1.
Seria muito saudável fazer uma lista de todos os verbos que estão no tempo futuro no pequeno trecho em que o profeta Isaías trata dos novos céus e nova terra (Is 65.17-25). Cada um deles dá uma boa notícia. Na nova ordem e no novo tempo, “nunca mais se ouvirão voz de pranto e de tristeza” (v. 19), “nunca mais haverá uma criança que viva poucos dias” (v. 20), os seus habitantes “construirão casas e nelas habitarão, plantarão vinhas e comerão do seu fruto” (v. 21), e assim por diante.
2.
Os verbos usados em Isaías 65.17-25, todos no futuro, são os verbos da esperança. Tratam da bonita e difícil arte da alegria antecipada, baseada em promessas de eventos certos e confiáveis, cujo cumprimento não é para agora, mas para mais à frente. O recado de Deus é: “Alegrem-se e regozijem-se para sempre [desde o presente] no que [no futuro] vou criar” (v. 18). Entre a promessa e o evento pode haver um intervalo de tempo muito pequeno ou muito grande, o que não prejudica a sua realização.
3.
Entre a promessa de uma descendência tão numerosa como o pó da terra, feita a Abraão, e o nascimento do seu primeiro filho, houve um espaço de 25 anos (Gn 12.4; 21.5). Porém, entre a promessa do túmulo vazio e a ressurreição de Jesus, transcorreram menos de três dias inteiros (Mt 16.21). Entre a promessa de derramamento do Espírito Santo sobre os apóstolos (Jo 14.16) e os acontecimentos do dia de Pentecostes (At 2.1-4) houve um intervalo de 50 dias. Já a promessa da segunda vinda de Jesus feita há quase dois mil anos (At 1.11) ainda não se concretizou.
4.
Uma das promessas de Deus a se cumprir no tempo dos novos céus e nova terra diz respeito à prole: “[Os meus eleitos] não gerarão filhos para a infelicidade” (v. 23). Em outras versões se lê que os pais não gerarão filhos para a desgraça, ou para a catástrofe, ou para a hecatombe, ou para morrerem antes do tempo, ainda bebês. Na nova criação, “nunca mais haverá uma criança que viva poucos dias, e um idoso que não complete os seus anos de idade” e “quem morrer aos cem anos ainda será jovem” (v. 20).
5.
A alegria antecipada é aquela que exulta com as circunstâncias futuras e não com as presentes. É aquela que consulta a história e enxerga nela uma sucessão contínua de fatos que estão a caminho da plenitude da salvação, desde a obscura promessa de que o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3.15), até à chegada do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29) e também até aquele dia do louvor universal, quando todo joelho se dobrará ao nome de Jesus (Fp 2.10).
6.
Os cristãos não devem abandonar o semblante triste apenas em alguns momentos especiais de alegria natural. A contemplação do Jesus feito carne, do Jesus crucificado como oferta pelo pecado, do Jesus ressuscitado, do Jesus que está colocando sob seus pés todo domínio, autoridade, poder das pessoas e forças que se opõem a ele (1Co 15.24-25) e do Jesus que há de vir pela segunda vez cheio de poder e muita glória (Mt 24.30), precisa gerar contínua alegria. Daí a exortação paulina: “Alegrem-se na esperança” (Rm 12.12)!
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