Por Clara Gandolfi

O Senhor é quem sabe os planos que têm para nós, são planos de paz e não de mal, planos para dar um futuro e esperança.
Jeremias 29:11

Aos 15 anos, pedi aos meus pais uma viagem à África de presente de aniversário; após conhecer uma missionária que realizou um trabalho naquele continente, meu coração simplesmente dizia que eu deveria ir a qualquer custo. Claro que qualquer pai e mãe não levaria muito a sério esse pedido, e acabei não conseguindo ir.

Então eu deveria parar ou continuar?

Com apenas 15 anos, como eu poderia ajudar alguém?

Comecei o curso técnico em enfermagem, estava decidida que esse seria o caminho para me levar até o continente africano. Cinco anos se passaram, já estava formada como técnica em enfermagem e cursando faculdade, e nada de eu ir para África.

Cheguei a duvidar, desacreditei que Deus havia me chamado para algo.

Então, em 2018, em meio às milhões de perguntas que fazia para Deus, recebi dele o versículo de Jeremias 29.11: “O Senhor é quem sabe os planos que têm para nós, são planos de paz e não de mal, planos para dar um futuro e esperança”?. Naquele momento tive a completa convicção que Deus tinha um plano, por mais que eu não entendesse, e não compreendesse o tempo ou o caminho, Ele tinha um plano. No mesmo dia eu conheci a Missionária Rejane que atua em Burkina Faso, Oeste Africano. Meu coração tremeu, eu chorei, e lembro das palavras dela: “Vamos para África comigo?”.

Mas, como o tempo de Deus é perfeito, fui para Burkina Faso em 2020, com 21 anos, no tempo preparado de Deus. Quando pisei naquele país foi como se tudo que eu vivi tivesse me preparado exatamente para aquele momento com as mulheres africanas. Tudo fez sentido. Eu fui totalmente quebrada; minha religiosidade, minhas ideologias, minhas estratégias e planejamentos caíram ao chão, mas Ele bastava.

Em um atendimento individual que realizei, recebi uma mulher muçulmana que me entregou uma foto sua, pois disse que na palestra de saúde da mulher ela nunca havia se sentido tão amada na vida, e queria me presentear com a foto. Quando ofereci uma oração, ela contou que o esposo era um líder muçulmano e estava ali na igreja escondida, ele não poderia saber. Automaticamente me constrangi: que cristã eu sou em minha terra natal? Teria tamanha coragem como a dela?

Em outro atendimento recebi uma mulher que sonhava ter filhos, mas sempre perdia a gestação. Ela queria uma solução, remédio, exames, etc. Eu não possuía nada naquele momento, e

disse que tinha um Deus que poderia fazer um milagre e perguntei se poderia orar. Choramos muito naquele momento, a presença de Deus era real. No ano seguinte, quando eu retornei para Burkina Faso, fui até a casa dela e segurei o próprio milagre. A pequena Graça, sua filha, havia nascido grande e saudável. Louvado seja Deus.

A grande verdade é que nunca compreenderemos por completo o plano de Deus, apenas devemos dar o próximo passo em obediência. Quando se espera pela vida que “merece” o resultado é incerto. O que é que eu vou fazer? Será que me esforcei o suficiente?

Quem vive preso ao medo de não ser bom o suficiente, precisa conhecer a verdade libertadora da suficiência de Cristo. Sozinha eu não sou suficiente. Sozinha o sucesso é uma Utopia que eu tento agarrar com as minhas mãos fracas e meus pés cansados. Ainda bem que eu não estou sozinha. Eu não me preocupo mais com o que eu farei, porque o que fundamenta minha vida é o que Ele já fez. Eu não me preocupo com sucesso, porque entendo que sou uma sucessora; é por isso que hoje eu não me preocupo mais com o futuro: O que eu vejo no céu traz brilho para os meus olhos e sorriso para o meu rosto. Os planos dEle são maiores e melhores que os nossos, apenas sirva.

• Clara Gandolfi, estudante de enfermagem, desenvolve um projeto de saúde da mulher em Burkina Faso.