Por Alan Correa

No início da história da igreja, havia uma supervalorização da instituição. Séculos depois, tudo mudou. Hoje, para muitos, pouco importa fazer parte de uma igreja. Estamos vivendo a época da “desconexão institucional”.

Dia após dia, mais pessoas saem da igreja sem pressa para regressar e, infelizmente, saem apenas com a passagem de ida, não pretendem retornar, preferem se esquecer do caminho de volta.

As razões para tantos dissidentes da igreja são diversas. A verdade é que sempre haverá motivos para manter uma distância segura da igreja. Mas, graças a Deus, as razões para permanecer são maiores e até inegociáveis!

Se fizermos uma avaliação livre de conceitos preestabelecidos vamos concordar que a igreja ainda é um lugar bom de estar, apesar de tudo (e, principalmente, apesar de mim). Como disse o escritor Bruce Shelley, “a Igreja é como a arca de Noé: se não fosse a tempestade lá fora, não seria possível suportar o cheiro dentro dela”.

Assim é a igreja visível na terra, imperfeita, um canteiro de obras da igreja invisível no céu. E vai continuar assim enquanto formos membros dela. Mas, acima de tudo, é também um lugar estabelecido por Deus para unir gente de todos os tipos em uma só fé, para seu louvor e manifestação da sua graça.

Uma vez me perguntaram se a igreja não era uma instituição falida. Eu respondi que não acreditava que um projeto de Deus poderia ter declarado falência. A igreja que estava em Corinto, todos sabem, era uma igreja complicada, cheia de pecado e doentes, mas Paulo, quando escreve para ela, a chama de Igreja de Deus [1Co 1.2]. Apesar das inflamações, sem dúvida era um projeto que pertencia a Deus.

Que possamos nos livrar de toda “generalização” ao afirmar que todas as igrejas são iguais, e aceitar que existem igrejas sérias. Estas podem e muito nos ajudar na caminhada cristã, em direção a pátria além.

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Alan César Corrêa, 31 anos, cursando 4° ano de bacharel em teologia.

  1. Discordo veementemente dessa sua análise, mas a respeito. Ela me parece um tanto rasa e vazia de argumentos. A Igreja nem o inferno poderá vencê-la, porém a igreja está fadada ao ocaso. Acredito como Cristo que, um dia, nem aqui nem Jerusalém adoraremos a Deus, mas em espírito e em verdade.
    Leia meu artigo sobre o mesmo assunto: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/eu-sou-a-igreja-ou-porque-decidi-nao-fazer-parte-de-nenhuma-faccao-eclesiastica

  2. Israel, eu também acho a institucionalização uma furada. Mas organização jurídica , não. São coisas diferentes, e digo a razão. A instituição jurídica é necessária por uma questão legal, e nos permite organizar celebrações, reuniões, e sem dúvida os primeiros cristãos se achariam privilegiados de poderem se reunir em um lugar destinado especificamente a este propósito. O que acho incoerente, contudo? A institucionalização da fé. Ordens eclesiais, dogmas, formas, métodos espirituais, ritos, hierarquização, e tudo isso com a pretensão de dizer “a fé se vive assim, e só assim”. O maior exemplo de institucionalização da fé é o catolicismo, que motivou a reforma. Agora incoerentemente caminhamos para o mesmo molde religioso, com papas locais e regras de fé e religião, por vezes muito semelhantes às formas católicas. Outrora, pagava-se por uns anos a menos no purgatório, agora por uma escolta contra o devorador. Antigamente pagava-se para se aproximar do ossário de um suposto apóstolo, agora, pela toalinha suada de um pretenso apóstolo.
    No entanto, congregar é preciso. Precisamos debater e combater essas idéias institucionalizantes, que engessam a mente fraca de ovelhas suscetíveis a qualquer engodo. Estimular a dúvida com a fé.

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