Amizade, ordinário e sublime amor
Por Julia Gomes
Ouvimos músicas, escrevemos poemas, lemos livros e assistimos filmes sobre romance. Suspiramos, choramos, nos emocionamos e sonhamos com uma história de amor. Todavia, não produzimos em abundância para o “menos biológico” dos amores; ele parece não arrebatar as pessoas como um bom conto de amor entre um casal, sendo deixado de lado nas nossas expressões artísticas e o mais triste, na vida.
Estou falando sobre a amizade. Talvez o mais ordinário e, ainda assim, sublime dos amores. Buscado por muitos, ignorado por tantos; não necessário para gerar vida como o instintivo Eros, tampouco para criar filhos como a afeição quase que natural dos pais. Contudo, a amizade é o amor que coroa a vida, a cereja do bolo, o bônus cujo valor enriquece o viver.
Tal como já havia dito Jesus, o amor está se esfriando, e com isso, a amizade. Cada vez mais percebo o quanto temos dificuldade em sermos amigos uns dos outros. Ainda que com inúmeros meios de nos comunicarmos e facilidade para mobilidade a fim de sermos presentes, nunca se viu uma geração que se sentisse tão solitária.
Ao invés de ser um banquete, temos tratado a amizade como migalha. Usamos dela como recurso para preenchermos as lacunas do nosso tempo, nossos amigos não são prioridade, o eu é o que importa. O mais sério é que isso tem sido visto dentro das paredes das igrejas. É por isso que devemos voltar nossos olhos para aquele que é amor, aquele que soube ser e é amigo de verdade – Emanuel, o Deus conosco.
É interessante notar que Cristo tinha a maior e mais importante missão de todos os tempos, a remissão de nossos pecados e a vida eterna através da salvação; e mesmo encarregado desta colossal tarefa, Ele tinha tempo para jantar com os discípulos, seus amigos. Como ousamos dizer que não temos tempo para nossos amigos quando o próprio Messias teve?
Jesus chorou com suas amigas Marta e Maria quando o irmão delas, seu amigo Lázaro, morreu. Ele fez das lágrimas delas as dEle. João era tão amigo do Grande, que ele reclinava a cabeça no peito do Mestre, assim como um amigo coloca a cabeça no ombro do outro.
Podemos também ver os exemplos, tanto de Paulo como de Jonatas. Paulo se lembrava das lágrimas de Timóteo e dizia em sua carta que sua alegria só estaria completa quando encontrasse seu amigo. Jonatas foi visitar seu amigo Davi enquanto esse estava escondido de seu pai, Saul. O próprio Deus caminhava todo fim de tarde no Éden para conversar com Adão e Eva, coisa que só quem é amigo faz. Sejamos mais intencionais em nossas amizades, como a Palavra nos ensina.
Por fim, embora uma multidão o seguisse e Ele trouxesse cura e libertação para toda aquela gente, só os Doze estiveram com Jesus em sua última ceia. Ele nos ensinou que a mesa da ceia é a mesa da amizade, única e exclusivamente para amigos. Pois éramos inimigos de Deus, mas em Cristo, a criatura se torna amiga de seu Criador. Logo, posso também ser amiga de meus irmãos.
“Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu tornei conhecido a vocês.” – João 15:15.
- Julia Oliveira Gomes, 18 anos, estudante de ciências biológicas na UFSCar, leitora voraz. Ama C. S. Lewis e é fã de Star Wars. Gosta de música e fotografia. Instagram: @prosasprosaicas
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