É incrível como é intenso o poder da humildade. Não, não estou falando da minha humildade. Que, alias, eu não tenho. Estou falando de como a humildade de outras pessoas me emociona, me ensina e me constrange. Ainda mais quando essa pessoa teria “licença poética” para não ser humilde. Você há de concordar comigo: quando que pessoas com mais de 80 anos teriam a necessidade de aprender mais coisas? E, pior, assumir publicamente essa necessidade? Tenho a impressão de que elas fazem parte do único grupo de seres humanos que teria direito de se orgulhar (claro, não considero esta uma atitude correta) de todo conhecimento e experiência que possuem. Meu olhar infantil, a princípio, não admitiria ver meu vô, por exemplo, dizendo “como preciso ser mais humilde” ou “como sou medroso” ou ainda “como sou egoísta”. Isso são coisas que EU preciso admitir e trabalhar para um dia chegar na idade dele dizendo “superei isso tudo”.

Em menos de um mês eu ouvi um senhor de 81 anos e uma senhora de 82 confessarem coisas desse tipo. Eu fiquei muito emocionado quando a senhorinha disse ver coisas básicas da fé dela, aprendidas na infância, sendo experimentadas de forma mais real nos dias de hoje do que quando ela as assimilou. Dava para ver os olhos dela brilhando, grata e satisfeita em poder ver sentido em sua fé de forma tão aconchegante, como se estivesse realizando um sonho que tinha desde criança. E quando o senhorzinho assumiu ter medo, e que encontrou consolo e ânimo ao entender a lição de Pedro, quando andou sobre as águas ao lado de Jesus, “eu só preciso olhar firmemente para Cristo”, meu coração não resistiu e sorriu.

“Eu não vou chegar num estado de perfeição”, tento me convencer disso. O que eu preciso, na verdade, é aprender a caminhar humildemente, sempre disposto a aprender. Sempre disposto a depender das verdades que revelam segredos sobre minha estrutura frágil e em formação. Eu preciso ser sensível como esses velhinhos e torcer para que, se eu chegar a ter a mesma idade que eles, ou até mesmo antes, eu me torne um adulto sábio o suficiente para reconhecer “Sábio, eu? Estou apenas começando a entender sobre o que realmente vale a pena na vida. Mas um dia eu chego lá”. Acho que assim, pelo menos, terei a mesma face de sonhador que esses queridos, e a esperança me tornará tão jovem quanto eles.

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Lucas Rolim, 24 anos, é administrador pela UFV, trabalha como auxiliar de Marketing na Editora Ultimato e brinca de fazer arte nas horas vagas. Esse texto foi postado originalmente no seu blog, o Lucania.

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