Você se contenta com tão pouco…
Por Karol Coelho
Eis uma frase que já ouvimos ou já fomos tentados a dizê-la: “Você se contenta com tão pouco”. Nos incomoda ver alguém estar confortável com algo que julgamos que poderia ser muito melhor. Contentar-se, então, é interpretado como algo negativo. Só que não
Contentar-se é aproveitar bem o que se tem, mesmo quando se tem pouco. Não é deixar de olhar para o que poderia estar melhor, mas é enfrentar e resistir aos problemas e se importar com a vida. Distintamente do que acreditavam os filósofos estoicos, contentamento não é indiferença.
“Não tenho namorado(a)”, “não tenho dinheiro”, “não tenho amigos”, “não tenho estudos”, “não tenho comida”, “não tenho uma casa”, “não tenho paz”. O “não ter” nos afeta, sim, mas a resposta para as ausências é o relacionamento com Deus, que nos impulsiona a encará-las. Estar satisfeito não significa deixar de lidar com as faltas e tragédias, mas é olhar no fundo de seus olhos.
Nossa ansiedade cotidiana nos impede de aproveitar a graça de Deus, que tudo já nos deu. Ficamos olhando o copo meio vazio, quando Ele já o preencheu por completo. Nossa angústia não nos deixa cuidar de nós mesmos, nem do outro, pois nos faz deixar de confiar no nosso Criador.
Sabe a pessoa que julgamos que poderia estar melhor, mas que se contentou com o pouco que tem? Ela pode estar lidando bem melhor com a vida do que a gente.
Contentar-se em Deus é confiar que Ele nos sustenta e nos ajuda a superar o mal que há em nós. É saber que podemos suportar todas as coisas, pois Ele já o fez por nós. É saber que mesmo que todos achem que poderíamos ter mais, nós já temos O suficiente. É vivermos conscientes de que as coisas podem desandar, mas ainda permanecer com o coração cheio de Esperança pela glória que nos há de ser revelada.
- Karol Coelho, 27. Ama as nuvens, adora descobrir músicas de dois acordes para tocar no seu violão velho e escreve poesias. É membro do Projeto 242 e é jornalista, formada principalmente pelas histórias do Campo Limpo, zona sul de São Paulo.
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