Por Daniel Theodoro

O cotidiano da verdadeira fé é um caminho que passa por pastos verdejantes e vales de morte. No primeiro cenário, alegria e paz acompanham o peregrino; no segundo, o coração fica aflito, por vezes, desanimado e, caso não exista renovação da esperança, um tipo de cegueira ansiosa irá dominar o sujeito.

Um cego de ansiedade não enxerga o divino cuidado que o cerca à beira do vale da morte. É uma pessoa de pensamento baço, que perdeu a capacidade de espiritual de agradecer a Deus pelo dom da vida a cada nova manhã, esqueceu-se de reconhecer que um prato de arroz e feijão é exclusiva provisão celestial, recusa-se a olhar para lírios do campo e aves no céu. Diz não ter tempo, nem alegria para fazer isso.

A desfuncionalidade cognitiva que impede observar com os olhos da fé trás outro problema. Impossibilitado de aceitar que todas as coisas – inclusive as ruins – cooperam para seu bem, o cego de ansiedade desconecta-se do eterno e pluga-se à realidade circunstancial, tornando-a sua morada.

Por causa desse erro, a aflição torna-se rotina, o pânico toma conta da agenda, um medo leva a outro medo ainda maior. À sombra, longe da verdadeira luz, o cego de ansiedade tenta reger a própria vida, pensa ser soberano sobre seus rumos, anda sem direção, colecionando tropeços.

Pode acontecer de tropeçar na graça de Deus um dia, e ser ofuscado por luminosa esperança, de tal modo que as escamas do orgulho próprio caiam dos olhos e volte a enxergar. Se isso acontecer, o sujeito estará pronto para retornar à estrada, caminhando ao lado do Criador, um dia de cada vez, substituindo a cegueira ansiosa pelo sereno olhar de fé, voltando a contemplar a beleza dos lírios e a segurança as aves.

  • Daniel Theodoro, 33 anos. Cristão em reforma, casado com a Fernanda. Formado em Jornalismo e Letras.

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