A metodologia da reconciliação (ou Como Jesus nos ensina a resolver conflitos)
Por Jean Francesco
Seres humanos brigam. Famílias discutem. Irmãos lutam uns com os outros. Sim, é bem provável que isso também tenha acontecido com você. Nós somos especialistas em proferir palavras que machucam o coração e nosso instinto às vezes — para alguns, sempre — gosta de assistir uma boa briga. O ser humano é competente o suficiente para alimentar todos os tipos de rivalidades, e se você é uma pessoa que nunca passou por nenhum conflito, aí vai uma novidade não muito interessante: você terá que enfrentar muitos conflitos pela frente.
Jesus disse que seria assim. Ao ordenar a Pedro que perdoasse o próximo 490 vezes, ele não estava traçando um limite fechado para o perdão, estava ordenando a Pedro que perdoasse sempre. E por que perdoar sempre? Pelo simples fato de que os seres humanos sempre vivem brigando por algo. Mas isso não é necessariamente um grande problema, pois os humanos geralmente reconhecem que são problemáticos. O grande problema mesmo é a forma como tentamos resolver esses conflitos.
A tentação da fuga
Em nossa sociedade apressada e consumista, o padrão de resolução de conflitos é a fuga. Se temos problemas com alguém, tendemos a achar que o jeito é ignorar a situação e colocá-la debaixo dos tapetes. Respeitando cada caso em particular, o divórcio é visto por muitos como o segredo de resolver conflitos no casamento. Pedir transferência de uma igreja para outra ou simplesmente deixar de congregar é a regra de ouro que alguns aplicam para solucionar crises entre irmãos da fé. Em outras palavras, ao invés de resolvermos nossas pendências, preferimos “deixar o barco” na ilusão de que assim tudo ficará bem.
No entanto, Jesus nos ensinou um caminho bem diferente, no texto de Mateus 18.15-18. Ele não foi favorável ao isolamento ou à fuga, jamais encorajou a estocar porções de rancor na alma ou cultivar o insulto. Ao invés disso, nessa clássica passagem há uma metodologia da reconciliação que realmente funciona. Fugir dos problemas parece, a priori, ser uma solução rápida, mas é tão somente uma forma de adiar as consequências ruins que são inevitáveis. Jesus nos ensinou a “peitar os nossos conflitos”. Pode ser uma solução mais demorada a princípio, mas é a única que abre janelas de paz para o futuro.
O passo a passo de Jesus
Primeiro, tome iniciativa para resolver o problema de forma particular. Isso é o oposto do afastamento, sem jogar nada debaixo dos tapetes, é como tirar a sujeira do quarto de uma vez. Sejam específicos, conversem olhando olhos nos olhos e se acertem. Não espalhem para ninguém, não falem com outras pessoas, fale só você e quem te ofendeu ou quem foi ofendido por você. Isso é um sinal de grande maturidade. Se resolveu, acabou o conflito.
Porém, se o conflito persistir, tente novamente com uma ou duas pessoas que são testemunhas do que aconteceu. Isso pressionará a pessoa a ver o seu erro, e o quanto ele tem afetado a vida dos demais. Assim, a verdade virá à tona. Tente resolver o problema de uma vez por todas. Se resolver, acabou o conflito.
Porém, se o conflito persistir mesmo diante das testemunhas, leve o assunto para a igreja, liderança, pais ou autoridades. Aqui está o passo no qual a maioria das pessoas erram. Geralmente o assunto é levado para a liderança da igreja ou demais autoridades antes dos anteriores serem seguidos. Se isso acontecer, é um sinal de grande imaturidade de nossa parte, sem falar de desobediência aos mandamentos do nosso Salvador. Portanto, diante de instâncias superiores, se a pessoa te ouviu, acabou o conflito — demorou, mas acabou! E se não ouvir — e somente na terceira tentativa — é que Jesus nos dá a opção de quebrarmos os laços de amizade. Ainda assim, se posteriormente tal pessoa vier até você novamente, perdoe e reate a amizade.
O vírus da rebelião e a nossa salvação
Alguém poderia perguntar: “Por que temos que resolver nossos conflitos assim?”. Jesus ensinou assim porque ele fez exatamente assim. Nós o ofendemos. Nós decidimos viver sem Deus, à nossa maneira. Todo ser humano, ao nascer, vem ao mundo em conflito com Deus. Nós começamos a briga e não queremos voltar atrás. Merecíamos a morte, pois ofendemos o caráter santo do Deus eterno. Cuspimos em seu rosto, demos as costas para o seu amor. Portanto, o vírus dessa rebelião se espalhou por todo o nosso ser e a humanidade toda hoje está infectada e destinada à morte.
Contudo, o ofendido veio até nós em busca de reconciliação. Deus veio até nós mesmo nós estando em inimizade com ele. E muito mais do que isso, ele decidiu nos perdoar por tudo o que fizemos contra ele. Não apenas com palavras, ele deu uma prova visível de que realmente nos ama e nos perdoa, oferecendo seu único Filho para morrer a morte que era nossa. Essa é a metodologia de Deus para resolver conflitos. Deus não se afasta, não guarda rancor de nós, não fala mal de nós, não se torna nosso inimigo e não quer nos matar. Antes, deu o seu Filho para morrer por nós. Se você se arrepender totalmente dos seus pecados, chorar por eles e voltar-se para Deus, entregando a ele sua vida de todo seu coração, então você estará em paz com Deus.
É assim que se resolve conflitos, não com a metodologia da fuga, mas por meio de reconciliação. Precisamos tratar os nossos problemas de frente, com coragem. Oro para que você e eu aprendamos com Deus a solucionar os problemas que temos uns com os outros.
- Jean Francesco é pastor da Igreja Presbiteriana da Penha (SP). Acompanhe seu canal no Youtube.
Gabriel Bastos
Muito bom!
Florindo
Muito bom o artigo! Direto ao ponto, sem rodeios e claro!
Esequiel kraigmaul
ESCLARECEDOR E VERÍDICO.
A PAZ:
ESEQUIEL CARVALHO JÚNIOR.
Lucimara Morong
Excelente, o perdão e o amor ao próximo, independente do grau parentesco ou amizade.
Perdoar sempre.
Ótimo artigo.
Jaime Batista de Souza Neto
Que belas palavras, que Deus continue a te agraciar nesta jornada irmão Jean Francesco!
Antonia Leonora van der Meer
Um texto claro, e muito necessário, e pode nos ajudar a realmente encarar e superar os conflitos
Jean Francesco
Muito obrigado!