos para ele e considerarmos a sua espiritualidade como um modelo a ser aprendido e imitado.
Podemos citar aqui alguns aspectos da espiritualidade de Jesus que se manifestavam em sua caminhada de serviço e missão:
- Oração e busca contínua por discernir a vontade do Pai;
- Prática do amor solidário a todos, sem discriminação;
- Comunhão em volta da mesa e a partilha do pão;
- Proclamação das boas novas do Reino de Deus;
- Paixão radical pela missão.
Foi assim, de maneira naturalmente sobrenatural, que Jesus ensinou a seus discípulos que missão não se resume a um “projeto”, mas sim que deve ser o “estilo de vida” de todo aquele que o segue. Ou seja, todo cristão deve ser “sal e luz” em todos os lugares e por meio de tudo o que faz. E, francamente, o que nos impede de “salgar e iluminar” mais esse mundo não é a desconstrução de absolutos, o relativismo e a pluralidade religiosa de uma sociedade pós-moderna ou as distâncias geográficas e a falta de recursos econômicos e humanos. O que impede mesmo muitos cristãos de viverem missionariamente é a falta de senso de missão.
Vamos dar uma olhada num trecho da narrativa do Evangelho segundo Marcos que mostra o início da caminhada missionária de Jesus na região da Galileia (Mc 1.1-39). Podemos aprender muito observando como a espiritualidade de Jesus se expressava no cotidiano, através do seu estilo de vida missionário. Por favor, não siga lendo o que escrevo sem ler o que Marcos escreveu. Leia o texto bíblico!
>> O Incomparável Cristo <<
Jesus foi ao deserto, para onde estava indo muita gente sedenta de mudança. Ele não foi a um lugar qualquer, foi onde estava João Batista, um homem de Deus que convocava o povo a mudanças corajosas. Ali, nas margens do rio Jordão, inúmeras pessoas confessavam seus pecados, recebiam perdão e eram batizadas. No mesmo ambiente ouviam o ensino prático de João sobre como elas poderiam agora “produzir frutos dignos de arrependimento”. Perguntavam: “O que devemos fazer?” e a resposta de João era: “não acumulem, repartam; não pratiquem a extorsão, sejam honestos; não explorem o mais fraco, sejam justos e contentem-se com o que recebem”. Pois bem, é nesse contexto que Jesus é batizado e adere a este movimento popular composto por gente transformada.
Logo após a prisão de João, Jesus vai para a Galileia e inicia o seu ministério público anunciando a chegada do Reino e a necessidade da humanidade voltar-se para Deus (vs. 14 e 15). Já no início ele mostra que a missão é uma tarefa coletiva – o Senhor convoca uma primeira equipe de trabalho (Simão, André, Tiago e João - vs. 16-20). Essa é a primeira ação missionária de Jesus e precisa ser o primeiro ato missionário da igreja local: convocar pessoas, formá-las, abrir espaço para elas, enviá-las, pastoreá-las.
Agora, não mais sozinho, mas na companhia dos seus parceiros, Jesus segue a caminhada e vai bem cedo à sinagoga. O seu dia começa com oração e leitura da Palavra de Deus (v. 21). Lembrem-se: não se faz missão sem oração! Orar, meditar, partilhar a vida no ambiente da comunidade de fé é essencial na caminhada da missão. A oração e a Palavra fazem o discípulo-missionário lembrar que a colheita depende da graça de Deus, e não unicamente da força dos semeadores.
>> Chamado Radical <<
Jesus entra na sinagoga e expulsa um espírito impuro que oprimia um homem (v.26). Diferente dos fariseus, que tinham uma mentalidade legalista e moralista, Jesus não ficava classificando e separando os “puros” dos “impuros” – Jesus chega e liberta quem está oprimido e cura quem está doente.
Ele sai da sinagoga e vai para a casa de Pedro e encontra a sua sogra doente (vs. 29-31). Aproxima-se dela, toma-a pela mão, levanta-a da cama e a mulher é curada. Livre da febre, a sogra de Pedro começou a servir Jesus e seus discípulos. Jesus nos liberta para o serviço – esse é o maior milagre que pode acontecer na nossa vida: a libertação do egoísmo e da indiferença. Missão é servir! Jesus recupera a dignidade humana perdida e coloca a pessoa em estado de serviço e missão, isso é maravilhoso.
A caminhada missionária de Jesus continua. Ao cair da tarde, depois que o sol se pôs, terminando aquele dia de sábado, cheio de proibições, muita gente doente e perturbada, juntava-se no meio da rua, em frente à casa de Pedro, onde estava Jesus (vs. 32-34). Ali, na rua mesmo, Jesus atendeu a todos. Curou os doentes e expulsou os demônios. Um dia cansativo, mas cheio de vida nova, cheio de esperança, cheio das surpresas de Deus. O dia terminou, mas a missão ainda não acabou. Não esqueçam que a caminhada missionária é longa, pois missão começa na terra e só termina no céu!
>> A Missão Cristã no Mundo Moderno <<
Lemos no versículo 35 que “de madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um lugar deserto, onde ficou orando”. Independente das demandas, ele precisava alinhar o seu coração com o coração do Pai, cultivar a sua intimidade com Deus. Os discípulos, meio que desesperados, saem à sua procura. Quando o encontram, dizem: “Todos estão te procurando!” (v. 37). Jesus, movido por seu senso de missão, responde: “Vamos para outro lugar, para os povoados vizinhos, para que também lá eu pregue. Foi para isso que eu vim” (v. 38). É como se ele estivesse dizendo: pessoal, tem muita gente em outras regiões que ainda não ouviu sobre as boas notícias do Reino que vim anunciar..., vocês precisam entender que o Evangelho é bom demais pra ficar apenas com alguns; o Evangelho precisa se espalhar.
Oremos para que, na caminhada missionária para a qual Deus tem nos chamado, possamos manter os nossos olhos em Jesus. Em meio a tantos programas e demandas, cuidemos para não perder Jesus de vista. Façamos sempre a escolha radical de ter o Nazareno como a nossa fonte de inspiração e como o nosso referencial no cumprimento da Missão.
Bebeto Araújo é engenheiro florestal, pastor-missionário na Igreja da Vinha em Itaperuçu, PR, e diretor da Missão Aliança Noruega.
Artigo escrito a partir da pregação feita pelo pr. Bebeto no culto de formatura dos alunos do Centro Evangélico de Missões (CEM), no qual ele também fez o curso preparação missionária.
Lendo os evangelhos percebemos com relativa facilidade que toda a espiritualidade de Jesus era voltada para a missão que o Pai havia lhe dado. Esta missão tinha um caráter reconciliador e uma abrangência universal (2Co 5.18, 19; Cl 1.20).
Podemos dizer que espiritualidade é a maneira como a nossa fé se expressa no cotidiano. Na condição de discípulos e discípulas de Jesus nós somos desafiados, constantemente, a voltarmos nossos olhos para ele e considerarmos a sua espiritualidade como um modelo a ser aprendido e imitado.
Podemos citar aqui alguns aspectos da espiritualidade de Jesus que se manifestavam em sua caminhada de serviço e missão:
- Oração e busca contínua por discernir a vontade do Pai;
- Prática do amor solidário a todos, sem discriminação;
- Comunhão em volta da mesa e a partilha do pão;
- Proclamação das boas novas do Reino de Deus;
- Paixão radical pela missão.
Foi assim, de maneira naturalmente sobrenatural, que Jesus ensinou a seus discípulos que missão não se resume a um “projeto”, mas sim que deve ser o “estilo de vida” de todo aquele que o segue. Ou seja, todo cristão deve ser “sal e luz” em todos os lugares e por meio de tudo o que faz. E, francamente, o que nos impede de “salgar e iluminar” mais esse mundo não é a desconstrução de absolutos, o relativismo e a pluralidade religiosa de uma sociedade pós-moderna ou as distâncias geográficas e a falta de recursos econômicos e humanos. O que impede mesmo muitos cristãos de viverem missionariamente é a falta de senso de missão.
Vamos dar uma olhada num trecho da narrativa do Evangelho segundo Marcos que mostra o início da caminhada missionária de Jesus na região da Galileia (Mc 1.1-39). Podemos aprender muito observando como a espiritualidade de Jesus se expressava no cotidiano, através do seu estilo de vida missionário. Por favor, não siga lendo o que escrevo sem ler o que Marcos escreveu. Leia o texto bíblico!
>> O Incomparável Cristo <<
Jesus foi ao deserto, para onde estava indo muita gente sedenta de mudança. Ele não foi a um lugar qualquer, foi onde estava João Batista, um homem de Deus que convocava o povo a mudanças corajosas. Ali, nas margens do rio Jordão, inúmeras pessoas confessavam seus pecados, recebiam perdão e eram batizadas. No mesmo ambiente ouviam o ensino prático de João sobre como elas poderiam agora “produzir frutos dignos de arrependimento”. Perguntavam: “O que devemos fazer?” e a resposta de João era: “não acumulem, repartam; não pratiquem a extorsão, sejam honestos; não explorem o mais fraco, sejam justos e contentem-se com o que recebem”. Pois bem, é nesse contexto que Jesus é batizado e adere a este movimento popular composto por gente transformada.
Logo após a prisão de João, Jesus vai para a Galileia e inicia o seu ministério público anunciando a chegada do Reino e a necessidade da humanidade voltar-se para Deus (vs. 14 e 15). Já no início ele mostra que a missão é uma tarefa coletiva – o Senhor convoca uma primeira equipe de trabalho (Simão, André, Tiago e João - vs. 16-20). Essa é a primeira ação missionária de Jesus e precisa ser o primeiro ato missionário da igreja local: convocar pessoas, formá-las, abrir espaço para elas, enviá-las, pastoreá-las.
Agora, não mais sozinho, mas na companhia dos seus parceiros, Jesus segue a caminhada e vai bem cedo à sinagoga. O seu dia começa com oração e leitura da Palavra de Deus (v. 21). Lembrem-se: não se faz missão sem oração! Orar, meditar, partilhar a vida no ambiente da comunidade de fé é essencial na caminhada da missão. A oração e a Palavra fazem o discípulo-missionário lembrar que a colheita depende da graça de Deus, e não unicamente da força dos semeadores.
>> Chamado Radical <<
Jesus entra na sinagoga e expulsa um espírito impuro que oprimia um homem (v.26). Diferente dos fariseus, que tinham uma mentalidade legalista e moralista, Jesus não ficava classificando e separando os “puros” dos “impuros” – Jesus chega e liberta quem está oprimido e cura quem está doente.
Ele sai da sinagoga e vai para a casa de Pedro e encontra a sua sogra doente (vs. 29-31). Aproxima-se dela, toma-a pela mão, levanta-a da cama e a mulher é curada. Livre da febre, a sogra de Pedro começou a servir Jesus e seus discípulos. Jesus nos liberta para o serviço – esse é o maior milagre que pode acontecer na nossa vida: a libertação do egoísmo e da indiferença. Missão é servir! Jesus recupera a dignidade humana perdida e coloca a pessoa em estado de serviço e missão, isso é maravilhoso.
A caminhada missionária de Jesus continua. Ao cair da tarde, depois que o sol se pôs, terminando aquele dia de sábado, cheio de proibições, muita gente doente e perturbada, juntava-se no meio da rua, em frente à casa de Pedro, onde estava Jesus (vs. 32-34). Ali, na rua mesmo, Jesus atendeu a todos. Curou os doentes e expulsou os demônios. Um dia cansativo, mas cheio de vida nova, cheio de esperança, cheio das surpresas de Deus. O dia terminou, mas a missão ainda não acabou. Não esqueçam que a caminhada missionária é longa, pois missão começa na terra e só termina no céu!
>> A Missão Cristã no Mundo Moderno <<
Lemos no versículo 35 que “de madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um lugar deserto, onde ficou orando”. Independente das demandas, ele precisava alinhar o seu coração com o coração do Pai, cultivar a sua intimidade com Deus. Os discípulos, meio que desesperados, saem à sua procura. Quando o encontram, dizem: “Todos estão te procurando!” (v. 37). Jesus, movido por seu senso de missão, responde: “Vamos para outro lugar, para os povoados vizinhos, para que também lá eu pregue. Foi para isso que eu vim” (v. 38). É como se ele estivesse dizendo: pessoal, tem muita gente em outras regiões que ainda não ouviu sobre as boas notícias do Reino que vim anunciar..., vocês precisam entender que o Evangelho é bom demais pra ficar apenas com alguns; o Evangelho precisa se espalhar.
Oremos para que, na caminhada missionária para a qual Deus tem nos chamado, possamos manter os nossos olhos em Jesus. Em meio a tantos programas e demandas, cuidemos para não perder Jesus de vista. Façamos sempre a escolha radical de ter o Nazareno como a nossa fonte de inspiração e como o nosso referencial no cumprimento da Missão.
Bebeto Araújo é engenheiro florestal, pastor-missionário na Igreja da Vinha em Itaperuçu, PR, e diretor da Missão Aliança Noruega.
Artigo escrito a partir da pregação feita pelo pr. Bebeto no culto de formatura dos alunos do Centro Evangélico de Missões (CEM), no qual ele também fez o curso preparação missionária.
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