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Manifestações: a nova cidadania em rede
7A surpresa dos primeiros dias de manifestação não impediu a proliferação de palpites e experimentos analíticos por sociólogos, jornalistas, economistas, e observadores menos profissionais que se proliferam na vasta blogosfera e nas redes sociais. Não apenas todo mundo queria participar; todo mundo queria tweetar, ver, compartilhar, ouvir e opinar também.
E esse movimento não vai parar tão cedo. Há muito o que fazer para interpretar o fenômeno; e precisamos nos esforçar para interpretá-lo se quisermos responder a ele de forma inteligente – e tanto faz se você é um oponente ou um participante; o fato é que junho de 2013 e a maior manifestação popular da história do Brasil não podem ser ignorados.
O que está acontecendo, e porque está acontecendo desse jeito? Nesse post não vamos nos debruçar sobre todas as questões mais amplas da conjuntura política e até mesmo sobre o sentido das últimas respostas pelo governo e o congresso, mas sobre o tipo de reação política que acabamos de testemunhar. O que é isso, afinal? Uma convulsão, uma catarse social ou algo mais? (mais…)
A baderna de Deus e a baderna dos homens
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No princípio foi disso que a chamaram: “baderna!” Foi assim que a “imprensa vendida” descreveu o movimento. Mas enquanto ela subestimava o povo um sopro de expectativas varreu as redes sociais, insuflando chamas de esperança em alguns, causando arrepios de indignação e desprezo entre outros. Conservadores só viam a baderna e as bandeiras do PSOL, do PSTU e do PCO; a juventude à esquerda viu um futuro, um sentido, um sinal de que estamos vivos e que coisas novas podem acontecer. (mais…)
A Regra da Fé
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Em um mundo no qual o mote “viver sem regras” vende filmes, livros de auto ajuda e produtos de alta tecnologia, a ideia de uma “regra de fé” não soa muito bem. Até mesmo em contextos religiosos o discurso sobre uma espiritualidade “sem regras” dá uma sensação de liberdade, de frescor, de algo orgânico e vital.
Mas a vida tem regras; está cheia delas. De leis matemáticas à legislação de trânsito, da biologia humana, que insiste em seguir as mesmas leis sem nenhum interesse especial pelos anseios libertários da cultura hipermoderna à linguagem de programação oculta por trás de uma tela retina de alta tecnologia na qual até uma criança escreve com o dedo. Alguns desses processos são bem mecânicos e intencionais; outros são orgânicos e automáticos; mas as regras estão lá, e não podem ser ignoradas sem que os processos que dela dependem sejam destruídos. E no campo da fé não é diferente. (mais…)
O Triplo Conhecimento
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“Qual é o seu único consolo, na vida e na morte?”
O meu único consolo é meu fiel Salvador Jesus Cristo […].
“O que você deve saber para viver e morrer neste consolo?”
Primeiro: como são grandes os meus pecados e a minha miséria
Segundo: como sou salvo de meus pecados e de minha miséria
Terceiro: como devo ser grato a Deus por tal salvação.
Muitos “Saberes”
A segunda pergunta do catecismo de Heidelberg é uma pergunta sobre o que se deve saber.
Há no mundo da experiência humana uma variedade de tipos de conhecimento, e não devemos confundi-los. É um erro fundamentalista recorrente a sugestão de que o conhecimento religioso é o único conhecimento certo, desqualificando outras formas de saber, como o senso comum e a ciência. E é um erro grave, também, tentar formatar todos os saberes em termos cientificistas, como muitos já tentaram no século passado e continuam tentando hoje.
Em termos mais simples: eu erro se tento colocar o conhecimento da minha esposa na mesma categoria do conhecimento de objetos físicos ou do conhecimento do teorema de Pitágoras. Considere, por exemplo, um buraco na areia. Se eu lhe disser que há uma antiga e rara moeda de ouro lá dentro (e houver!) você enfiará a mão com entusiasmo. Mas não terá tanto entusiasmo se descobrir que lá há uma cobra muito rara; ou ao menos, não enfiará a mão ali. Porque a natureza do objeto altera o modo de aproximação. (mais…)
O Chão que me Sustenta
3“- Qual é o seu único conforto, na vida e na morte?”
“- O meu único conforto é meu fiel Salvador Jesus Cristo.”
Com estas palavras abre-se o catecismo de Heidelberg, que em janeiro completou 450 anos e é reconhecidamente um dos mais importantes símbolos confessionais do protestantismo. Não apenas seu caráter Cristocêntrico, como também seu profundo sentido espiritual revelam-se ao longo de todo o primeiro artigo:
“- A Ele pertenço, em corpo e alma, na vida e na morte, e não pertenço a mim mesmo. Com seu precioso sangue Ele pagou por todos os meus pecados e me libertou de todo o domínio do diabo. Agora Ele me protege de tal maneira que, sem a vontade do meu Pai do céu, não perderei nem um fio de cabelo. Além disto, tudo coopera para o meu bem. Por isso, pelo Espírito Santo, Ele também me garante a vida eterna e me torna disposto a viver para Ele, daqui em diante, de todo o coração.”
Captura a minha atenção, nesse primeiro artigo do catecismo, a conexão imediata entre a doutrina e a existência. O texto não fala de algo abstrato, puramente teológico, mas de algo dramático, duma questão de vida e morte. O que pode ser tão amplo que abarque a vida e também a morte? E não apenas amplo mas também urgente, já que a vida está o tempo inteiro à beira da morte? (mais…)
Sociedade Diversificada | Política Reformada
1por Lucas G. Freire
Estado por cima, famílias de um lado, corporações de outro e, dependendo do caso, uma igreja aqui e ali. A sociedade brasileira está monocromática demais. Digo “está”, porque essa não é, nem vai ser, a sua condição permanente.
Mas essa é a situação agora. Uma sociedade muito uniforme, muito agrupada em “grandes blocos”. Uma política muito voltada para servir ao interesse desses blocos, e um padrão de interação social muito pouco criativo. Eu tenho família, trabalho, vou à igreja e confio no governo para o resto.
O resto? O resto é muita coisa!
Continue a leitura no link abaixo…
A Teologia Natural e a tarefa do artista cristão contemporâneo
21Palestra apresentada no III Congresso de Religião, Teologia e Igreja do Mackenzie, em Maio de 2012
Dick Keyes fala à revista “Comment”
0Dick Keyes e Mardi Keyes, líderes do L’Abri de Massachusets, falam sobre o que significa “Cultivar um Abrigo”. Dick foi um dos preletores da Conferência L’Abri 2012.
Como ser você mesmo – Parte 2
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De que modo nossa identidade se relaciona com o que fazemos? Essa pergunta foi introduzida no artigo anterior sobre identidade, e aqui vamos avançar em nossa reflexão, mas dessa vez mergulhando um pouquinho mais no texto bíblico. Vamos retomar a questão da relação entre o Ser e o Agir, sob os termos “graça” e “obras”, focalizando Gênesis 1-2 e Romanos 12.
Como mencionamos no artigo anterior, a identidade humana é inseparável da relação do homem com Deus. O homem é mesmo definido por essa relação, de modo que toda reflexão sobre a identidade humana atingirá um núcleo fundamentalmente teológico. Mas atenção: é fácil se confundir aqui. Muitas pessoas concordarão que, naturalmente, isso é assim para os cristãos; eles buscarão representar o homem a partir de sua concepção teológica, que é vista então com um “acréscimo edificante” a um saber que por natureza é neutro e fundado na antropologia científica ou filosófica. Mas não é disso é falamos; (mais…)