Susan Tseng Chou

Susan tem 21 anos, é aluna do curso de arquitetura e urbanismo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e de cursos de desenho e pintura. É membro da Igreja Evangélica dos Cristãos de São Paulo onde até pouco tempo dava aula na escola dominical e tocava bateria – o verbo no passado é porque Susan está fazendo um intercâmbio na França atualmente.

Ultimato conheceu Susan quando uma ilustração feita por ela foi publicada na seção “Ponto Final” da edição 392 de Ultimato. Dali em diante, crescemos em contato e conhecemos uma série de belas ilustrações de sua autoria – @electedalien.

O Blog Ultimato Jovem fez questão de entrevistar Susan a propósito de sua relação com a arte e o resultado da conversa pode ser lido a seguir.

Conte como a arte entrou em sua vida.

Desde pequena eu amo desenhar. Pegava os livros infantis e copiava as ilustrações ao invés de lê-los. Aos 11 anos, meus pais me colocaram em um curso de desenho e, mais tarde, já na faculdade, fiz um curso de pintura.

Sinto que essas experiências me orientaram no sentido da técnica, mas foi no curso de arquitetura que fui me interessando pelo valor simbólico do que é a arte e a ilustração, pela sua capacidade expressiva, carregada de significado e de beleza na composição. Mais recentemente, desde o início da pandemia, eu tenho me aventurado pelo mundo da ilustração digital, o que tem aberto novas portas para mim profissionalmente e também quanto ao meu próprio interesse pela área.

Fale sobre uma ou duas criações suas que mais aprecia.

Eu gosto muito de uma ilustração que fiz sobre medo. Ela veio de um período de conflitos não ditos, de tentativas de manter a paz enquanto claramente havia tensão. Eu tenho a tendência a preferir abafar esses desconfortos, e agir como se eles não estivessem lá, em prol de um ambiente tranquilo. Mas essa “paz” é muito frágil, e amar não é sinônimo de não ter conflitos. Fiz o desenho como uma decisão para mim mesma de que eu quero amar a ponto de enfrentar as tensões, a ponto de me comunicar, de ouvir. E assim descobrir uma nova profundidade nos relacionamentos.

Eu gosto também de uma outra em que eu desenhei um elefante sentado em cima de mim. Ela é sobre o peso que eu deixo meus erros terem sobre mim. Eu sinto que muitas vezes confio muito mais neles do que em Deus. Muitas vezes tenho dificuldade de viver a liberdade que há em um Deus que já pagou pelos meus erros e que caminha pacientemente comigo através dos acertos, erros, correções, transformações.

Quais são os “motivos” de suas ilustrações (pessoas, fatos etc)?

Costumo desenhar as coisas que me fazem mudar de ideia. Não necessariamente grandes ideias, mas coisas que me impactam no dia a dia e que de repente me fazem ver o mundo de outra forma. Pequenas inspirações, pedrinhas preciosas que vou encontrando por aí despretensiosamente enfiadas entre as pedrinhas no chão. Por isso acaba sendo sobre as pessoas que estão ao meu redor, família e amigos, e também sobre fatos que vão acontecendo, filmes que me inspiram etc.

O cristão artista tem um papel diferente de outro artista?

Acredito que sim e não. Acho que a arte acaba sendo uma expressão da nossa humanidade. É o que a gente consegue produzir quando nada mais consegue expressar a mistura de pensamentos, sentimentos e ideias próprias da vida humana, seja o artista cristão ou não. A diferença eu acho que está no fato de que essa vida humana para os cristãos é completamente envolvida pelo que Jesus fez na cruz. E a expressão da nova humanidade que está em Cristo com certeza vai ser diferente.

Acho que independente do tema, se a arte produzida por um cristão expressa uma vida de relacionamento com esse Deus redentor, de descobertas do Seu caráter, ela tem um papel diferente. É uma criatura falha, mas redimida, que trilha o caminho de transformação de sua natureza – cheio de erros, de desvios, voltas, alegrias, acertos, cheios de vida humana – e que imita seu Redentor no ato de criar. É alguém que se apropria do potencial maravilhoso que tem a criação de Deus, da criatividade e habilidade que recebeu, e testemunha para o mundo através da arte como é essa vida acompanhada pelo Criador. Eu acho isso o máximo.


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