Por Julia Oliveira Gomes

São tempos de frenesi. Informações são despejadas sobre nós a todo instante, sofremos com estímulos em excesso, somos ensinados com base em uma educação que tenta projetar a humanidade para ser mais sábia, ao fazer-nos acumular conhecimento, de modo que uma criança de sete anos detém mais informação do que um imperador romano no auge do poderoso império.

Aprendemos o porquê, quando e como habitamos dos desertos mais áridos aos ambientes mais gélidos, cruzamos oceanos e aterrissamos na lua, vagamos em lugares inóspitos como nômades para então construir civilizações, aprendemos a manusear o fogo a nosso favor, inventamos a escrita, desenvolvemos tecnologia e medicina.

Ainda que percorra sistemas estelares em suas sondas enviadas pela NASA, o ser humano não avança, antes, retrocede na confusão de si. Declina em sua maldade, ao invés de ascender como o sol nascente. Mais de dois mil anos se passaram desde a encarnação do Verbo. Tanto aprendemos, contudo, uma coisa nos faltou, uma evolução do ser que nem a seleção natural pode realizar. Como viveremos, então?

Me parece que o conhecimento não nos salvará, enfim. O Homo sapiens está doente, inchou-se e inflou-se a si mesmo. Entretanto, se não na razão, onde? Onde está a salvação? Certamente, não na emoção de corações volúveis. Talvez ela esteja lá fora ou, quem sabe, aqui dentro, gritando:

“A sabedoria clama em alta voz nas ruas, ergue a voz nas praças públicas” (Provérbios 1:20).

Um verso profético. A sabedoria nasceu como pequenino, cresceu em graça, estatura e deixou-se ser criada por seres falhos. Comeu com pecadores, andou pelas ruas de Jerusalém, falou nas sinagogas, nas praias e nos montes. Todavia, aos olhos humanos, ela também cometeu atos considerados de loucura, morreu em meu lugar, mesmo sendo injustiça para si, tornou-me justiça de Deus. Salvou-me de perder-me para a morte, e assim, do conflituoso estado de minhas emoções e da mundana razão ignorante.

Quem ouve seu clamor? Aqueles que são chamados pela Voz que invocou o despertar da existência, seus discípulos. Outros que são considerados doidos, pois não revidam. Escolhem o amor ao ódio; a verdade, neste relativo mosaico de ideias. Esperam pacientemente pelo retorno do Mestre, ao passo que a multidão ri deles nesta era de instantes.

A Sabedoria de Deus encarnada é mestra dessas mulheres e desses homens. Eles não precisam de mapa, dado que andam no sábio Caminho. Quando sedentos, pedem e são saciados. E se o pão não for farto, a Palavra da Vida lhes é para um viver abundante. Essas pessoas são sábias, mesmo que alguns sejam analfabetos, porque seu coração é de servo humilde, língua doce e gesto manso, e seu conhecimento não é um acúmulo terreno, mas precioso como tesouro do paraíso.

Assim, viveremos no testemunho de um evangelho que é escândalo para os judeus e loucura para os gentios, que foi cura para a minha alma. A essa gente, nada provável, foi prometido um Reino; fora dele ficarão os insensatos, os que ignoraram os gritos da Sabedoria. Porque a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria humana. Yahweh escolheu o que para o mundo é loucura para envergonhar os sábios.

  • Julia Oliveira Gomes, 20 anos, discípula do Cristo. Estudante de ciências biológicas na UFSCar, leitora voraz. Ama C. S. Lewis e é fã de Star Wars. Gosta de música e fotografia. Instagram: @prosasprosaicas

A SABEDORIA GRITA NAS RUAS – QUEM VAI OUVIR? | REVISTA ULTIMATO

Ser sábio é ser mais semelhante a Cristo e manter-se nele. Quem escolhe permanecer em Jesus – a Videira – tem garantida vida abundante que dá muito fruto. E o fruto é amplo [para todos]: “Pedimos a Deus que lhes conceda pleno conhecimento da sua vontade e também sabedoria e entendimento espiritual. Então vocês viverão de modo a sempre honrar e agradar o Senhor, dando todo tipo de bom fruto e aprendendo a conhecer a Deus cada vez mais” (Cl 1.9-10). A matéria de capa é um convite para que abracemos a Sabedoria.

 

É disso que trata a matéria de capa da edição de 398 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.


Saiba mais:

» Sabedoria – anseio humano, arte de viver
» Teologia para o Cotidiano

  1. ótimo texto para os nossos dias atuais, são tantas vozes e coisas para ouvir e dizem que temos que ouvir que esquecemos da voz do eterno, da voz que realmente devemos sempre ouvir. li ouvindo “silêncio” do João mano e cada frase se completa com o que foi escrito. obrigado por tê-lo feito.

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