Tamara Tjahja Adiwardana Horie

O que você pensa quando lê a expressão “arte cristã”? Provavelmente, vêm à sua mente as catedrais majestosas, ou as pinturas renascentistas representando a vida de Jesus e outras passagens bíblicas. Esses exemplos são obras magníficas, porém parecem estar separados de nós por séculos. Será que a arte cristã parou de ser produzida?

Os exemplos acima são dotados de referências explícitas e símbolos da tradição cristã. Em seu devido contexto, cumpriram sua função: refletir a glória de Deus. No caso de algumas catedrais, o indivíduo tem uma experiência de se sentir pequeno comparado a Deus, e seus ornamentos são feitos de materiais nobres ou brilhantes para representar, ainda que limitadamente, sua grandeza.

A arte tem sempre algo para comunicar, e ainda que não se deseje ter um sentido, continua sendo uma expressão do artista. Como somos imagem e semelhança de Deus, herdamos a criatividade dEle, e Ele valoriza essa característica. Isso pode ser observado, por exemplo, no período de construção do Tabernáculo, quando Deus convoca os artesãos do povo, para a confecção das roupas de Arão (Êx 28:3), a Tenda do Encontro, a arca da aliança e todos os utensílios da tenda (Êx 31:1-11).

Então, sendo filhos de Deus que vivem no século 21, como podemos comunicar o que Deus tem feito na história da humanidade e também na nossa vida cotidiana?

Na faculdade, junto com meus amigos da ABU, tenho a oportunidade de postar ilustrações em uma conta que criamos no Instagram para divulgar a nossa fé por meio da arte no meio universitário @reuniaozinhadafau. É um prazer compartilhar o que Deus tem falado aos nossos corações por meio de desenhos, colagens, poemas, entre outros, com nossos colegas. Com esta experiência, aprendi que, em primeiro lugar, precisamos viver Jesus em qualquer lugar em que estivermos, e também é importante estarmos enraizados nEle. A arte e o artista estão intrinsecamente conectados, e o modo como vivemos é percebido pelas pessoas.

Assim, se nossa identidade estiver firmada em Cristo, nossas manifestações artísticas podem ser usadas pelo Espírito Santo para tocar os corações de maneiras diferentes e específicas. Se cultivarmos nosso relacionamento com Ele, sua presença se estenderá ao cotidiano, e consequentemente, tudo o que fizemos será para glorificá-lo (1Co 10.31), inclusive nossa arte.

Toda a criação aponta para Cristo, mas nem sempre com palavras e imagens explícitas. Assim também podemos usar de maneira sábia nossas habilidades como filhos de Deus para manifestar aquilo que o mundo aguarda com tanta expectativa (Rm 8.19). O mundo aguarda pela redenção na música, na pintura, na escultura, na moda, na fotografia e em tantas outras artes, as quais são feitas por pessoas comuns, como universitários, que creem no maior Criador.

  • Tamara Tjahja Adiwardana Horie, estudante de arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo (USP) e membro da Igreja Metodista Livre de São José dos Campos, Concílio Nikkei. @tamarahorie.

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