Participantes do Vocare2016

Ainda ressoam em minha mente as lembranças dos sorrisos, das conversas, das lágrimas e das decisões tomadas

O despertador do smartphone do meu amigo tocou. Ouvi o som meio longe. Meu corpo parecia bem mais pesado do que o normal. Os olhos demoraram a abrir-se. Era domingo, o último dia do Vocare2016. Durante quatro dias, dormimos muito pouco e o cansaço parecia vitorioso. No entanto, o primeiro compromisso daquela manhã nos esperava: o café da manhã. Levantei, arrumei o colchão (sem cama) no quarto improvisado para três pessoas na sala de aula da Unicesumar. E fui.

Se no domingo o corpo pedia descanso, na quinta-feira (primeiro dia) a cabeça fervilhava de expectativa. Como será o Vocare? O que Deus nos falará? E se der tudo errado? E se der tudo certo? Mas a verdade é que, no final de tudo, sai de Maringá com a mente cheia de ideias e o corpo pronto para enfrentar o que virá pela frente.

Olhando para trás, faço um exercício mental e emotivo para listar seis sementes que plantamos no Vocare deste ano. Se o princípio básico é que para dar frutos, precisamos estar ligados à videira (Jo 15), é com esperança que devemos plantar os grãos, porque quem dá o crescimento é o próprio é Deus (1 Co 3.7).

1.
Plantamos um esforço teimoso e santo em favor da unidade
É fácil falar sobre unidade da igreja; difícil é lutar por ela. Tivemos inúmeras razões para tomar decisões mais “prudentes”, colocando o testemunho pela unidade em segundo plano. No entanto, fomos guiados por Deus para insistirmos, teimarmos em dar um testemunho poderoso aos jovens presentes de que não há ações missionárias duradouras sem uma igreja unida. Em tempos de ódio, o Vocare proclamou que quem nos move é o amor de Deus a fim de amarmos um ao outro, tornando-nos cooperadores no “ministério da reconciliação” (2Co 5.18-19). O evento não foi feito por uma única organização, mas sim por 26. Cada uma tem um jeito diferente de trabalhar, mas todas respeitaram a proposta conceitual do Vocare e deram as mãos. Outra coisa: houve pluralidade no perfil dos preletores; e nesta pluralidade todos focaram o que era essencial naqueles dias: a compreensão do chamado de Deus para a igreja e a juventude.

2.
Plantamos para que nossos jovens sejam mais do que ouvintes
Em um evento com 1.100 pessoas, é fácil encontrar uma maioria disposta a apenas ouvir. Não foi o caso do Vocare. Os jovens estavam realmente interessados em conhecer a vontade de Deus para suas vidas. Muita gente percebeu isso, desde preletores a oficineiros e coordenadores. Não era incomum encontrar participantes pedindo conselhos, orando, voluntariando-se, fazendo perguntas, experimentando vivências missionárias, liderando e interagindo em pequenos grupos.

3.
Plantamos intergeracionalidade
O Vocare não é simplesmente um congresso para jovens cristãos. Ele é concebido para que propicie a interação entre gerações. É o caso do HangOut, que cria espaço para que gente experiente dialogue com os mais jovens. Lá a conversa fluiu e muitos se sentiram abençoados. Outro exemplo é a possibilidade de os líderes das agências missionárias conhecerem novos vocacionados e explicarem a eles caminhos concretos de serviço. Foi muito bom ver isso no espaço dos estandes e no Connect.

4.
Plantamos arte sintonizada com a missão
Música, teatro, apresentação musical, grafite, vídeos etc. Tudo isso esteve presente no Vocare. Nas oficinas, ao ar livre, no palco. Tudo integrado com o desejo de servir a Deus e proclamar sua vontade ao mundo.

5.
Plantamos Palavra e oração
 O Vocare não teve um momento específico para exposições bíblicas, mas a Palavra estava em todos os lugares, a começar com a Maratona de Leitura Bíblica (lemos a Bíblia toda nos quatro dias, encerrando com Apocalipse 22 no palco). Nas plenárias, a Bíblia também foi o norte para as reflexões. Outra coisa bonita foi o esforço de proporcionar momentos de oração. Fizemos isso em plenária, mas principalmente, no “Quarto de Guerra” e cedinho nas caminhadas de oração. Ainda devemos aperfeiçoar estes espaços, mas definitivamente a oração entrou no programa do Vocare.

6.
Plantamos esperança
“O melhor está por vir” foi um mote repetido por nós. Com isso não significa dizer que o que já aconteceu foi ruim ou que o sacrifício de Cristo foi menos importante do que o que ainda acontecerá. Quer dizer que temos esperança; que Deus cumprirá seus planos; que a vocação nos dá sentido eterno; que somos movidos pela certeza de que o destino será glorioso; e de que vale a pena trabalhar e servir ao Senhor da vida. No lugar de um pessimismo indiferente, transmitimos a confiança de que o futuro será melhor do que nossas imperfeições de hoje.

Agora já estou em casa, longe de Maringá. Mas ainda ressoam em minha mente as lembranças dos sorrisos, das conversas, das lágrimas, das decisões tomadas por tanta gente com quem conversei e que observei.

Ainda há muita coisa a ser feita para que não haja mais abismos entre o coração ardente de um jovem disposto a ouvir o chamado de Deus e a responsabilidade da igreja por acolhê-lo, encorajá-lo e enviá-lo. A caminhada é longa. No entanto, temos convicção de que lançamos as sementes. “Aquele que começou boa obra em nós, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6).

Nota:
A segunda edição do Vocare ocorreu de 21 a 24 de abril, na Universidade Unicesumar, em Maringá (PR) e reuniu cerca de 1.100 pessoas de todo o Brasil. O evento é organizado por 26 organizações evangélicas, sob a liderança da AMTB (Associação de Missões Transculturais Brasileiras). Confira a página do Vocare no Facebook.

ATENÇÃO!
Você já pode fazer sua inscrição para o Vocare2017. Basta acessar o site e clicar no banner de inscrição.

Leia mais
Cobertura completa do Vocare2016
Histórias e desafios dos 7 segmentos menos evangelizados no Brasil
Vocação e Juventude (e-book)