Foto: Paulo Sacramento

Por Paul Tournier

A vida parece longa demais quando se é jovem, enquanto que, ao contrário, parece muito curta na velhice. Também a carreira profissional parece muito longa quando se começa e muito curta na etapa final. Quando somos jovens pensamos que algum dia faremos tudo aquilo que ainda não pudemos fazer; à medida que envelhecemos se vai aprofundando a incomensurável distância entre esse sonho e a realidade.

Durante toda a vida lutamos contra as limitações; e a expansão sem limites é característica peculiar da vida. Enfrentamos obstáculos, superamos alguns, às vezes muitos. Mas, ainda que as barreiras retrocedam, permanecem firmes – e assim o sentimos. Ménie Grégoire pergunta a uma jovem: “Você tem medo da velhice?”. A resposta é: “Se eu me realizar não terei motivo para ter medo de envelhecer”. Para uma jovem em tenra idade a resposta é excelente, mas a noção de êxito em si pouco a pouco perde o seu aspecto simplista, porque há muitos tipos de êxito e cada vez mais os saboreamos como se fossem decisivos. Entretanto, o êxito definitivo retrocede, nos escapa, permanece limitado e inconcluso. “Quando chega a seu final […] a vida de um homem não é grande coisa” – escreve o padre Leclercq em seu belo livro em que fala da alegria de envelhecer. Sim, para conhecer a alegria de envelhecer há que aceitar o inconcluso.

Paul Tournier ((1898-1987) foi um famoso psiquiatra cristão nascido na Suíça.

Nota:
Este texto é um trecho do livro É Preciso Saber Envelhecer, lançado nesta semana pela Editora Ultimato.

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