Conteúdo extra oferecido como “Mais na Internet” na seção Altos Papos da revista Ultimato, edição 367.

Foto: @lana.chaves

Lorena Chaves é cantora. Aos 15 anos, participou pela primeira vez de um festival de música e depois disso nunca mais parou. Música era de fato o que mais queria para sua vida. Tem 30 anos, é casada com Thiago, mora em Belo Horizonte e é membro da Igreja Batista Central.

Como a música começou a fazer parte da sua vida?

Meus pais me acostumaram a ouvir os discos que eles tinham na sala de casa, desde que eu era criança. Aumentavam o volume e me deixavam dançar e cantar com minha irmã por horas. Aos 5 ou 6 anos de idade, ganhei um brinquedo que tinha a função de um gravador; andava com aquilo pra cima e pra baixo, gravando letras e melodias que criava. Meus pais perceberam meu amor e interesse pela música e me presentearam com microfones, violões, teclados, flautas e até bateria. No colégio, montei minha primeira banda e nos apresentávamos no intervalo das aulas em um palco que ficava na área externa. Aos 15 anos, participei pela primeira vez de um festival de música, tocando no palco de uma casa de shows. Depois disso, nunca mais parei. Senti que música era o que eu mais queria pra minha vida.

Há quase dez anos você participou de um reality show musical. Como essa experiência a marcou?

Foi uma experiência muito interessante. Inscrevi-me sem ter a menor ideia do que poderia acontecer e acabei ficando entre os finalistas. Logo depois da minha saída no programa, tive o privilégio de compor e interpretar uma música para uma novela das 6, que foi ao ar em 2009. Depois disso, tranquei a faculdade e comecei a me dedicar à música em tempo integral.

O que você mudaria na “música gospel” hoje?  Como você vê o cenário musical cristão hoje em dia?

Acho tão difícil responder a essa pergunta… Sinto falta de algumas coisas na verdade, mas vou citar apenas duas. Primeiramente, sinto falta de canções que falem da realidade de uma forma simples. Músicas que retratem outros âmbitos da vida. Sinto falta de qualidade musical, com todo respeito do mundo, mas sinto. O que me parece é que, de maneira geral, não há preocupação com a criação de letras mais profundas e poesias, timbres e arranjos bem escolhidos, e isso é triste. Não nos importamos em influenciar a cultura do nosso país; pelo contrário, a gente criou uma cultura dentro de um gueto e vivemos por alimentá-la. Não faz sentido algum! A segunda coisa é que o mercado gospel, na maioria das vezes, mais divide do que soma. Não há espaço pra quem pensa diferente, mas só pra quem se encaixa no rótulo, caixas e padrões definidos. Não consigo acreditar que todos os cantores cristãos tenham um chamado pra tocar músicas religiosas, fazendo turnês dentro de conferências evangélicas, tocando só dentro das igrejas e para crentes. Não consigo aceitar que isso seja “cantar pra Jesus”. Existe zero comunicação com o lado de fora e não deveria ser assim, já que somos chamados pra ser luz onde há trevas. Meu comentário aqui é apenas em relação aos produtos e ao mercado, até porque tenho diversos amigos que fazem parte do meio gospel.

Como sua fé impacta a arte que você faz?

Jesus é Senhor de todas as áreas da minha vida e isso inclui a minha música e a maneira como lido com a arte. Diferente da época em que eu não conhecia a Deus, hoje eu o vejo em tudo! Novas gavetas foram abertas depois desse encontro e hoje eu sei que a beleza tem seu lugar na adoração a Deus, e não é difícil entender isso. Basta olharmos para a sua criação, cuja beleza é visível e verdadeira. A fé me faz contemplá-lo todos os dias, e isso “respinga” em tudo o que sai de mim.

Qual é sua composição preferida e por quê?

Depende da época. Não costumo ter uma preferida, mas hoje acho que seria “Envelhecer com Você”. Eu a compus depois de ter lido o romance Amor de Redenção e fiquei encantada com a história. Além disso, nós escolhemos cada timbre com muito carinho e ouvi-la me faz voltar ao estúdio e relembrar as gravações e os momentos especiais que vivi com meus amigos e músicos.

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