Viçosa é uma cidade relativamente pequena. Sua população é de pouco mais de 70 mil habitantes, aos que se somam 20 mil estudantes universitários residentes nos períodos escolares. Até o mês passado, a principal regra de trânsito era a de que os pedestres sempre tem preferência, e o respeito por tal “tradição viçosense” era conhecida mesmo entre visitantes. Isso porque não havia semáforos. Mas isso é passado.

Durante o mês de julho, foram instalados inúmeros sistemas de controle de tráfego no centro da cidade, o que tem gerado estranhamento e confusão entre os motoristas – que comandam 13.157 automóveis, 589 caminhões, 17 tratores, 560 caminhonetes, 122 micro-ônibus e 9.366 motocicletas, segundo dados do IBGE.

Na Editora Ultimato, surgiram comentários a respeito da mudança já no primeiro café da manhã após a “inauguração” do sistema. Muitos estavam descontentes, alguns não concordavam com a localização dos postes e outros nem viam a sua necessidade. Romilda Rezende, uma de nossas atendentes de telemarketing, é motociclista e, apesar de engrossar o time daqueles que ainda não estão satisfeitos, solidarizou-se com os “pobres” semáforos. Veja a seguir uma crônica de sua autoria:

Acabamos de chegar em Viçosa, poucos nos conheciam. Já chegamos fazendo uma grande confusão. Nunca vi pessoas tão apressadas e irritadas. Quase nos espancam! Ainda bem que sou o mais alto de todos.

Meu amigo verdinho se deu bem: o povo fica feliz ao vê-lo… Dizem que verde é esperança; e nessa eu me dei mau. Os olhares para mim são de ódio, desespero.

Coitadinho dos motoboys: estão andando mais de vinte quilômetros a mais para fugir de mim, andando pelos cantos da cidade. Já não me suportam mais! Antes, andavam pelo centro da cidade, sem tolerar os velhinhos, as mulheres no volante. Hoje estão abandonados pelos cantos de Viçosa, e é tudo minha culpa. Mas com o tempo hão de se acostumar comigo e creio que ainda vamos fazer um grande sucesso.

Certo?

Atenciosamente,

Sra. Luz Vermelha do Semáforo.

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