O inverno chegou na Ultimato trazendo mudanças no clima e novidades no jardim. O aparecimento de um ilustre visitante mudou a rotina e quebrou a monotonia do café da manhã. Nossa atenção voltou-se para o humilde comedouro para passarinhos do jardim, que agora estava sendo visitado por um tiê-sangue, ave cujo peito é de um vermelho muito vivo, como indica o nome, e asas pretas como carvão. O que o atraía aos nossos jardins? Talvez o mamão que amadurecia no único pé plantado no jardim, o qual “Manel” – Emmanuel, nosso diretor financeiro – havia recomendado que não fosse comido por nós, mas deixado para eles, os passarinhos. Conhecedor de pássaros, Manel parecia saber que algo novo poderia acontecer. Mas nós desobedecemos e comemos, tal e qual Eva no paraíso. 

Um dia, durante o café da manhã, ele nos presenteou com uma breve aparição. Desconfiado, surgiu do meio dos papiros e arrancou de nós, seus espectadores, um coro: “Oooooh! Que lindo!!!”. Quase sempre acompanhado de sua companheira, que é bem mais discreta na plumagem, pareceu se incomodar com a nossa curiosidade e não fazer nenhuma questão de nossa admiração, procurando sempre fugir das nossas tentativas de fotografá-lo. Quem sabe esconde um ninho nos galhos da aroeira, ou talvez no conforto e segurança do escondido do brejo que corta o fundo de nosso terreno, onde as saracuras também fazem seus ninhos?

O pequeno passarinho trouxe consigo um breve intervalo na correria do dia a dia. Junto com ele apareceram outros, verdes, azuis, como que para nos lembrar que sempre haverá algo para nos deslumbrar quando acharmos que a vida anda sem graça e sem cor.

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Lucinea de Campos é recepcionista na Editora Ultimato.

 

Leia mais: 
» À espera do tiê. Experiência de jardim

  1. OI,lucinéia fico feliz desta matéria que até nos emociona,peloa fato de apenas um passáro nos dias de hoje despertar nossa atenção,tenho em casa arvores frutíferas como bananeiras e as vezes deixo um caixo inteiro para os morcegos ervíboros( comem só frutas ) e as gambais a noite e de dia os pássaros sãos as primícias para a natureza que está tão desprovida destes ssabores e nossos pássaros cada dia excassos.
    PR. João Carlos Ferreira Caldas

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