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O Secularismo e a Introversão da Mente Moderna

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“Lá dentro está o nosso futuro! Lá dentro… está o nosso destino!”
Kevin Flynn (Tron: the Legacy, 2011)1
“A mente dele se move num círculo perfeito, porém reduzido. Um círculo pequeno é exatamente tão infinito quanto um círculo grande; mas embora seja exatamente tão infinito, não é tão grande.”
G. K. Chesterton (Ortodoxia)


Essa era a fé e a loucura de Kevin Flynn, dono da megacorporação tecnológica ENCOM, quando ele criavaClu, uma espécie de clone digital de si mesmo encarregado de criar o sistema perfeito no interior da Grade, um universo paralelo gerado digitalmente. Flynn acreditava ser possível levar a perfeição desse universo para o mundo externo, devido às infinitas possibilidades que ele oferecia: “uma fronteira digital para remodelar a condição humana”. Mas enquanto eles trabalhavam um milagre aconteceu: seres vivos digitais (ISO’s) emergiram dentro desse universo, alterando completamente os planos de Flynn. Agora ele desejava proteger os ISO’s com a ajuda de Clu e de Tron, o protetor dos “usuários”, uma versão digital do amigo e colega de Flynn, Alan Bradley que foi transportada do antigo sistema (do primeiro filme, Tron, de ) para o novo sistema.

LEIA A CONTINUAÇÃO DO ARTIGO NA REVISTA “TEOLOGIA BRASILEIRA”

 

O Triplo Conhecimento

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“Qual é o seu único consolo, na vida e na morte?”

O meu único consolo é meu fiel Salvador Jesus Cristo […].

“O que você deve saber para viver e morrer neste consolo?”

Primeiro: como são grandes os meus pecados e a minha miséria

Segundo: como sou salvo de meus pecados e de minha miséria

Terceiro: como devo ser grato a Deus por tal salvação.

Muitos “Saberes”

A segunda pergunta do catecismo de Heidelberg é uma pergunta sobre o que se deve saber.

Há no mundo da experiência humana uma variedade de tipos de conhecimento, e não devemos confundi-los. É um erro fundamentalista recorrente a sugestão de que o conhecimento religioso é o único conhecimento certo, desqualificando outras formas de saber, como o senso comum e a ciência. E é um erro grave, também, tentar formatar todos os saberes em termos cientificistas, como muitos já tentaram no século passado e continuam tentando hoje.

Em termos mais simples: eu erro se tento colocar o conhecimento da minha esposa na mesma categoria do conhecimento de objetos físicos ou do conhecimento do teorema de Pitágoras. Considere, por exemplo, um buraco na areia. Se eu lhe disser que há uma antiga e rara moeda de ouro lá dentro (e houver!) você enfiará a mão com entusiasmo. Mas não terá tanto entusiasmo se descobrir que lá há uma cobra muito rara; ou ao menos, não enfiará a mão ali. Porque a natureza do objeto altera o modo de aproximação. (mais…)

O Chão que me Sustenta

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“- Qual é o seu único conforto, na vida e na morte?”

“- O meu único conforto é meu fiel Salvador Jesus Cristo.”

Com estas palavras abre-se o catecismo de Heidelberg, que em janeiro completou 450 anos e é reconhecidamente um dos mais importantes símbolos confessionais do protestantismo. Não apenas seu caráter Cristocêntrico, como também seu profundo sentido espiritual revelam-se ao longo de todo o primeiro artigo:

“- A Ele pertenço, em corpo e alma, na vida e na morte, e não pertenço a mim mesmo. Com seu precioso sangue Ele pagou por todos os meus pecados e me libertou de todo o domínio do diabo. Agora Ele me protege de tal maneira que, sem a vontade do meu Pai do céu, não perderei nem um fio de cabelo. Além disto, tudo coopera para o meu bem. Por isso, pelo Espírito Santo, Ele também me garante a vida eterna e me torna disposto a viver para Ele, daqui em diante, de todo o coração.”

Captura a minha atenção, nesse primeiro artigo do catecismo, a conexão imediata entre a doutrina e a existência. O texto não fala de algo abstrato, puramente teológico, mas de algo dramático, duma questão de vida e morte. O que pode ser tão amplo que abarque a vida e também a morte? E não apenas amplo mas também urgente, já que a vida está o tempo inteiro à beira da morte? (mais…)

Todo mundo é crente. Até quem não é…

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“Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra.

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho nosso Senhor; que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos Céus, está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de vir julgar os vivos e mortos.

Creio no Espírito Santo, na santa Igreja católica (ou universal), na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, e na vida eterna.”

 

O “Credo” Apostólico, que remonta aos primeiros séculos do cristianismo, começa (obviamente) com o verbo “crer”, como observa quase toda introdução que se escreve a ele. É claro que o Credo é antes de tudo uma confissão a respeito da fé, mas nada podemos falar do ato da Confissão sem antes considerar a natureza da crença.

Sob certo ângulo, é verdade que ocupar-se demasiado do “crer” enquanto verbo, ação e posicionamento do homem pode nos tirar completamente do foco, uma vez que o Credo jamais foi a celebração ou anúncio de uma condição subjetiva do indivíduo; pelo contrário, ele está completamente absorvido pelo objeto da crença, exatamente como o estado de crer é um estado voltado para fora, extático, intencional, tanto que enquanto falamos do interior da crença, não temos consciência de sua força ou estrutura, e sim de seu interesse.

E talvez pudéssemos nos mover diretamente para isso que é o nosso interesse comum, não fosse “a crença” em geral e “a crença religiosa”, em particular, uma questão tão controversa no mundo de hoje. E na verdade a natureza do ato de fé é realmente algo confuso na cabeça dos próprios cristãos. De modo que não há como seguir sem tocar no assunto. (mais…)

Alain de Botton e a Evolução do Ateísmo

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Ao contrário do que se costuma dizer, o ateísmo não é meramente uma descrença, uma negação. A descrença sempre esconde uma crença subjacente, um “texto” fora do “parêntesis”. E devemos agradecer a Alain de Botton por entregar de forma honesta a desonestidade do neoateísmo. Seu projeto de construção de um “Templo para Ateus” em Londres (vide link abaixo) expôs o sofrimento interno do secularismo e pegou muita gente de surpresa: (mais…)

O Paradoxo da Ciência “Policial” da Religião

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Já há alguns anos li no informativo da PUC MINAS (Belo Horizonte, edição 277, set 2006) uma reportagem especial sobre ciência e fé, por ocasião da instalação da Pastoral na Universidade. Apesar do fato já ter alguns anos, acho que vale reproduzir meus comentários à época. A reportagem começa com a entrevista a Dom Joaquim Mol, vice reitor, para quem “houve uma incompreensão histórica em se achar que a ciência e a fé respondiam à mesma pergunta […]. (mais…)

Religião: se discute ou não?

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“Pode enriquecer-se através de um ofício que não lhe agrada, pode ser curado de uma doença por remédio nos quais não confia; mas não pode ser salvo mediante religião na qual não confia, ou por um culto que não lhe agrada […] Seja qual for a religião discutida, é certo, porém, que nenhuma religião pode ser útil e verdadeira se não se acredita nela como verdadeira.” (John Locke, em “Carta Acerca da Tolerância”)

É um lugar-comum ouvir pessoas afirmando que religião, como futebol, não é bom assunto para discussão. Mas há quem escape de cair vez por outra nesse “pecado”? (mais…)

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