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Sobre a minha crítica ao Progressismo Evangélico: Perguntas, Balanço Preliminar e Roteiro de Leituras

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“E não vos associeis às obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as; pois é vergonhoso até mesmo mencionar as coisas que eles fazem às escondidas. Mas todas essas coisas, sendo condenadas, manifestam-se pela luz, pois tudo que se manifesta é luz.
Por isso se diz: Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará”. (Efésios 5.11-14)

Queridos leitores,

Agostinho1Desde o final do ano passado introduzi uma série de artigos críticos, lidando com problemas do progressismo evangélico e da teologia de Missão Integral, com graus heterogêneos de densidade teórica e de teor apologético. Esses artigos apresentam, de forma um tanto estocástica, uma crítica teológica, filosófica e também pastoral que venho desenvolvendo há alguns anos, em diálogo com vários amigos.

A crítica, como vários já notaram, não está completa. Não exatamente pela precariedade dos argumentos – considero-os sim, ainda precários, muito embora isso não tenha ajudado nem um pouco meus críticos a refutar qualquer um deles – e espero que, havendo a oportunidade, poderei desenvolver o pleno potencial crítico de cada um. O momento, no entanto, é de problematizar, e não de solucionar a todas as questões.

Enfatizo, inspirado pelo texto de Efésios 5 e ilustrando minhas esperanças com a imagem de Santo Agostinho, que a Igreja Evangélica precisa muitíssimo, agora, de um profundo encontro com a verdade, e que esse encontro com a luz da verdade pode ser também, para ela, um momento de ressurreição. A verdade clama pelo coração da igreja evangélica.

Neste post quero, em primeiro lugar, dispersar umas poucas dúvidas que surgiram na mente de alguns leitores nos últimos dias. Quero também apresentar um roteiro de leituras/áudios para os que tem interesse em compreender com mais clareza as minhas ideias, sejam eles meus críticos ou meus defensores. E finalmente, farei um balanço preliminar da nossa situação e indicarei os rumos a seguir. (mais…)

Ampliando o “Ver” para melhor “Agir”: corrigindo um ponto cego na teologia de missão integral

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Em um artigo recente, bastante incisivo e homilético, apontei e problematizei o fato muitíssimo relevante de que muitos Cristãos evangélicos sentiram-se confusos e incertos sobre a natureza imprópria da assim-chamada “Cruz de Espinal”, e muitos louvaram o artefato como uma expressão adequada do evangelho. Aleguei que vários desses irmãos estão na verdade se afastando do significado verdadeiro da cruz e seguindo por um caminho obscuro.

Embora a questão pareça a muitos mero preciosismo teológico ou, pela dureza da interpelação, um descuido da unidade Cristã, sua natureza é corretamente descrita como “herética”. Herética no sentido clássico da Haerese, a opinião cismática, que rompe a unidade presente. Ao contrário do que pensam muitos, não é o ataque apologético por mim realizado o que causa o cisma; ele, antes, denuncia o cisma, causado por um afastamento de parte (atenção, não todo, mas parte) do progressismo evangélico em relação às bases clássicas do evangelicismo. O cisma está instalado como uma ruptura tectônica, como uma falha geológica, coberta apenas por solo solto e vegetação. Responsabilizo-me por apontar a Haeresis; não  por causá-la. Nem penso que o sentimentalismo seja suficiente para remendá-la. (mais…)

A Regra da Fé

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Em um mundo no qual o mote “viver sem regras” vende filmes, livros de auto ajuda e produtos de alta tecnologia, a ideia de uma “regra de fé” não soa muito bem. Até mesmo em contextos religiosos o discurso sobre uma espiritualidade “sem regras” dá uma sensação de liberdade, de frescor, de algo orgânico e vital.

Mas a vida tem regras; está cheia delas. De leis matemáticas à legislação de trânsito, da biologia humana, que insiste em seguir as mesmas leis sem nenhum interesse especial pelos anseios libertários da cultura hipermoderna à linguagem de programação oculta por trás de uma tela retina de alta tecnologia na qual até uma criança escreve com o dedo. Alguns desses processos são bem mecânicos e intencionais; outros são orgânicos e automáticos; mas as regras estão lá, e não podem ser ignoradas sem que os processos que dela dependem sejam destruídos. E no campo da fé não é diferente. (mais…)

Extra Nos (“fora de nós”)

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Em “Surpreendido pela Alegria”, C.S. Lewis apresenta sua longa jornada em direção à fé no que poderíamos descrever como um trabalho divino de extração – “Fui, como dizem, ‘arrancado de dentro de mim mesmo'”, segundo as suas palavras. As experiências com a “alegria”, que tiravam o seu sossego e o forçavam a olhar para além de si mesmo, seriam nada menos que o insistente chamado divino. Lewis precisou até mesmo de uma conversão intelectual para finalmente olhar para fora de sua alma (mais…)

O Amante, o Amado e o Amor: Deus, segundo o Cristianismo

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No âmago do cristianismo está o conhecimento de Deus. No âmago do cristianismo está o anúncio de que Deus veio até nós, e está conosco. É assim que a igreja primitiva compreendeu a revelação de Jesus Cristo, conforme a antiga profecia de Isaías:

Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel. (Is 7.14)

Emanuel, “Deus conosco”. O Deus Cristão é outro, ou no mínimo mais do que o deus dos filósofos, por dar a si mesmo na revelação. Pois a revelação bíblica não é a revelação de uma determinada quantidade de informações, ou mesmo de informações a respeito de Deus, mas é a revelação de Deus, dele próprio em sua concretude e factualidade, como um supremo Sujeito e um supremo Objeto (não além da relação sujeito-objeto, como o quer Tillich) que se apresenta ao homem e que é um fato final, incontornável, inabsorvível para o pensamento teórico. Inabsorvível para a ciência e a filosofia, mas nem por isso sem significado (como se fosse o fato-bruto-sem-significado dos teólogos Kantianos) mas um fato que é ao mesmo tempo cheio de significado em si mesmo, e que por isso comunica veracidade ao discurso humano; um fato que não é completamente inefável, ainda que não seja completamente dizível.

Como é esse Deus Cristão? Quem é ele? (mais…)

Todo mundo é crente. Até quem não é…

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“Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra.

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho nosso Senhor; que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos Céus, está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de vir julgar os vivos e mortos.

Creio no Espírito Santo, na santa Igreja católica (ou universal), na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, e na vida eterna.”

 

O “Credo” Apostólico, que remonta aos primeiros séculos do cristianismo, começa (obviamente) com o verbo “crer”, como observa quase toda introdução que se escreve a ele. É claro que o Credo é antes de tudo uma confissão a respeito da fé, mas nada podemos falar do ato da Confissão sem antes considerar a natureza da crença.

Sob certo ângulo, é verdade que ocupar-se demasiado do “crer” enquanto verbo, ação e posicionamento do homem pode nos tirar completamente do foco, uma vez que o Credo jamais foi a celebração ou anúncio de uma condição subjetiva do indivíduo; pelo contrário, ele está completamente absorvido pelo objeto da crença, exatamente como o estado de crer é um estado voltado para fora, extático, intencional, tanto que enquanto falamos do interior da crença, não temos consciência de sua força ou estrutura, e sim de seu interesse.

E talvez pudéssemos nos mover diretamente para isso que é o nosso interesse comum, não fosse “a crença” em geral e “a crença religiosa”, em particular, uma questão tão controversa no mundo de hoje. E na verdade a natureza do ato de fé é realmente algo confuso na cabeça dos próprios cristãos. De modo que não há como seguir sem tocar no assunto. (mais…)

Mensagem de Natal para descrentes

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Mensagem de boa vontade aos crentes de outras religiões, aos ateus e aos secularistas em geral:

Por favor, ceda à tentação desta vez. Celebre o Natal também (sem solstícios ou outras piadas, por favor). Não imponha a você mesmo essa penitência negacionista de fim-de-ano…

“Celebrar o quê? O Cristianismo só trouxe opressão para o mundo!”

Sim, o cristianismo não é inocente. Não me esqueci das cruzadas, de Servetus, do genocídio indígena pelos colonizadores “cristãos”, da perseguição dos hereges, das guerras da religião na Europa, da pedofilia dos padres, do Edir Macedo, dos beliscões e tapas da sua mãe carola, etc… (mais…)

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