Por Gabriela Prilip

Difícil falar de esperança quando há um ano nada parece melhorar, né? Curiosamente essa frase do título se encontra no livro de “Lamentações” da Bíblia, nome que também serve pra nos situar nessa estação da vida em que a gente se encontra como mundo no momento presente, dentre todos os tempos para todas as coisas que poderíamos viver.

Olhar pro mundo e pro que acontece à nossa volta é quase sempre desesperador. Mortes, fome, desemprego subindo. A luz no fim do túnel já parou de dar sinal faz tempo. Nem túnel a gente vê mais. Existe esperança? Se ela depender do nosso olhar pras circunstâncias, nunca.

Isso significa que a gente deva se alienar e fechar os olhos pro mundo ou pro sofrimento alheio? Jamais. Isso não tem nada a ver com o que Cristo espera de nós como seus filhos. Mas, apesar de receber toda essa informação nesse momento, a gente precisa lembrar que tudo, absolutamente tudo da nossa vida deve ser entregue em oração e já está nas mãos de Deus, porque Ele mesmo está em cada situação, boa ou ruim, com a gente.

Devemos colocar nossos olhos naquilo que nos dá esperança. E pra nós, cristãos, não é algo, uma situação, uma possibilidade de melhora na economia, pensar em um momento fofo que vivemos algum dia nos tempos pré-pandemia ou no dia mais legal da nossa vida até aqui. Nossa esperança é uma pessoa viva que habita dentro de nós: Jesus. É só assim que conseguimos seguir e ter paz que vai além todo entendimento em meio ao caos. Nossa esperança é alguém e não alguma coisa.

Ter esperança não é viver feliz o tempo todo, é viver confiando num Deus poderoso, com um entendimento muito além do nosso, independente das circunstâncias. É mesmo no sofrimento, nos tempos de lamento, ainda que aos prantos, se apoiar em Deus pra continuar a caminhada. É apesar de estar dando tudo mais errado do que você gostaria e ainda assim você estar em paz, mesmo sem entender como, porque está recebendo e experimentando essa paz direto da fonte.

Curioso que em Lamentações, apesar de Jeremias narrar um cenário de dor e desesperança, ele ousa ter esperança nesse Deus. Ele relembra as palavras sobre o caráter de Jesus, sobre quem Ele é, as declara, seguido de uma oração de arrependimento, entregando toda a situação com lamento á Deus. 

Talvez nesse tempo de incertezas, seja tempo de, dentre tantas coisas que passam na nossa mente a todo momento, voltar nossa atenção e lembrar de quem é esse Deus a quem seguimos. Que Ele é um Deus de amor, cuidado e poder; que temos essa esperança como uma âncora quando parece que vamos sair do eixo; que Ele é o norte que situa qualquer estação da vida. Que mesmo que Ele esteja dormindo no barco no meio de uma baita tempestade, Ele está com a gente, presente. Nosso barco nunca está à deriva. 

Precisamos nos esforçar pra perseverar e manter a fé nesse bom Pai nesses tempos tão difíceis e incertos, mesmo sem entender nada. Acho que é esse o lance da fé em Deus: confiar na sua soberania ainda que pra gente as coisas estejam indo de mal a pior. Ainda é tempo de lamento, de entregar todos os nossos medos e anseios aos pés de Jesus e de meditar cada vez mais na sua palavra pra permanecermos firmes nessa esperança que é Jesus. A única esperança real e possível.

Ainda ouso, porém, ter esperança quando me recordo disto:
O amor do Senhor não tem fim Suas misericórdias são inesgotáveis.
Grande é sua fidelidade; suas misericórdias se renovam cada manhã.
Digo a mim mesmo: “O Senhor é minha porção; por isso, esperarei nele!”.
O Senhor é bom para os que dependem dele, para os que o buscam.
Portanto, é bom esperar em silêncio pela salvação do Senhor […]
Pois o Senhor não abandona ninguém para sempre.
Embora traga tristeza, também mostra compaixão, por causa da grandeza de seu amor.
Pois não tem prazer em afligir as pessoas, nem em lhes causar tristeza.
Quando alguém esmaga sob os pés todos os prisioneiros da terra,
quando nega a outros seus direitos em oposição ao Altíssimo,
quando distorce a justiça nos tribunais, será que o Senhor não vê tudo isso?
Quem pode ordenar que algo aconteça sem a permissão do Senhor?
Acaso o Altíssimo não envia tanto a calamidade como o bem?
Então por que nós, humanos, nos queixamos quando somos castigados por nossos pecados?
Em vez disso, examinemos nossos caminhos e voltemos para o Senhor.

Lamentações 3: 22-26 | 31-40

  • Gabriela Prilip, 26 anos. É marketeira, estudante de ciências do consumo, tentando lidar com a vida adulta escrevendo. Congrega no Projeto 242.

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