Qual o futuro da igreja na Ásia Central?

Conheça a nova geração de cristãos na região e entenda mais sobre seu passado histórico na União Soviética

Rejeição, humilhação, agressão. Esses tipos de perseguição é sempre uma realidade para cristãos na Ásia Central. Afinal, eles são vistos como traidores da nação apenas por deixarem a fé muçulmana tradicional. Os jovens de famílias cristãs na região não são exceção. Sua pouca idade os torna ainda mais vulneráveis. Mas mesmo diante desse cenário, Deus continua usando a juventude na Ásia Central para construir seu Reino.

Onde fica a Ásia Central? Como os cristãos vivem lá?

No período soviético, o cristianismo era a religião predominante na Ásia Central; porém, com a dissolução da União Soviética em 1991, o percentual de cristãos caiu e o número de muçulmanos aumentou

Os cinco países da Ásia Central como conhecemos hoje, Uzbequistão, Turcomenistão, Tajiquistão, Cazaquistão e Quirguistão, foram criados no início da União Soviética. A Rússia conquistou a região no século 19 e a dividiu de acordo com as maiorias étnicas que viviam ali.

Durante a União Soviética, o governo central de Moscou determinava tudo. O Partido Comunista dominava por meio de um regime ditatorial que não hesitava em agredir e prender os oponentes, condenando-os a longos períodos em cadeias ou campos de trabalho, conhecidos na região como gulags.

Mas então chegou 1991. Um golpe contra o presidente Gorbachev levou tudo ao caos. E foi assim que, em 25 de dezembro de 1991, foi assinado o documento que colocou fim à União Soviética. Com isso, as 15 repúblicas soviéticas ganharam independência.

Na época soviética, os cristãos já eram severamente perseguidos e nada melhorou desde a independência dos países. Antes de 1991, os cristãos eram quase exclusivamente não nativos, de origem russa, ucraniana, polonesa, alemã ou coreana. Mas depois muitos não nativos deixaram a região e diversos centro-asiáticos se converteram. Como resultado, a igreja na Ásia Central hoje é composta em sua maioria por nativos, o que aumentou a hostilidade contra os cristãos.

Quer conhecer histórias de jovens da Ásia Central?

Adil, um soldado de fé

Adil é um jovem soldado que foi perseguido durante o serviço militar na Ásia Central, mas se manteve fiel à fé cristã

Adil (pseudônimo) aceitou a Jesus durante a infância e foi batizado aos 14 anos. Os pais fazem parte da primeira geração de convertidos na Ásia Central após o colapso da União Soviética. Aos 18 anos, Adil ingressou no exército, sendo enviado para outra cidade. Ele lia a Bíblia e orava todos os dias. Ao verem isso, os soldados descobriram que ele era cristão e começaram a oprimi-lo e humilhá-lo, já que foi considerado traidor da fé islâmica.

O rapaz foi questionado e forçado a renunciar a Jesus, porém recusou. Além de ser humilhado e agredido, perdeu outros privilégios, como os dias de folga e o celular. Passou a falar com a família por meio de cartas que eram lidas antes de serem enviadas. Ao saber sobre Adil, um grupo de cristãos foi visitá-lo e passou a fazer isso de tempos em tempos para ajudá-lo a passar pelo período do serviço militar.

“Eu não troco minha fé em Jesus por nada.”

Adil, jovem cristão na Ásia Central

Pouco tempo depois, Adil foi hospitalizado. Ao visitá-lo, o pastor viu uma cena triste. O rapaz teve o maxilar quebrado pelos colegas de quartel, além de muitos outros ferimentos. O motivo da agressão: a fé em Jesus. Enquanto estava no hospital, um oficial tentou descobrir o motivo do incidente, mas Adil não deu detalhes de como foi agredido.

 

Transformando corações

Ao deixar o hospital, a pressão não acabou. O cristão foi enviado para uma área montanhosa remota, o que parecia uma punição por sua conversão. O superior de Adil, um muçulmano convicto, convidou-o para jantar. O oficial insistiu para que o jovem tomasse bebidas alcoólicas, mas ele recusou.

O convite era um ultimato. O cristão teria as melhores condições e proteção se renunciasse a Jesus ou então: “Eu farei meu melhor para tonar sua vida aqui impossível”, foram as palavras do superior. Ele também prometeu que sacrificaria um cordeiro em homenagem ao jovem. Mas Adil respondeu: “Eu não troco minha fé em Jesus por nada”.

Isso enfureceu o superior, que expulsou o rapaz da tenda descalço e apenas com as roupas de baixo. O rapaz ficou quase duas horas andando ao redor das tendas no frio e no vento, orando a Deus. Então um dos soldados o viu. Ele chamou os demais e foram à tenda do oficial, que estava se embebedando. Dessa vez, aqueles que haviam agredido o cristão ficaram do lado dele. Disseram ao oficial que sabiam sobre a fé de Adil e que ele era o soldado mais justo e honesto que conheciam. O superior os colocou para fora.

“Meus perseguidores me defenderam e cuidaram de mim. Deus mudou seus corações.”

Adil, soldado cristão na Ásia Central

Na tenda do cristão, os soldados deram a ele roupas, cobertor, comida e chá. Adil compartilhou: “Foi uma resposta poderosa de Deus às orações. Estou muito grato. Meus perseguidores me defenderam e cuidaram de mim. Eu experimentei horas terríveis, mas vi como Deus mudou o coração deles”.

Atualmente, com 21 anos, Adil cursa uma faculdade para futuros oficiais. Professores e alunos sabem sobre sua fé cristã, mas ninguém o persegue. Eles o respeitam como um aluno diligente, honesto e gentil. O jovem entende que o chamado de Deus para ele é ser uma testemunha no exército: “Quero me tornar um exemplo de como um homem pode ser fiel a Cristo e, ao mesmo tempo, um oficial no exército no meu país”.

 

Eldos, quase morto por amor a Cristo

Eldos é um jovem do Quirguistão que ficou tão gravemente ferido em um ataque por causa da fé em Jesus que os médicos disseram que ele morreria

Eldos é um cristão ex-muçulmano de 27 anos que vive no Quirguistão. Em outubro de 2018, três jovens radicais muçulmanos invadiram a casa dele para atacar o pai de Eldos, que também é cristão. Como ele não estava em casa, os agressores tentaram reconverter o rapaz ao islamismo.

Nurzhan, irmã de Eldos, estava escondida em outro lugar da casa e testemunhou o ataque. Ela estava grávida de seis meses e sofreu um aborto devido ao trauma causado pela situação que presenciou.

Eldos foi levado ao hospital com um olho sangrando, traumatismo craniano grave com possível sangramento no cérebro, dentes arrancados e a mandíbula fraturada. Os médicos sugeriram que ele poderia morrer ou ficar incapacitado. O jovem ficou deprimido e teve ataques de pânico.

Os três agressores foram identificados, mas os parentes deles ameaçaram a família de Eldos e a comunidade cristã local de violência física caso a queixa contra eles não fosse retirada. Mesmo no hospital, o cristão teve que ser guardado por irmãos da igreja, pois havia ameaças de um novo ataque. Por isso, ele foi transferido de um hospital na capital para uma clínica particular.

 

O poder do bom testemunho

Apesar de a polícia alegar estar investigando o caso, os parentes de Eldos e sua advogada não se convenceram disso. Após serem interrogados e condenados, os agressores foram soltos. Mesmo a juíza do caso tendo ordenado que os responsáveis ficassem em prisão domiciliar, a polícia não fez nada para que a ordem fosse cumprida.

“Eu só estou vivo por causa da oração de tantas pessoas. Obrigado.”

Eldos, cristão agredido no Quirguistão

Segundo o tio de Eldos, com quem o jovem vive atualmente, eles estão bem. “Há dificuldades e ameaças. Algumas pessoas continuam nos perseguindo, mas a maioria tem um bom relacionamento conosco. Alguns vizinhos nos respeitam mais agora porque perdoamos quem bateu em Eldos e não pedimos compensação em dinheiro. Esse foi um bom testemunho. Agora temos uma vida pacífica, mas continuamos compartilhando o evangelho com parentes e vizinhos”.

Eldos agradece a todos que oraram por ele e reconhece: “Eu só estou vivo por causa da oração de tantas pessoas. Obrigado”.

 

Uma irmã corajosa

Com o crescimento do islamismo após o fim da União Soviética, os cristãos são considerados traidores em seu contexto social

Em uma noite, perto das 20h, duas irmãs de uma família cristã voltavam para casa. A mais velha tinha 16 anos e a mais nova, 12. No caminho, elas passaram por alguns rapazes que as reconheceram e começaram a xingá-las. Disseram: “Aquelas meninas são de uma família cristã, uma família de traidores. Vamos atacá-las”.

Dois dos rapazes tentaram violentar sexualmente a mais velha. Porém a mais nova, que era realmente corajosa, pulou na frente da irmã para protegê-la. Os garotos ficaram com mais raiva e começaram a agredi-la.

Eles bateram nela até quebrar todos os dentes. Ao saber sobre o caso, a equipe da Portas Abertas, além de levá-la ao hospital para resolver a questão dos dentes, também passou a oferecer aconselhamento pós-trauma.

 

Você pode fazer parte da vida desses jovens da Ásia Central

Apesar de serem ainda mais vulneráveis que os demais cristãos, os jovens na Ásia Central estão expandindo o Reino de Deus por meio de seus testemunhos

Diante da perseguição, a nova geração na Ásia Central precisa aprender sobre a nova vida em Jesus. Os jovens são um grupo estratégico a ser alcançado, mas sua educação espiritual é com frequência negligenciada. Eles precisam de ajuda para continuar na fé, apesar das dificuldades. Clique neste link e saiba como apoiar a causa e permitir que jovens recebam educação sobre vida cristã, identidade e propósito em Cristo.

 

 

 

 

Crédito das Imagens: Portas Abertas

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