Nós definimos a ABUB como um movimento missionário dentro da universidade. Então o que fazer quando alguns grupos se esquecem disto?

Nós definimos a IFES – e o nosso movimento ABUB – como um movimento missionário dentro da universidade. Então o que fazer quando alguns grupos se esquecem desta ideia? O que fazer quando grupos se tornam fechados em si mesmos e não tem interesse em impactar a universidade ou até mesmo a vida de seus colegas?

Um pequeno grupo de estudos como atividade missionária

Para compreender o que estava acontecendo, eu realizei uma pesquisa informal com 49 pessoas. De acordo com minha pequena investigação, mais da metade dos grupos que responderam, aqui no Brasil, não tem não cristãos participando de suas atividades e apenas cerca de 35% procuram outros meios para alcançar seus colegas.

Uma estudante em São Paulo, Bianca Pinheiro, refletiu sobre convidar pessoas: “É mais difícil conseguir pessoas para participarem de um estudo bíblico evangelístico do que preparar um estudo”. Ela acredita que provavelmente seu grupo percebeu que os não cristãos não participavam das reuniões, então eles decidiram transformar os estudos bíblicos em estudos de discipulado para cristãos. Enquanto não há nada de errado com fortalecer cristãos, isto normalmente não se traduz em procurarem ativamente alcançar a universidade. Outras razões comuns para a falha em evangelizar são a falta de tempo, o senso de não saber o que fazer ou dizer, e até mesmo a vergonha de ser reconhecido como cristão que estuda a bíblia e que gostaria que outros se tornem cristãos.

Algumas histórias de sucesso no Brasil

Mas há grupos que estão mudando essa realidade. Marília Cavalcante, de João Pessoa, mudou o dia da reunião de seu grupo, a fim de levar seus amigos, que agora vão aos encontros. “A reunião de hoje me deixou bastante contente, porque duas amigas não-cristãs foram. Elas participaram, deram opiniões, entramos em várias discussões. Tem sido uma experiência muito boa, algo que eu queria muito.”

Tássio Cavalcante, um estudante de São José dos Campos, relata que seu grupo vê o estudo da Bíblia como uma maneira de levar o evangelho para os não cristãos, mas acreditam que não é o único meio. Eles foram inspirados por histórias da ABUB no passado, quando muitas pessoas encontraram o Senhor e transformaram seu ambiente e também se reuniam para orar pelas manhãs.

A oração também tem sido a resposta para alguns grupos conforme tentam alcançar seus colegas. Em um determinado grupo brasileiro, muitos estudantes não cristãos – colegas e os amigos de uma certa pessoa – de repente, começaram a frequentar as atividades do grupo. Os números foram crescendo sem parar e ninguém conseguia entender por que estava acontecendo, depois de anos de reuniões naquele campus. Um amigo muito próximo deste estudante me disse: “Ele é um verdadeiro cristão, mais do que podemos imaginar. Ele ora mais do que você acha que possa ser possível”.

Mas, novamente, não podemos parar na questão da oração, tornando-se um fim em si mesmo, que nos liberta de sermos profundamente envolvidos com as pessoas. Estes não-cristãos, que de repente assistiram reuniões ABUB, nunca teria vindo se não tivessem sido também amigos da pessoa que estava orando por eles.

Redescobrindo a nossa missão

Frederico Monfardini, um estudante de Presidente Prudente cujo grupo também teve algumas dificuldades para atingir seus amigos não-cristãos, diz: ” Missão é fazer o que Jesus fez, ir para o mundo e estar junto com “as viúvas e órfãos” da faculdade e com isso demonstrar o amor de Jesus”.

Relacionamentos reais e envolventes na escola ou no contexto da universidade, com preocupação genuína e amor, devem acontecer, mantendo a missão no campus como uma prática diária, mesmo que as formas tradicionais de “fazer missão” não esteja alcançando mais aos outros.

Mas devemos manter nossos olhos abertos e evitar nos sentirmos confortáveis ao apenas dizer ‘nossas vidas proclamam Jesus’, usando como uma desculpa para deixar de falar sobre a nossa fé. Apesar de sermos dependentes de Deus e que ele pode nos usar para alcançar outros sem nos darmos conta, nossos esforços missionários talvez precisam ser intencionais, para que não sejam esquecidos. Devemos propositadamente conhecer as dúvidas, os medos e as necessidades de nossos contextos, dialogar com essas situações de forma criativa e original, através de diferentes abordagens que levam o evangelho a outras pessoas.

Portanto, se estamos negligenciando a missão, talvez também estejamos negligenciando nossas próprias vidas cristãs – não estejamos gastando tempo suficiente estudando a Bíblia e tornando-a uma parte integrante de nossas vidas. E talvez estejamos confiando muito na missão simplesmente acontecendo, e não intencionalmente participando de um movimento missionário.

Se estamos perdendo o nosso objetivo, ou nos desviando dele, a oração pode ser uma forma de reajustar o nosso caminho. Isto pode parecer simples demais, mas é uma maneira de nos conectarmos com Deus e com seu desejo de usar as nossas vidas na universidade.

Texto publicado originalmente no blog da IFES (em espanhol) e reproduzido no site da ABUB.

• Jessica é jornalista, mestranda em literatura e atualmente assessora de comunicação e arte da ABUB. Na época do texto, era estudante de letras e parte da diretoria nacional.

Leia mais: 
» A missão estudantil e a ciência
» O desafio da evangelização entre universitários

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